segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

As mais lindas canções que ouvi (16)


Segura na mão de Deus

Nelson Monteiro da Mota

Se as águas do mar da vida quiserem te afogar,
Segura na mão de Deus e vai...
Se as tristezas desta vida quiserem te sufocar,
Segura na mão de Deus e vai.

Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus,
pois ela... ela te sustentará.
Não temas, segue adiante e não olhes para trás,
Segura na mão de Deus e vai.

Se a jornada é pesada e te cansas da caminhada,
Segura na mão de Deus e vai...
Orando, jejuando, confiando e confessando,
Segura na mão de Deus e vai.

Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus,
pois ela... ela te sustentará.
Não temas, segue adiante e não olhes para trás,
Segura na mão de Deus e vai.

O Espírito do Senhor sempre te revestirá,
Segura na mão de Deus e vai...
Jesus Cristo prometeu que jamais te deixará,
Segura na mão de Deus e vai...


Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus,
pois ela... ela te sustentará.
Não temas, segue adiante e não olhes para trás,
Segura na mão de Deus e vai.


 
Com o título de “Amazing Grace", a letra da canção acima foi escrita pelo inglês John Newton e impressa pela primeira vez no Newton's Olney Hymns, em 1779. No Brasil, a versão em português é atribuída a Nelson Monteiro da Mota.
Clicando neste link - https://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=4KDHQZxocmE&NR=1 – você ouvirá a canção na interpretação do padre Marcelo Rossi e grande coro formado por fiéis católicos.


domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!


Constitui uma praxe no final de cada ano desejar aos amigos e familiares que tenham no ano que se aproxima um longo período de paz e de prosperidade. A propósito do assunto, até uma simpática canção foi concebida e é cantada por muita gente, pelo menos aqui no Brasil:
Adeus, ano velho, feliz ano novo.
Que tudo se realize no ano que vai nascer...
Muito dinheiro no bolso,
saúde pra dar e vender!
Não fugindo a essa regra, também formulamos aqui para nossos leitores e amigos votos de que 2013 seja realmente, para todos, bem melhor do que foi o ano que agora se finda e, sobretudo, repleto de paz e prosperidade.
Cabe-nos, contudo, aditar uma explicação com respeito ao vocábulo prosperidade, que não é utilizado aqui no seu sentido usual, mas no sentido verdadeiro pelo qual esse vocábulo deve ser entendido, em face do que aprendemos na doutrina espírita. Prosperidade é algo que advém da consecução do programa que trazemos para a presente existência.
Como muito sabem, nem sempre realizamos no plano terrestre o que foi programado antes de nosso mergulho na carne. É por isso que, conforme observou Herculano Pires, muitas existências na Terra compõem o que ele chamou de círculo vicioso da reencarnação.
Diz-nos o saudoso professor paulista que o desenvolvimento do ser humano não é contínuo, mas descontínuo. Em cada experiência reencarnatória o indivíduo desenvolve certas potencialidades, mas a lei de inércia pode retê-lo em uma posição determinada pelos limites da própria cultura em que se desenvolveu. Com a morte do corpo físico, ele volta ao mundo espiritual, suas percepções se ampliam e, aos poucos, compreende que sua perfectibilidade não tem limites. Ao voltar a uma nova existência, pode reencetar com mais eficiência o desenvolvimento de sua perfectibilidade. Mas, se não receber nessa fase reencarnatória os estímulos adequados, poderá novamente sentir-se preso à condição da existência anterior e estacionar numa repetição de estágio. É a isso, a essa repetição, que Herculano deu o nome de círculo vicioso da reencarnação.
A teoria foi exposta em seu livro Pedagogia Espírita, mas tem sido comprovada por vários autores, como André Luiz demonstrou no livro Sexo e Destino, obra psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira, publicada no ano de 1963.
Conforme relatado por André Luiz, em 82 anos de existência do instituto “Almas Irmãs”, um educandário existente no Plano Espiritual, de cada 100 alunos desencarnados necessitados de reeducação sexual que procuraram aplicar na existência corpórea os ensinamentos colhidos no Instituto, 34 fracassaram, retornando à vida espiritual onerados com novas dívidas, 26 melhoraram ligeiramente, embora imperfeitamente, 22 registraram alguma melhora e 18, somente dezoito, venceram nos compromissos da reencarnação.
Os desafios da existência corpórea não são, como é fácil observar, algo que se vence facilmente. Para obter vitória nessa luta, é preciso dedicação, oração, vigilância e uma busca permanente da meta a ser alcançada, que é a perfeição, um objetivo possível e, segundo Jesus, factível.
A prosperidade que auguramos aos nossos amigos não é, portanto, o ganho pecuniário, a simples melhoria das condições de vida, mas a vitória real do indivíduo nessa busca incessante que deve ser a razão principal de nossa vida.


sábado, 29 de dezembro de 2012

Pérolas literárias (16)


O tempo

Amaral Ornellas

O tempo é o campo eterno em que a vida enxameia
Sabedoria e amor na estrada meritória.
Nele o bem cedo atinge a colheita da glória
E o mal desce ao paul de lama, cinza e areia.

Esquece a mágoa hostil que te oprime e alanceia.
Toda amargura é sombra enfermiça e ilusória...
Trabalha, espera e crê... O serviço é vitória
E cada coração recolhe o que semeia.

Dor e luta na Terra — a Celeste Oficina —
São portas aurorais para a Mansão Divina,
Purifica-te e cresce, amando por vencê-las...

Serve sem perguntar por “onde”, “como” e “quando”,
E, nos braços do Tempo, ascenderás cantando
Aos Píncaros da Luz, no País das Estrelas!


Soneto psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, extraído do livro Parnaso de Além-Túmulo.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quando o arrependimento é importante?


Teresa pergunta: Qual é para os espíritas o valor do arrependimento e em que momento ele precisa ocorrer para ter validade?
O arrependimento é fundamental para a renovação do ser humano que se tenha desviado do caminho do bem. Não existe um momento para que ele tenha maior ou menor validade. Assim, tanto faz que o indivíduo se arrependa dos erros cometidos enquanto está encarnado ou depois de sua desencarnação.
Sabemos, com base em relatos feitos pelos próprios Espíritos, que a desencarnação é muitas vezes o aguilhão que leva a pessoa a arrepender-se, o que não é difícil de compreender.
Imaginemos uma pessoa que se enriqueceu à custa do erário, que falsificou, que fraudou, que enganou... Quando retorna ao plano espiritual, onde a riqueza e a posição social não têm valor nenhum, é comum que essa pessoa sinta remorsos e esses remorsos poderão levá-la a arrepender-se sinceramente dos erros cometidos.
O Espiritismo ensina, no entanto, que o arrependimento – embora importantíssimo – não basta por si mesmo. É preciso acrescentar a ele a expiação e a reparação, o que leva muitos Espíritos a pedirem a oportunidade de passar pelos mesmos sofrimentos que causaram a outrem (expiação), além da necessária reparação com que devolvem às suas vítimas aquilo que porventura lhes hajam tomado.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, pois, os elementos essenciais à renovação integral da criatura humana, rumo à meta que Deus assinalou para nós, que é a perfeição, meta essa que o próprio Jesus sugeriu ser uma possibilidade real quando nos conclamou: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. (Mateus, 5:48.)


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pílulas gramaticais (31)


O verbo “participar”, quando tem o sentido de informar, anunciar, comunicar, pede objeto direto.
Exemplos:
A empresa participou a decisão aos funcionários.
Ele participou seu novo endereço a todos os familiares.
Participamos o nascimento de nosso neto.
O presidente participou, em breves palavras, sua renúncia.
Quando, porém, tem o sentido de ter ou tomar parte, o verbo “participar” deve ser seguido da preposição “de” ou partícula de idêntica natureza:
O candidato participou de todos debates (e não “em todos os debates”)
Participamos todos do filme.
Ele não quis participar de ato religioso.
O vereador não participou da maracutaia denunciada pela imprensa.
Participo há muito da equipe deste jornal.
Grande público participou do seminário realizado ontem.

*

Uma atenção especial requer o uso da palavra “sequer”, que só cabe em orações negativas, como estas:
Maria não disse sequer o que queria.
Ele não apresentou sequer um projeto.
O pai entrou e não disse sequer uma palavra.
Vê-se pelos exemplos que é necessária a presença no texto da partícula “não” ou termo equivalente.
Evitemos, assim, usar o vocábulo em orações do tipo seguinte:
O chefe sequer disse o que pretendia.
O deputado sequer apresentou uma proposta.
O pai entrou e sequer disse uma palavra.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Paciência para o aprendizado


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Tudo se é conquistado; não há outro meio senão com paciência. Aprender e aprimorar são ações imprescindíveis para a maturidade na vida.
E num dos encontros para a aula de espanhol, aplicada a alunos deficientes visuais, uma atividade exigiu mais atenção e empenho. Como isso não é feito rápido de se alcançar, uma das alunas, impaciente, resmungou:
– Não consigo aprender – e fechou, com descaso, a apostila com letras ampliadas.
Observei aquele ato e, tranquilamente, me aproximei e perguntei com discrição:
– O que acontece?
– Não consigo aprender e nem acompanhar o que é lido – falou já emburrada e um pouco brava, com os braços cruzados.
– Mas para todo aprendizado, a paciência se faz necessária. Como é algo novo, a dedicação e a disciplina também são fiéis amigas para o seu objetivo – com calma e ternura, proferi estas palavras; era só uma garotinha impaciente com a vida.
Ela consentiu com a cabeça, retomou a atividade e, um pouquinho mais compreensiva, abriu a apostila e acompanhou a lição.
Com uma “pequeña” dedicação já ocorreu um grande avanço e o semblante da aluna, naturalmente, se suavizou. Nosso sentimento, muitas vezes, é percebido pela expressão facial.
A aluninha participou, com sua possibilidade, até o barulhento sinal anunciar o término da aula.
– Ah, não! Já terminou? – agora insatisfeita com o tempo, a aluna resmungou.
– Sim, a aula terminou. Viram só!... O tempo passa rápido e há necessidade de aproveitá-lo para se aprender o que ainda não se sabe – procurei incentivá-los.
– Adorei a aula – ela completou.
– Que bom! Fico feliz. Não se esqueçam de terminar a atividade nem de fazer a tarefa – dirigi-me a todos.
Desejei-lhes ótima semana e nos veríamos em sete dias. Os alunos saíram e foram para seus destinos.
Quando estava guardando o material, senti o sopro da vida, aquele momento que muito nos emociona: dispensar, pacientemente, para cada querido aluno, um feixe bem humilde de aprendizado, como muitos professores já dispensaram para mim; na verdade, sou eu que ganho por compartilhar com seres tão especiais.
Isso faz com que sintamos no coração a real proposta de viver. A vida é hoje, e o próximo, nossa extensão. Ser paciente com a vida é compreender a sua essência.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

"Estou mais leve que você"


ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG

Era final de ano. No salão, espalhadas pelo chão, sacolas, em profusão, com roupas, algum alimento, brinquedos, guloseimas, que iríamos distribuir a famílias carentes  cadastradas durante o ano. O chão estava todo tomado. Apenas uma estreita passagem  permitia-nos caminhar da porta de entrada do Centro até a mesa diretora, onde iríamos  realizar aquela que seria a última reunião mediúnica do ano.
Parece brincadeira, mas um dos maiores problemas que enfrentávamos, todos os anos, na organização do nosso Natal, era conseguir sacolas para acondicionar os presentes. Tinham que ser amplas e fortes para suportar o peso dos presentes e não se romper na caminhada que os portadores teriam que fazer do Centro até suas casas, muitas vezes bem distantes.
Aí encontrei um amigo, dono de uma fábrica de sacolas, que havia fechado o estabelecimento, mas dispunha em estoque de apreciável quantidade de sacolas que não chegaram a ser comercializadas. Ele nos deu todo o estoque. Ficamos livres daquele problema por bem uns cinco anos!
Iniciamos a reunião. Imediatamente, uma de nossas médiuns, que não conhecia nem o personagem nem o fato, informou: - Arthur, está aqui, lá no fundo do salão, o moço que lhe deu as sacolas que estão espalhadas pelo chão. Ele não sabe que morreu. Está bem, mas surpreso por não compreender de que maneira veio parar aqui, em Guarani.  Seu pai está com ele.
De fato, meu amigo José Pacheco, industrial muito conceituado na cidade de Cataguases, havia falecido poucos meses após me dar as sacolas. Acidente de carro, em que faleceu, também, um sobrinho dele. E o interessante é que ele não comparecia ali como um acidentado não. Estava normal, sem ferimentos, sem qualquer sinal de que houvesse falecido em desastre,
Convidei-o a aproximar-se de nós, tratando-o como uma pessoa normal. Meu pai (espírito) localizou-o junto a Marisa, através de quem ele começou a conversar com o grupo. Falei-lhe das sacolas; agradeci-lhe novamente. Ele minimizou a doação, lembrando que ele as dera vazias. Dizia que nós é que tínhamos o mérito das doações por termos colocado dentro delas tantas coisas úteis às pessoas que as iriam receber.
Eis senão quando ele nos diz uma coisa interessante, abordada por Kardec.
– Que estranho, Arthur, sinto que você está bem mais pesado do que eu, e eu muito mais pesado que seu pai. Como entender isso, rapaz? – perguntou ao final.
Foi o suficiente para abordarmos da maneira mais suave possível o fenômeno que ocorrera com ele. Serenamente, ele absorveu o esclarecimento, reviu o acidente, lamentou a partida do sobrinho, agradeceu muito ao grupo, e se deixou levar pelos companheiros espirituais que o haviam trazido ali.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A Menina Noel


MARCELA CARVALHO
marcela.oc94@gmail.com
De Curitiba-PR

Era dia de festa.
Todos do bairro estavam à espera da noite de 24 de dezembro. A cidade estava linda, toda decorada com luzes e enfeites natalinos. Os preparativos para o jantar de natal estavam em andamento. Era um dia muito quente, 36 graus, e enquanto muitas crianças se divertiam nas piscinas de suas casas, algumas pediam nas ruas um copo d'água para saciar a sede. Muitas roíam as unhas pela ansiedade de ver o bom velhinho. Outras estavam angustiadas para impedir que a garganta secasse.
A família que necessitava de água era grande, uma mãe grávida, dois meninos com idade próxima de doze anos, uma garota de quinze e uma caçula de cinco. Em uma época que as crianças estavam em férias de verão, para essas era um dia de longo trabalho. Precisavam carregar quilos de papelão para pelo menos garantir a água do dia, e o que tinham era insuficiente.
Os meninos, a cada passo que davam, reclamavam da situação; a menina mais velha, a cada papel que catava, resmungava pelo cansaço; a mãe, por ver a condição de seus filhos, ficava mais preocupada com o próximo que nasceria, mas a pequena garotinha estava alegre. Afinal, era Natal e em breve veria o Papai Noel. O sorriso da menininha era reluzente e roubava olhares de quem passava pela família na rua.
Cada cidadão se impressionava com a maneira com que a pequena motivava a família a trabalhar feliz, mesmo sob aquelas condições. Ela cantava uma versão dela mesma: "Jingle Bel Jingle bel, precisamos de papel. Se não tem, não faz mal, pode ser jornal..." e também, dotada de meiguice, pedia às pessoas uma garrafa de água.
Como muitos do bairro tiveram apreço pela caçula, juntaram-se aos que se comoveram com a família e, além de conseguirem litros de água, compraram cestas básicas e presentes para as crianças, a fim de que tivessem um grandioso Natal repleto de alegria. E assim aconteceu.
A pequena, que só tinha vontade de ver o bom velhinho e satisfazer seus desejos, um deles era ver a família feliz, fez nascer muitos sorrisos no rosto de seus irmãos e de sua mãe, e tornou-se nesta noite de Natal a Menina Noel de 2012.


Marcela Carvalho está cursando o 3º período de Jornalismo na PUC-Paraná.


As mais lindas canções que ouvi (15)


Paz Pela Paz

Nando Cordel

A paz no mundo começa em mim, se eu tenho amor
Com certeza sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz,
Ninguém suporta mais o desamor
Paz pela paz – pelas  crianças
Paz pela paz – pelas florestas
Paz pela paz – pela coragem de mudar
Paz pela paz – pela justiça
Paz pela paz – a liberdade
Paz pela paz – pela beleza de te amar.

A paz no mundo começa em mim, se eu tenho amor
Com certeza  sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz,
Ninguém suporta mais o desamor
Paz pela paz – pelas  crianças
Paz pela paz – pelas florestas
Paz pela paz – pela coragem de mudar
Paz pela paz – pela justiça
Paz pela paz – a liberdade
Paz pela paz – pela beleza de te amar

Paz pela paz – pro mundo novo
Paz pela paz – a esperança
Paz pela paz – pela coragem de mudar
Paz pela paz – pela justiça
Paz pela paz – a liberdade
Paz pela paz – pela beleza de te amar
Paz pela paz...


Clicando neste link - http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DKQlnRBq634  -  você ouvirá esta linda canção, que é lembrada aqui de propósito, para servir aos que nos leem como um presente especial, na véspera de mais um Natal.


domingo, 23 de dezembro de 2012

Natal, um raro momento de paz em nossa vida


O Natal de Jesus representa tanto para a Humanidade que neste domingo que o antecede é sobre ele que desejamos falar.
Quando um filho nasce, os pais ficam evidentemente felizes. O lar se enfeita para a chegada do bebê e os avós vivem uma preocupação diária durante todos os meses que precedem esse momento tão esperado.
É que a vida significa muito para todos nós. A reentrada do Espírito neste cenário que tantas belezas nos oferece constitui a abertura de novas oportunidades de trabalho, de refazimento, de ressarcimento e de progresso.
Sua partida significa o reverso. A morte traz tristeza, saudade e agonia. Em sua passagem fulminante, deixa um rastro de dor e um vazio dificilmente preenchível por qualquer outra coisa. Se uma mãe tem dez filhos e perde um deles, ela sentirá a ausência do que partiu, ainda que persista a seu lado uma prole numerosa, porque os filhos são uma espécie de parte do nosso ser em quem sonhamos perpetuar o nosso nome.
O Natal é o advento de uma pessoa especialmente importante para a Humanidade, visto que Jesus, independentemente de sua imensa superioridade, que o eleva acima de todos os seus irmãos, é o amigo, o companheiro, o anjo invisível que conforta a todos e alimenta com sua presença nossa fome de paz e de equilíbrio.
A aproximação do Natal exerce, por isso mesmo, uma magia encantadora sobre todos os lares, porquanto constitui um raro momento de paz e o estímulo a que se dê a modificação necessária que Jesus espera de toda a Humanidade.
Na Terra – ninguém ignora – há guerras, conflitos, famintos em toda a parte. Mas, enquanto existir a mensagem do Cristo, enfeixada no seu Evangelho de luz, haverá esperança para o mundo em que vivemos, onde o homem há de alcançar, um dia, o destino brilhante que Deus lhe assinalou.
Foi Jesus mesmo quem declarou: “Tudo o que faço podereis fazer também, e muito mais”. E foi ainda Ele quem prometeu: “Das ovelhas que meu Pai me confiou nenhuma se perderá”.
O Natal é, pois, um desses escassos momentos de claridade no planeta em que vivemos, onde predominam as provas e as expiações com todo o seu cortejo de vicissitudes.
Que essa claridade introduza em nossos lares e em nossa vida um clima diferente que possibilite nossa reforma interior, para que haja um infeliz a menos no mundo e possamos todos nós eliminar o “homem velho” que ainda somos, tendo Jesus por modelo, certos de que, conforme Dr. Bezerra de Menezes asseverou certa vez, “fora do Cristo não há solução”.


sábado, 22 de dezembro de 2012

Pérolas literárias (15)


Natal

Irene S. Pinto

Grande bolo à mesa
A árvore linda em festa
O brilho da noite empresta
Regozijo ao coração...

É como se a Natureza
Trouxesse Belém de novo
Para os júbilos do povo
Em doce fulguração.

Tudo é bênção que se enflora,
De envolta na melodia
Da luminosa alegria
Que te beija e segue além...

Mas se reparas, lá fora,
O quadro que tumultua,
Verás quem passa na rua
Sem ânimo e sem ninguém.

Contemplarás pequeninos
De faces agoniadas,
Pobres mães desesperadas,
Doentes em chaga e dor...

E, ajudando aos peregrinos
Da esperança quase morta,
Talvez enxergues à porta
O Mestre pedindo amor.

É sim!... É Jesus que volta
Entre os pedestres sem nome,
Dando pão a quem tem fome,
Luz às trevas, roupa aos nus!

Anjo dos Céus sem escolta,
Embora a expressão serena,
Tem nas mãos com que te acena
Os tristes sinais da cruz.

Natal! Reparte o carinho
Que te envolve a noite santa
Veste, alimenta e levanta
O companheiro a chorar.

E, na glória do caminho
Dos teus gestos redentores,
Recorda por onde fores
Que o Cristo nasceu sem lar.


Do livro Antologia Mediúnica do Natal, autoria de Espíritos diversos, por intermédio de Francisco Cândido Xavier.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O ponto central dos ensinamentos de Jesus


A quatro dias do Natal, a festa mais importante da cristandade, apresentamos hoje uma interessante questão pertinente a Jesus, proposta por nossa amiga Roselaine. Indaga ela: “Qual é, segundo o Espiritismo, o ponto central dos ensinamentos de Jesus?”
Conforme as anotações de João (cap. 18:33-37), Pilatos perguntou a Jesus: “És o rei dos judeus?”. O Mestre respondeu-lhe: “Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui”.
Disse-lhe então Pilatos: “És, pois, rei?”. Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a minha voz”.
Por essas palavras, lembra-nos Kardec, Jesus claramente se referiu à vida futura, que ele apresentou, em todas as circunstâncias, como a meta a que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra.
Todas as suas máximas se reportam a esse grande princípio.
Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não creem na vida futura, imaginando que ele apenas falava da vida presente, não os compreendem, ou os consideram pueris.
Esse ensinamento pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, porque só ele justifica as anomalias da vida terrena e a mostra de acordo com a justiça de Deus, o que o Espiritismo veio aclarar, ao comprovar que a vida futura deixou de ser simples artigo de fé, mera hipótese, para tornar-se uma realidade material, que os fatos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal maneira que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse respeito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto.
De fato, ter uma noção clara de que a vida prossegue noutros planos ajuda-nos a compreender a transitoriedade de nossa passagem por aqui e a desapegar-nos das coisas puramente materiais, cuja utilidade cessa obviamente com nossa transferência deste para o outro plano de vida.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Pílulas gramaticais (30)


Eis exemplos de frases em que existe pelo menos um erro:

1.   Se não seguro no galho, caía da árvore.
2.   O jogador foi expulso porque revidou o pontapé.
3.   O rapaz passou o veículo em lombada.
4.   Quanto é três mais quatro?
5.   O arroz pegou no fundo da panela.
6.   Ninguém, na Fórmula 1, se ombreará ao Ayrton Senna.
7.   Com as chuvas registrou-se perca quase total da safra.
8.   União Europeia desaprovou a invasão à Coreia do Norte.
9.   Raivoso, o cão investiu em nós.

Agora, as mesmas frases depois de corrigidas:

1.   Se não me seguro ao galho, caía da árvore.
2.   O jogador foi expulso porque revidou ao pontapé. 
3.   O rapaz ultrapassou o veículo em lombada.
4.   Quantos são três mais quatro?
5.   O arroz pegou-se ao fundo da panela.
6.   Ninguém, na Fórmula 1, ombreará com Ayrton Senna.
7.   Com as chuvas registrou-se perda quase total da safra.
8.   União Europeia desaprovou a invasão da Coreia do Norte.
9.   Raivoso, o cão investiu sobre nós.

*

Disenteria (do grego dysentería) escreve-se assim mesmo; não é desinteria.
O prefixo “dis”, que nos veio do idioma grego, significa mau funcionamento, dificuldade, e está presente também nas palavras disfasia, disestesia, dislexia, dispneia e disritmia.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

As simples coisas da vida


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

É assim: quase não valorizamos as mais simples coisas da vida.
Numa conversa entre dois bons amigos já de mais idade, no entanto, ainda se sentindo “guris”, o mais alto, Nicola, comentou com o menor, Heitor:
– A vida é simplesmente encantadora.
– Desde que se lhe dê o verdadeiro valor – completou com objetividade o “guri” Heitor. – É sua vez, jogue! – ainda falou com bem pouca paciência, como era do seu jeito.
– Eu sei... já estou indo. Viu... ganhei mais uma pedra. – Nicola falou meio que gargalhando. Era mais bonachão.
– Ah... muito obrigado! – Heitor, ainda mais ranzinza, agradece.
Depois de uns segundinhos silenciosos...
– Como é bom o cheiro de café coado de manhãzinha ou pela tarde... – Nicola falou suspirando.
– Olhar para o entardecer e se encantar com o rosa e o alaranjado misturados no céu... – Heitor, agora com tom mais suave, falou.
– E nesse céu, no mesmo horário, apreciar o retorno das andorinhas... e ainda confirmar que uma andorinha só não faz verão. É sua vez de jogar – orientou o amigo.
– Quantos anos já viemos aqui... nesta mesma mesinha de dama, no mesmo parque, sempre nós dois... grande amizade – rememorou Heitor. – Joga logo! – falou com tom ranzinza de novo.
– Está bem... sim, quantas vezes. Quantos encontros... conversas, risadas e outras até às lágrimas.
E continuaram, cada um citava alguma simplicidade maravilhosa:
– O cheiro do início da chuva... o perfume do bolo assando...
– Uma tigela de pipocas para assistir a um filme...
– A leitura da última frase de um livro...
– Ouvir, de surpresa, a música preferida...
– Receber o telefonema de quem tanto se ama...
– Abraçar aqueles dos quais não podemos ficar longe...
– Ver uma borboleta, de pertinho, assentar-se com delicadeza...
– Colocar água com açúcar no bebedouro só para ver, ampliado, um beija-flor, com toda sua beleza...
– Deixar por último a cobertura do bolo...
– Rir das fotos antigas... roupas “old fashion”, cabelos totalmente engraçados...
– Dormir com o barulhinho da chuva...
– Poder dormir um pouco mais no sábado de manhã...
– Receber o certificado da conclusão de um curso...
– Tomar sorvete no domingo à tarde...
– Ver uma plantinha florescer...
– Aprender um conteúdo novo...
– Comer um “éclair” bem recheado...
– Chegar ao lar e avistar, mais uma vez, os nossos caros companheiros...
– E também o cachorrinho, nosso fiel amigo...
– Andar descalço na grama... ai, quanta energia...
– Abraçar quem se quer bem...
– Tomar um “cappuccino” num dia de inverno ou também num de verão...
– Olhar para cima e apreciar a dimensão do céu...
– Sorrir só por presenciar um sorriso de criança...
– Quantas coisas maravilhosas! – falou, com felicidade, Heitor.
– Há sempre que celebrar este presente: a vida – concluiu Nicola.
Os últimos raios de sol eram vistos entre as árvores. Os apreciadores da vida recolheram as peças do jogo e continuaram valorizando todos os detalhes de cada experiência, pois já haviam compreendido que as coisas mais simples é que dão a graça de viver.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Amor além da morte


ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani-MG

José Eduardo tivera uma complicação no dentista. Problema de anestesia e hipertensão arterial. Coisa difícil de acontecer, em nossos dias. Mas aconteceu. Entrou em coma. Quarenta dias depois, sem conseguir sair do estado de coma, morre, no Rio de Janeiro, onde residia, consternando profundamente todos os membros da família Baesso, de que sou um dos agregados, e dos inúmeros amigos daquela simpática família.
José Eduardo era um jovem extremamente talentoso. Professor de história, eloquente, vibrante, espirituoso, ficávamos horas, boquiabertos, ouvindo-o falar da Grécia, dos egípcios, dos judeus, de tudo! Não era um simples professor; era um intérprete, um analista profundo da História, que entrava pelos meandros dela e da vida, como quem brinca com as palavras e os fatos!
Não se perde um companheiro desses, sem um enorme sentimento de frustração e de dor. Todos nós, da família Baesso e das circunvizinhanças, nos sentimos muito empobrecidos, quando o amigo se foi.
Tempos depois, estamos orando por ele em nosso grupo de trabalho. Na sessão um punhado de médiuns de primeira linha. (Costumo dizer que, para mim, médium de primeira linha é aquele que é médium vinte e quatro horas por dia. Que está sempre pronto para a tarefa; vive concentrado nela, já traz o ambiente preparado no próprio coração. Não tem tempo ruim pra ele, nem hora. Toda hora é hora. De orar, de vibrar, de servir.)
José Eduardo, Espírito, chegou. Bela comunicação, falando de pessoas que o ajudaram na hora do despertar; da sua surpresa diante da vida nova que se desdobrava aos seus olhos; do bem que representaram, para o seu despertamento espiritual, os quarenta dias em que esteve de coma; de muita coisa mais! Emocionou-se ao recordar a companheira querida, Ana Maria, com quem estivera casado até então, e com quem gostaria de conversar um pouco. Incontinenti, o médium João Lage entra em desdobramento e parte para o Rio de Janeiro, trazendo, poucos segundos depois, também desdobrada, Ana Maria que, incorporada em um dos médiuns da casa, pôde conversar com o companheiro desencarnado.
Foi um dos momentos mais emocionantes que o nosso grupo viveu naquela saudosa jornada de Guarani.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As mais lindas canções que ouvi (14)


Se eu quiser falar com Deus

Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus.
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração.
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar.


Clicando neste link -  https://www.youtube.com/watch?v=3eKnerBU4HY - você ouvirá a canção acima na interpretação do próprio autor, Gilberto Gil.




domingo, 16 de dezembro de 2012

O maior legado de Chico Xavier


Avalia-se a importância de Chico Xavier principalmente pelo julgamento que fazem dele os que não são espíritas: “Um homem bom”. Mas bom, quando se refere a um homem, tem uma magnitude especial e imensa. Jesus, por exemplo, dizia que só Deus é bom. 
Muito além de sua atuação na área da mediunidade, esta é, talvez, a maior contribuição trazida até nós por Chico Xavier: haver mostrado que é possível ser cristão nestes tempos tão conturbados, em que o materialismo tem ganhado força, sobretudo nos países que a política mundana convencionou chamar de Primeiro Mundo.
A humildade de Chico Xavier, que o filme de Daniel Filho pôde mostrar a todos nós, era algo realmente cativante.
A humildade é, como sabemos, a virtude mais importante para nós e para os médiuns, porque é ela, na concepção espírita, a mãe de todas as virtudes. Ocorre que em Chico Xavier a essa humildade se aliaram a disciplina e uma disposição impressionante para o trabalho no bem.
Essas três virtudes – humildade, disciplina e trabalho no bem – constituem os principais requisitos a serem observados por quem queira dedicar-se à mediunidade e, por meio dela, subir alguns degraus no caminho da evolução.
A humildade permite que o médium se ofereça ao comunicante como instrumento passivo e se apresente, para os que sofrem, como socorro e porta de esperança.
A disciplina garante ao medianeiro o equilíbrio e a produtividade. Sem ela, Chico Xavier jamais poderia ter produzido a obra que nos legou, constituída por mais de 400 livros e milhares de mensagens que trouxeram paz e luz a muita gente. 
E, por fim, o trabalho no bem observa um princípio espírita hoje consagrado, ao qual Cairbar Schutel já se havia referido quando Chico era ainda criança, ou seja, que as faculdades mediúnicas se desenvolvem no trabalho da caridade, porque é agindo na caridade que se adquirem as qualidades que atraem a assistência dos bons Espíritos.
“Um homem chamado amor”, eis um título que tem sido usado com frequência em nosso país na referência ao saudoso médium, título mais do que adequado porque Chico Xavier era, efetivamente, a personificação do amor corporificado em um ser humano. 
O saudoso médium, como ninguém ignora, abrigava no coração as pessoas que o buscavam, prodigalizava a elas toda a atenção que seus problemas exigiam e lhes oferecia seu tempo, seu apoio e sua compreensão. Paciente, prestativo, justo, desejava o bem e também o praticava. Se errou, o que provavelmente pode ter ocorrido, soube superar, como verdadeiro espírita, seus erros, reparando-os com muito amor e trabalho.
O tutelado de Emmanuel foi crescendo, ascendendo, desde a orfandade dorida à fase derradeira de sua existência, conquistando, ao cabo dela, a merecida honra de ter um lugar especial em milhões de corações agradecidos.
Como Francisco de Assis, amou tanto que seu amor ultrapassou os limites estreitos da religião e, como Francisco de Assis, mostrou que o Evangelho do Cristo é fonte viva nos corações dos homens e que é possível seguir Jesus nos mínimos atos de nossa vida.


sábado, 15 de dezembro de 2012

Pérolas literárias (14)


Romance na vida

Alphonsus de Guimaraens

 No campo, em que o luar engrinalda a escumilha (1),
O par freme de amor, a noite dorme e brilha.
Ele, o poeta aldeão, era humilde pastor;
Ela, a fidalga, expunha a mocidade em flor.
Ao longe da mansão, quantos beijos ao vento!…
Quantas juras de afeto à luz do firmamento!
Em certa noite, a eleita envia antigo pajem
Que entrega ao moço ansioso imprevista mensagem.
“Perdoe – a carta diz – se não lhe fui sincera
Desposarei agora o homem que me espera.
Nunca deslustrarei o nome de meus pais.
Nosso amor foi um sonho… Um sonho. Nada mais.”
Chora o moço infeliz, sem ninguém que o conforte,
Surdo à razão, anseia arrojar-se na morte.
Corre à choça de taipa. A gesto subitâneo,
Arma-se em desespero e arrasa o próprio crânio.
Foi-se o tempo… E, no Além, o menestrel suicida
Era um louco implorando um novo corpo à vida.
Um dia, a castelã, no refúgio dourado,
Morre amargando, aflita, as lições do passado.
Pendem alvos jasmins do féretro suspenso,
Filhos clamam adeus em volutas de incenso.
Largando-se, por fim, dos enfeites de prata,
Sente-se agora a dama envilecida e ingrata.
Lembra o campo de outrora e o pobre moço aldeão,
Pede para revê-lo e rogar-lhe perdão.
Encontra-o, finalmente, em vasta enfermaria,
Demente, cego e mudo em angústia sombria.
Ela suporta em pranto a culpa que a reprova,
Quer voltar para a Terra e dar-lhe vida nova.
A eterna Lei de Amor no amor se lhe revela,
Retorna ao corpo denso em aldeia singela.
Hoje, mãe a sofrer, fina-se, pouco a pouco,
Carregando no colo um filho mudo e louco…
E enquanto o enfermo espraia o olhar triste e sem brilho,
Ela vive a rogar: “Não me deixes, meu filho!…”
O romance prossegue e os momentos se vão…
Bendita seja a dor que talha a perfeição. 

(1) Engrinalda significa: adorna, enfeita, alinda, atavia. Escumilha quer dizer: tecido muito fino e transparente, de lã ou de seda; gaza, gaze.

 
Do livro Na Era do Espírito, obra de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos Diversos. O poema acima foi psicografado pelo médium Chico Xavier.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O que ocorre no momento da morte


Um amigo pergunta-nos por que o desprendimento da alma é facilitado no estado de sono e não o é no momento da morte?
A emancipação da alma por ocasião do sono corporal é um fato corriqueiro, mas não passa de um desprendimento parcial, visto que a alma continua ligada ao corpo físico. O que ocorre então é apenas uma expansão do laço perispiritual que une a alma ao corpo, permitindo a ela deslocar-se a lugares distantes do local em que o corpo material repousa.
No caso da morte corpórea, mesmo antes do desligamento completo da alma – fato que o Espiritismo chama de desencarnação – pode ocorrer a emancipação parcial semelhante à do sono, o que explica os fatos de comunicação espírita por ocasião da morte, estudados por vários pesquisadores, como Ernesto Bozzano.
O desprendimento completo da alma, ou a desencarnação, é que requer algum tempo, visto que no processo reencarnatório o perispírito se liga ao corpo molécula a molécula, o que implica dizer que é preciso tempo para que essa ligação molecular se desfaça.
Conforme a questão 155 d´O Livro dos Espíritos, como regra geral, a separação da alma não se dá instantaneamente. Ela se liberta gradualmente e não como um pássaro cativo que, de repente, ganhasse a liberdade.
Tudo, a princípio, é confuso no momento da morte. O Espírito desencarnante precisa de algum tempo para entrar no conhecimento de si mesmo. Ele se acha como que aturdido, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam aos poucos, à medida que se apaga a influência da matéria que ele acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
O processo de desprendimento espiritual é lento ou demorado, conforme o temperamento, o caráter moral e as aquisições espirituais de cada ser. Não existem duas desencarnações iguais. Cada pessoa desperta ou se demora na perturbação, conforme as características próprias de sua personalidade.
A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte, e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, de conformidade com o estado evolutivo do Espírito.
Breve no caso das almas elevadas, pode ser longa e penosa no caso das almas culpadas. Para aqueles que já na existência corpórea se identificaram com o estado que os aguardava, menos longa ela é, porque compreendem imediatamente a posição em que se encontram.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pílulas gramaticais (29)


Quando formos escrever no plural o nome de alguma destas cores – azul, cinza, rosa, vinho, branco, pastel, verde, creme, amarelo, gelo, vermelho –, como devemos proceder?
Existe uma regra bem simples aplicável ao caso:
1) Se a palavra indicativa da cor for um adjetivo, ele variará normalmente (azul – azuis; branco – brancos; amarelo – amarelos).
2) Se a palavra que indica a cor for um substantivo (creme, pastel, rosa, gelo, abacate, cinza, vinho), permanecerá invariável.
É por isso que dizemos: Tons azulados e tons pastel. Vestidos amarelos e vestidos rosaSubentende-se, quando a cor é indicada por um substantivo, que existe na frase - oculta - a expressão "cor de": tons (cor de) pastel, vestidos (cor de) rosa.
Para as pessoas que têm dificuldade em saber a diferença que existe entre adjetivo e substantivo, o que é, aliás, mais comum do que parece, eis uma regra prática:
a) substantivo é tudo o que temos ou desejamos ter: automóvel, casa, avião, sítio, chácara, computador, irmão, pai. Designa os seres e os objetos em geral. Pastel, rosa, cinza, creme, gelo, prata são substantivos.
b) adjetivo é tudo o que somos ou desejamos ser: bonito, feio, baixo, alto, claro, escuro, bondoso, agressivo. Define os atributos dos seres e dos objetos em geral. Vermelho, amarelo, azul, verde são adjetivos.
Evidentemente, a regra ora oferecida não passa de algo prático, que visa a facilitar a compreensão das pessoas, mas não se reveste do rigor que encontramos nas obras técnicas que nos ensinam os segredos da Língua Portuguesa.
Exemplos:
•    Carros gelo / Carros brancos
•    Automóveis prata / Automóveis pretos
•    Ternos cinza / Ternos azuis
•    Tons pastel / Tons amarelos
•    Laços rosa / Laços verdes
•    Blusas vinho / Blusas vermelhas.
A mesma regra aplica-se aos compostos:
•    Bandeiras verde-amarelas
•    Automóveis verde-abacate.

*

Há, com relação ao assunto, os chamados casos especiais, em que a palavra indicativa da cor não varia no plural: azul-marinho, azul-celeste, marinho e ultravioleta.
É correto, portanto, dizer: “Ele comprou cinco ternos azul-marinho e dois vestidos azul-celeste”.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Maria, a linda bailarina


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

“Evento cultural”. Era o escrito numa faixa na praça da cidade. O palco sustentava um grupo de adolescentes com sapatilhas e roupas leves e apropriadas. Que lindos bailarinos!
A música clássica dava o andamento aos pequenos desejosos da realização e também do sucesso. Para aquela ocasião, traziam o seu melhor após tantos ensaios e, como sempre, as luzes avivavam o momento.
Um público limitado aplaudia a trupe. Mas olha só... uma garotinha, vestida tão humildemente, imitava os gestos daqueles bailarinos. Era pequenina, seus cabelos não conheciam nem xampu, nem escova. Seu corpinho, realmente, precisava de um banho.
Mas era além disso; ela podia, sim, sentir o espetáculo como se fosse uma das bailarinas. Até as piruetas, imitava lindamente. Os poucos espectadores já começavam a dividir os olhares entre o palco iluminado e a pequena estrelinha da plateia.
Quanta graça possuía. Quanto encanto de se ver.
– Dança, bailarina. Você é luz disfarçada de menina – meu pensamento já a impulsionava.
Último ato. Fim da apresentação. Os bailarinos agradecem os aplausos. Mais uma vez ganham o reconhecimento por tanto treino e disciplina.
A garotinha agradece como se o aplauso também para ela fosse; ao mesmo tempo bate palmas.
– Vem, Maria. Vamos embora – a mãe, com tom severo, chamou a menina, pegou o carrinho de reciclagem e, novamente, rumo ao horizonte incerto.
– Mas, mamãe... só mais um pouquinho – implorou a estrelinha.
– Agora! Me ajude aqui – a mãe concluiu a conversa.
A menina, com um aceno, despediu-se do momento e correu para ajudar a mãe com o carrinho.
De longe, com emoção, declamei um carinhoso poemeto para Maria:
Força, estrelinha!
Você brilhará eternamente.
A chama da vida já te pertence.
Força, estrelinha!
Observei-a até ir sumindo pela descida da rua.
Um ser desconhecido que, de repente, enche de luz o nosso coração.