quinta-feira, 19 de abril de 2012

Deus é justo e bom, e é por isso que nos perdoa



Alguém nos pergunta: Deus pune? Deus é justo? Deus perdoa?
Segundo os ensinamentos espíritas, podemos afirmar com toda a segurança: Deus não pune, Deus é justo e, por isso, Deus perdoa as faltas que cometemos. Aliás, não é exatamente isto que Jesus fez constar na Oração Dominical: “Pai, perdoa as nossas faltas, assim como perdoamos aos nossos devedores”?
O Criador, evidentemente, estabeleceu leis que regem a vida em todo o Universo. Se as infligimos, devemos sofrer-lhes a consequência. Foi o que levou Jesus dizer a Pedro: “Todo aquele que usa a espada para matar, morrerá sob a espada”.
Uma pessoa que volta à existência corpórea apresentando um processo de retardamento mental não é uma vítima do castigo divino, porque em muitos casos ela já se encontrava assim na pátria espiritual, muitas vezes por causa de um equívoco, de um ato insano, como um tiro desferido contra a própria cabeça. Nascer com a deficiência não significa que esteja sendo punida. Digamos que ela esteja colhendo, tal como aprendemos em o Novo Testamento, segundo o qual, em nossa vida, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Chico Xavier, no cap. 8 do livro Astronautas do Além, diz que certa vez, numa de suas reuniões, apareceu um amigo trazendo nos braços a filhinha excepcional. Declarou ele estar a caminho de São Paulo para tentar-lhe o tratamento. Em meio da viagem, ele fora com a criança à busca do médium, a fim de orar em sua companhia, solicitando para a pequenina o auxílio dos benfeitores espirituais.
Depois das explanações feitas por confrades diversos, Emmanuel escreveu alguns comentários sobre o tema reencarnação e, depois dele, o poeta Silva Ramos escreveu, pelas mãos do saudoso médium, o soneto “Vinculação Redentora”, que retrata em poucos versos o drama que deu origem, no passado, às dificuldades da menina citada.
Eis o soneto:

Vinculação redentora

(Silva Ramos)

O fidalgo, ao partir, diz à jovem senhora:
“Eu sou teu, tu és minha!… Espera-me, querida!…”
Longe, ergue outro lar… Vence, altera-se, olvida…
Ela afoga em suicídio a mágoa que a devora.

Falece o castelão… Vê a noiva esquecida…
Desencarnada e aflita, é uma sombra que chora…
Ele pede outro berço e quer trazê-la agora
Em braços paternais ao campo de outra vida!…

O século avançou… Ei-los de novo em cena…
Ele o progenitor; ela, a filha pequena
A crescer retardada, abatida, insegura…

Hoje, ele, em tudo, é sempre o doce pajem dela
E a noiva de outro tempo é a filha triste e bela
Agarrando-se ao pai nos traumas da loucura.

Deus é justo e bom. Tais atributos, ensinados pela filosofia clássica, são confirmados pelo Espiritismo. E é por isso que Ele nos perdoa, embora seu perdão não consista na anulação do que fizemos, mas sim na oportunidade que nos oferece de repararmos os erros cometidos. Advém daí a necessidade das existências sucessivas - isto é, da reencarnação -, que nos propiciam, ademais, os meios de fazermos aos outros o que deveríamos ter feito e não fizemos e de corrigirmos as tolices cometidas no passado.

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