sábado, 29 de junho de 2013

Pérolas literárias (42)


Do último dia

Alberto de Oliveira


O homem, no último dia, abatido em seu horto,
Sente o extremo pavor que a morte lhe revela;
Seu coração é um mar que se apruma e encapela,
No pungente estertor do peito quase morto.

Tudo o que era vaidade agora é desconforto.
Toda a nau da ilusão se destroça e esfacela
Sob as ondas fatais da indômita procela,
Do pobre coração, que é náufrago sem porto.

Somente o que venceu nesse mundo mesquinho,
Conservando Jesus por verdade e caminho,
Rompe a treva do abismo enganoso e perverso!

Onde vais, homem vão? Cala em ti todo alarde,
Foge dessa tormenta antes que seja tarde:
Só Jesus tem nas mãos o farol do Universo.


Fluminente, nascido em Palmital de Saquarema em 1859, e falecido em Niterói, em 1937, Alberto de Oliveira foi farmacêutico, mas dedicou-se principalmente ao Magistério. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, parnasiano de escol, foi tido como Príncipe dos Poetas de sua geração. O soneto acima, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário