sábado, 10 de agosto de 2013

Pérolas literárias (48)


Desculpa

Irene Ferreira de Souza Pinto


Escuta serenamente
Quem te repele ou censura.
Há muito fel de amargura,
Em forma de maldição.
Às vezes quem te maltrata
Arrasta apenas consigo
Sede, fome e desabrigo
Por brasas no coração.

Quem te injuria e escarnece,
Na frase agressiva, azeda,
Em si sofre a labareda
Que verte do próprio mal.
Toda cólera é doença.
Aquele que se enraivece
Solicita o pão e a prece
Do socorro fraternal.

Muita gente cai nas trevas,
Por não achar, no caminho,
Brandura, silêncio e ninho,
No peito amigo de alguém.
Inda que ofensas te cubram
E lâminas te retalhem,
Que as tuas forças não falhem
Na força que espalha o bem.

Desculpa, constantemente,
O golpe, a pedrada, o insulto,
Apesar do pranto oculto,
Amargo, desolador!
– Quem tolera e quem perdoa,
Embora de alma ferida,
Encontra, na própria vida,
O reino do Eterno Amor.



Irene Ferreira de Souza Pinto nasceu em Amparo (SP) em 8 de abril de 1887 e faleceu no Rio de Janeiro em 21 de maio de 1944. O poema acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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