sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O instante da morte é realmente fatal?


Um leitor radicado em Contagem (MG) pergunta-nos se uma pessoa assassinada, caso esse crime não fosse cometido, teria mais tempo de vida ou morreria, de qualquer forma, na mesma época. E no tocante à criança, morta, por exemplo, por uma bala perdida, deveria ela morrer na mesma época em que esse fato se deu?
São complexas as questões apresentadas pelo leitor e não nos cabe, em assuntos assim, expor o que pensamos mas, sim, o que aprendemos na doutrina espírita e nas obras subsidiárias firmadas por autores idôneos e dignos do nosso respeito.
O tema foi tratado objetivamente em duas questões d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que adiante reproduzimos:
853. Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?
“Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos.”
a) Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos?
“Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência.”
854. Do fato de ser infalível a hora da morte, poder-se-á deduzir que sejam inúteis as precauções que tomemos para evitá-la?
“Não, visto que as precauções que tomais vos são sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê.”
Muitos anos depois – entre 31 de outubro de 1939 e 8 de março de 1940 –, em Pedro Leopoldo (MG), questão semelhante foi proposta a Emmanuel, como podemos ler na pergunta 146 do livro O Consolador, de sua autoria, psicografia de Chico Xavier.
Ei-la:
É fatal o instante da morte? ”Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra. Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem é escravo das condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa de provas a tentação de desertar da vida expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se arruína, desmantelando as próprias energias. A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior, pode modificar o determinismo das condições materiais de sua existência, alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o complexo de suas dívidas dolorosas. E existem ainda os suicídios lentos e gradativos, provocados pela ambição ou pela inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do mundo. Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas tentações.”

*

Acreditamos que as explicações acima podem ajudar-nos a entender os diversos tipos de mortes que se verificam no mundo, esclarecendo, porém, que no tocante à criança – nesse período em que, segundo os instrutores espirituais, não existe ainda perfeita integração entre o Espírito e a matéria orgânica – possam ocorrer óbitos antes da época inicialmente programada por ocasião do processo reencarnatório.
Essa informação colhemos no cap. X, págs. 62 a 64, do livro Entre a Terra o Céu, de André Luiz, obra psicografada pelo médium Chico Xavier e publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira, na qual o Ministro Clarêncio diz que uma criança pode, sim, desencarnar antes da época indicada para sua libertação.
Eis as palavras com que o Ministro explicou esse fato: “Em regra geral, multidões de criaturas cedo se afastam do veículo carnal, atendendo a serviços de socorro e sublimação, mas, em numerosas circunstâncias, a negligência e a irreflexão dos pais são responsáveis pelo fracasso dos filhinhos".
Dando sequência a essa informação, irmã Blandina acrescentou: "Aqui, recebemos muitas solicitações de assistência, a benefício de pequeninos ameaçados de frustração. Temos irmãs que por nutrirem pensamentos infelizes envenenam o leite materno, comprometendo a estabilidade orgânica dos recém-natos; vemos casais que, através de rixas incessantes, projetam raios magnéticos de natureza mortal sobre os filhinhos tenros, arruinando-lhes a saúde, e encontramos mulheres invigilantes que confiam o lar a pessoas ainda animalizadas, que, à cata de satisfações doentias, não se envergonham de ministrar hipnóticos a entezinhos frágeis, que reclamam desvelado carinho... Em algumas ocasiões, conseguimos restabelecer a harmonia, com a recuperação desejável, no entanto, muitas vezes somos constrangidas a assistir ao malogro de nossos melhores propósitos".



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