sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ante um caso concreto, não é fácil saber o que é prova, o que é expiação


Num dos bairros de Londrina, um garoto de 7 anos, após ficar internado por cerca de 30 dias, vítima de atropelamento em frente da própria residência, recebeu a notícia de que está tetraplégico e, além de ter os movimentos comprometidos, não mais pode falar. Seu pai está preso há algum tempo; sua mãe, dependente química, faleceu dois anos atrás, em virtude de uma overdose, e a avó materna, com quem ele mora, em depressão profunda desde que a mãe do garoto morreu, não está conseguindo prestar corretamente os cuidados de que o neto necessita.
Depois de relatar este caso, uma amiga nos pergunta: Como entender essa prova? Ou seria, antes, uma expiação? De que modo auxiliar a criança e sua avó? Incluí-las em nossas orações é suficiente ou é preciso algo mais?
A diferença entre prova e expiação é fácil de estabelecer quando as definimos.
Expiação diz respeito a algo que fizemos; trata-se de uma medida educativa e é indispensável no processo de regeneração das pessoas que cometem desatinos.
Provas são testes e nada têm que ver com o nosso passado; trata-se de um processo de aferição do aprendizado, tal como se dá nos cursos que fazemos nas escolas do mundo.
Ocorre que, diante de um caso concreto, não sabemos se estamos diante de uma prova ou de uma expiação; contudo, convenhamos, isso não vem ao caso, porque a caridade pede que prestemos sempre a ajuda aos que necessitam de ajuda, na medida de nossas forças e de nossas possibilidades.
Como o garoto mencionado não tem mãe nem pai, visto que este está privado da liberdade que o impede de prestar ao filho os cuidados que os pais devem prestar, trata-se de uma criança órfã, que nem mesmo pode contar com o amparo da avó, dadas as limitações dessa mulher, como relatado por nossa amiga.
Se se trata de um menino órfão, lembremos o que o Espiritismo nos ensina a respeito do assunto, que o leitor pode conferir no cap. XIII, item 18, d´O Evangelho segundo o Espiritismo.
Eis o que ali lemos:
“Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo na infância!
Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-lhes de pais.
Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vício!
Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque compreende e pratica a sua lei. Ponderai também que muitas vezes a criança que socorreis vos foi cara noutra encarnação, caso em que, se pudésseis lembrar-vos, já não estaríeis praticando a caridade, mas cumprindo um dever.
Assim, pois, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade; não, porém, a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima a mão em que cai, pois frequentemente bem amargos são os vossos óbolos! Quantas vezes seriam eles recusados, se na choupana a enfermidade e a miséria não os estivessem esperando! Dai delicadamente, juntai ao beneficio que fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de uma carícia, de um sorriso amistoso. Evitai esse ar de proteção, que equivale a revolver a lâmina no coração que sangra e considerai que, fazendo o bem, trabalhais por vós mesmos e pelos vossos. - Um Espírito familiar. (Paris, 1860)”
À vista de ensinamentos tão claros, creio que ninguém terá dúvida de que não basta incluir avó e neto em nossas preces. Que estas são importantes, não há como negar. Mas é preciso fazer algo mais, é preciso agir como o bom samaritano da parábola narrada por Jesus, sem nos importarmos em saber qual é a religião, qual é a cor, qual é a nacionalidade das pessoas a que nos referimos.



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