sábado, 4 de janeiro de 2014

Pérolas literárias (69)


Jesus

Alberto de Oliveira


Quanta vez, neste mundo, em rumo escuro e incerto,
O homem vive a tatear na treva em que se cria!
Em torno, tudo é vão, sobre a estrada sombria,
No pavor de esperar a angústia que vem perto!...

Entre as vascas da morte, o peito exangue e aberto,
Desgraçado viajor rebelado ao seu guia,
Desespera, soluça, anseia e balbucia
A suprema oração da dor do seu deserto.

Nessa grande amargura, a alma pobre, entre escombros,
Sente o Mestre do Amor que lhe mostra nos ombros
A grandeza da cruz que ilumina e socorre;

Do mundo é a escuridão, que sepulta a quimera...
E no escuro bulcão só Jesus persevera,
Como a luz imortal do amor que nunca morre.


Alberto de Oliveira, poeta fluminense nascido em Palmital de Saquarema, em 1859, e falecido em Niterói, em 1937, além de farmacêutico, dedicou-se ao magistério e foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Psicografado por Francisco Cândido Xavier, o soneto acima integra o livro Parnaso de Além-Túmulo.



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