quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A cremação é legítima para aquele que a deseja


Um leitor pergunta-nos: Como o Espiritismo entende a cremação dos mortos? Devemos ter algum cuidado, observar algum detalhe?
O tema cremação – que significa incineração – não foi examinado nas obras de Kardec, um fato estranhável, visto que a incineração de cadáveres humanos remonta à antiguidade e constituiu regra comum na Grécia primitiva e entre os romanos, sendo ainda hoje um costume em várias regiões do globo, como a Índia.
Não examinada por Kardec, a cremação tem suscitado no meio espírita posições que se contradizem.
Léon Denis, por exemplo, aponta nela uma desvantagem, pois que, extinguindo o corpo físico pela ação do fogo, a cremação provoca desprendimento mais rápido, mais brusco e violento do Espírito, sendo mesmo doloroso para as almas apegadas à Terra.
Com efeito, determinados Espíritos permanecem algum tempo imantados ao corpo material após o transe da morte, como ocorre em muitos casos de suicídio. Como o rompimento do cordão fluídico nem sempre se consuma num curto espaço de tempo, o desencarnado se assemelha a um morto-vivo cuja percepção sensória, para sua desventura, continua presente e atuante. A cremação viria, assim, causar-lhe um angustiante trauma, o que equivaleria a aumentar a aflição a quem já se encontra aflito.
Ao se manifestar sobre o tema, Richard Simonetti disse que, embora o cadáver não transmita sensações ao Espírito desencarnante, este poderá experimentar "impressões extremamente desagradáveis" se no ato crematório estiver ainda ligado ao corpo.
No mesmo sentido é a opinião de Paul Bodier, médico e escritor francês que foi também presidente da Sociedade Francesa de Estudos Psíquicos e autor de obras como “A Vida e a Morte” e “A Granja do Silêncio”. Segundo Bodier, "a incineração, tal como se pratica entre nós, é, com efeito, prematura demais". Talvez, por isso a inumação devesse ser o processo normal, só se cremando os cadáveres com sinais evidentes de putrefação.
Dentre as manifestações sobre o tema oriundas do plano espiritual, lembremo-nos de que Emmanuel se referiu à cremação durante a exibição do programa Pinga-Fogo na TV Tupi-SP, realizado em 1971, quando – segundo depoimento de Chico Xavier – afirmou que "a cremação é legítima para todos aqueles que a desejam, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório".
Dois aspectos devem ser ressaltados na manifestação atribuída a Emmanuel.
O primeiro: é preciso que o indivíduo manifeste seu desejo de ter o corpo cremado, evitando-se assim que seja essa uma decisão de seus familiares, e não dele.
O segundo: a espera de um prazo mínimo entre a morte do corpo e o ato da cremação, que Emmanuel fixou em 72 horas, que é um tempo razoável capaz de evitar, em grande número de casos, o trauma mencionado por Léon Denis.



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