domingo, 3 de agosto de 2014

A morte e o sentido da vida



Por que tememos tanto a morte?
Variados são os motivos, mas o principal deles é, sem contestação, o desconhecimento de como se opera essa transição e o que nos aguarda na vida no chamado além-túmulo.
O assunto pode parecer inadequado nos dias que correm, mormente nesta época em que são tantos os problemas que nos preocupam, aqui e fora daqui.
Vivemos em um mundo que já nos oferece inúmeros problemas e, francamente, pensar no tema morte é algo realmente sem propósito, exceto para os que, sentindo-a de perto, entendem que se aproxima o final de sua estada no plano em que nos encontramos.
Ocorre, porém, que a chamada vida espiritual – a vida no além-túmulo – não é uma estação a ser atingida, mas simplesmente uma fase das múltiplas experiências que o homem há de enfrentar no seu longo caminho rumo à perfeição, esta, sim, uma meta que Deus assinalou para todos nós.
As pessoas de nosso tempo têm lutado bastante para se darem bem na vida e poderem, dessa forma, desfrutar as benesses que o progresso da civilização engendrou. Todos sonham, sem dúvida, com a felicidade, um objetivo compreensível e válido, mas tal preocupação pode revelar-se um desastre se negligenciarmos os valores inerentes ao espírito para assegurarmos uma existência sem sobressaltos.
As comunicações transmitidas pelos Espíritos revelam-nos que a vida no além-túmulo é uma espécie de continuação da existência corpórea, com a diferença de que os valores e as preocupações ali reinantes levam em conta nossa condição de Espíritos imortais, em face do que a vida terrena se apresenta como um lance rápido, efêmero e transitório.
Com efeito, por mais longa que seja nossa estada neste plano, os anos passados numa existência corpórea formam um período de tempo irrisório se comparado com a eternidade que se abre aos nossos Espíritos.
No além-túmulo o homem continua a viver integralmente, com as qualidades, os defeitos, os sentimentos e as recordações que o sensibilizam.
A morte não deveria, por isso, assustar a ninguém, uma vez que nada perdemos com ela, a não ser o corpo material, que nenhuma falta faz ao Espírito liberto, que se expressa então em outro corpo, semelhante ao primeiro, ao qual Paulo de Tarso chamou de corpo espiritual e Kardec definiu como envoltório sutil da alma, ou perispírito.
O passamento atinge-nos de modos diferentes, segundo a condição moral de cada um.
Ensina o Espiritismo: “A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais”. (O Céu e o Inferno segundo o Espiritismo, 2ª Parte, cap. 1, item 8.)
Existe, pois, uma relação direta entre o modo pelo qual vivemos no mundo e o começo da vida além-túmulo, porquanto o desprendimento da alma, em seguida à morte corporal, é semelhante ao despertar da pessoa que renasce para uma nova existência corpórea. O desprendimento da alma é o início de sua reentrada no chamado mundo espiritual.
Duas conclusões podemos tirar dos ensinamentos acima.
A primeira é esta: É preciso compreender melhor o sentido da vida, que não se resume aos poucos anos que compõem a nossa existência corpórea.
A segunda conclusão é que, submetidos à lei do progresso, temos o dever indeclinável de trabalhar por nosso aprimoramento moral, identificando-nos com a vida espiritual e abdicando, se preciso, das vantagens imediatas em prol do futuro, uma realidade que, segundo o Espiritismo, se desenrola incessantemente aos nossos olhos.



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