sábado, 23 de agosto de 2014

Presença de Machado no culto do Chico Xavier



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Mui cara leitora e estimado leitor, vocês não têm ideia de onde estive, após ter despertado do ilusório "sono eterno" há algumas décadas. Pois não se espantem, passei, certa noite, pelo lar de Chico Xavier, em Uberaba, MG.
E o que vi ali que tanto me impressionou? Havia uma sala simples, com cerca de trinta cadeiras e, ao redor de uma mesa retangular, de cerca de quatro metros de comprimento por um metro de largura, estavam treze pessoas reunidas. Uma delas era Chico, que se sentara à cabeceira da mesa, à frente duma parede branca, com uma estreita porta, à sua esquerda, a qual dava para um quartinho, nos fundos. Sobre uma mesinha desse quarto, além de moringa com água e de copos plásticos, estava um caderno para anotações de pedidos de preces em benefício de encarnados e desencarnados...
Para minha felicidade, eu adentrara, pela vez primeira, a casa do médium mineiro em pleno culto do evangelho. Eram exatamente 20 horas do dia 21 de junho de... Presente de aniversário que ganhei de Carola.
Após a prece inicial do Chico, seu filho adotivo, Eurípedes, abriu uma página do Evangelho segundo o Espiritismo e pediu às demais pessoas sentadas à mesa para comentar cada parágrafo dessa obra magistral. Nesse mesmo instante, vi um senhor alto, vestido à la romana, toga branca dos senadores da época de Nero, que após cumprimentar-me gentilmente e se apresentar como Emmanuel, dirigiu-se ao médium Xavier, o qual, munido de várias folhas em branco e não menos de vários lápis, passou a escrever, celeremente, sob a influência daquele Espírito de altíssima elevação.
A luz irradiada por Emmanuel era tão intensa que, embora a sala estivesse, até então, em penumbra, foi tomada de tal claridade que cheguei a imaginar a plena noite de Lua cheia tornar-se Sol do meio dia.
Ao final dos comentários dos integrantes da mesa, Chico já havia psicografado belíssima mensagem para nossa reflexão intitulada "Tolerância e perdão". O mais surpreendente é que tudo que fora escrito pelo médium representava fielmente as palavras de Emmanuel dirigidas a mim, que lhe fazia algumas perguntas a respeito do tema lido e comentado pelos doze participantes da mesa: Amai os vossos inimigos, cap. XII do citado Evangelho.
Embora alguma implicância do crítico literário Sílvio Romero, que tomou uma crítica nossa às suas primeiras produções literárias, como ataque pessoal, nunca tive inimigos em minha última reencarnação. Tanto é assim que a mim não me importaram muito seus comentários irônicos sobre minha literatura de "estilo gago", no seu entendimento venenoso.
À época, não faltou quem me defendesse dos apodos gratuitos do doutor Romero.
Então, pedi orientação a Emmanuel sobre como reparar as nossas ofensas, muitas vezes irrefletidas, às pessoas. E ele respondeu-me que devemos emitir vibrações mentais equilibradas em benefício de tais pessoas, buscando lembrar os favores, as gentilezas que elas porventura hajam nos proporcionado. Acrescentou, também, que devemos nos abster de qualquer referência negativa sobre o ofendido e, para reconquistar sua simpatia, ser amáveis com seus familiares e amigos.
 Mas isso não seria bajulação, meu caro Emmanuel? – perguntei-lhe.
 Não, Machado, é preciso envolver a pessoa a quem desejamos reconquistar ou cativar a simpatia com o nosso maior respeito. Todavia, nossas palavras de paz devem emergir do nosso interior, reconhecendo que a inimizade e o antagonismo, mesmo que pareçam justos, precisam ser erradicados de nossas almas.
Então, perguntei-lhe:
 E se o erro ou a agressão foram dirigidos a nós?
 É preciso consultar a própria consciência, sem autocomiseração, para que descubramos ter sido os próprios causadores da agressividade alheia. Somente assim estaremos libertos do mal.
Para finalizar, o elevado Espírito que já está entre vós, com a idade atual de quatorze anos, e renasceu em São Paulo, brindou-nos à época com esta lição magistral, registrada pelo lápis do médium mineiro e que lhes passo em primeira mão, amados leitores:

Existem companheiros e companheiras que terão sofrido golpes tão grandes que se acreditam incapazes de qualquer iniciativa para a pacificação com as criaturas que se fizeram instrumentos da amargura que lhes marcam os dias. Entretanto, lembremo-nos de que o brilhante atirado à lama, não deixará de ser brilhante, porque esteja nessa penosa e transitória condição. E, pensando nisso, entenderemos que Deus tem recursos para retirar essa preciosidade do lixo humano, fazendo-a brilhar de novo ao domínio da luz.

Agradeci a Emmanuel tão belos ensinamentos, abracei-o, junto com Chico Xavier, inspirei uma prece a Eurípedes, em benefício de todos os encarnados e desencarnados, presentes e necessitados, e saí dali volitando, direto para a nave espacial que me aguardava. Entrei na nave e parti ao encontro de Carolina, que, sob um pseudônimo qualquer, retornava de um trabalho mediúnico voltado à inspiração da mineira Carolina Maria de Jesus, futuramente famosa por sua obra literária produzida enquanto catava lixo próximo à favela onde morava: Quarto de despejo.
Leitora amiga, amigo leitor, o certo é que, ya lo creo.
Ai nostri monti ritorneremo (De volta às nossas montanhas. AS).



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