terça-feira, 11 de novembro de 2014

Os olhos da criança iluminam o caminho


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Olhei os campos de flores. E os admirei como se eu fosse uma criança de frente para o infinito... o infinito das inúmeras possibilidades de viver com harmonia os dias presentes e os vindouros dias.
Simplicidade é sinônimo de felicidade, por isso normalmente o rostinho de criança está com o sorriso terno e feliz que encanta os olhos que o observam.
Puro sentimento, palavra verdadeira, valorização do que é real... resultantes da atitude do pequeno ser cativante do coração do adulto que também já fora uma criança e, ainda bem, que há muitos desses maiores ainda com a pureza dos sentimentos e o brilho no olhar.
Valorizar o que de fato é rico na vida. Às vezes, o adulto se perde por um emaranhado de caminhos, e ações, e resultados extremamente complicados que até mesmo se desvincula do fio do objetivo, se é que criara algum. Então, toda essa complexidade adulta limita demais o ato de ser feliz e sentir a pureza transcendente da vida.
E a criança, com maestria, reconhece a grandeza do tempo presente, das pessoas ao redor, ela simplesmente se vale de toda oportunidade do momento, pois, para ela, a vida é agora com o que se possui.
Essa criatura adorável não deixa de viver por preocupações geradas pelos sentimentos ou atitudes impensadas; ou inteiramente premeditadas; ou aumentadas, ainda, perante a falta de crença de tanto poder realizar, isso fica por conta dos adultos; as crianças são a graça que uma parte destes insiste em aniquilar, pois argumenta que é perda de tempo, na verdade, sendo esse tempo somente a se ganhar, a se alegrar, a se fortalecer nos arados da vida; portanto, como extinguir a essência mais pura a se viver? Como poder caminhar sem os brilhos intensos do olhar desses queridos seres?
Sinceramente, não se pode.
Quer ver olhos felizes... são os de uma criança quando aprende a andar de bicicleta... quanta alegria; quando saboreia um sorvete independente do sabor; quando brinca sob o sol à tardezinha depois da escola; quando conta as estrelas e, de surpresa, percebe uma estrela cadente se desmanchando para mais perto do chão; quando encontra um animalzinho e quer imediatamente levar para casa e cuidar, se bem que são os pais os verdadeiros cuidadores dos filhos e de seus animaizinhos; quando numa chuva mansa de verão, a criança conquista a enorme oportunidade de se molhar e sentir a liberdade com os pingos de chuva e ter nos olhos o brilho intenso, o jeito leve e lindo de viver.
A criança renasce a cada novo dia com energia vibrante e simplicidade, isso é o segredo maior para ser feliz.
O que ela faz é de forma completa. Quando brinca, seu pensamento e coração também estão juntos, no mesmo lugar; o que fala está envolto pela sinceridade; de quem gosta, é com a pureza singela que demonstra e verdadeiramente sente. E por isso, essa criatura se torna refrigério para o olhar do adulto.
Podemos estar com a cabeça em descompasso, mas quando uma criança nos sorri, imediatamente a cortina da desarmonia cai e só nos resta o coração vencido pelo sorriso simples e inteiro desse pequeno e sábio ser, pois ele, sim, compreende que a vida possui sua grandeza pela infinita simplicidade que é.
Criança, forma natural da singela flor, delicada, incomparável, simples, encantadora.
“Vinde a mim as criancinhas... Deixai as crianças e não as impeçais de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus”; foi o pedido do Mestre, porquanto as criaturas com as características da criança serão agradáveis aos olhos desse irmão tão magnífico e exemplo maior enviado pelo Pai.
E o sorriso de dente leite ilumina o semblante que também já foi criança e hoje só tenta ser adulto e tanto perde com o abandono desse bálsamo da caminhada.
Adultos, sejamos responsáveis, sim, no entanto, leves, como a criança que um dia conhecemos e vivemos e que ainda, sim, habita no âmago de cada um de nós.

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