sábado, 6 de dezembro de 2014

A um blogueiro preocupado em procurar plágios em obras espíritas


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora e prezado leitor, sem querer criar polêmicas com minhas crônicas, e já criando, parodiando Jô Soares, ao deparar-me com um blog cujo objetivo principal do seu autor é tentar descobrir fraudes e plágios em obras espíritas, resolvi responder-lhe.
A última crítica do blogueiro, cujo nome e sítio não vem ao caso divulgar, foi a de que, com base em algumas coincidências nas mensagens psicografadas por Chico Xavier e Divaldo Franco, este teria plagiado aquele. Até palavras idênticas, o polemista destacou nas mensagens para induzir o leitor a acreditar em plágio. Ora, se assim for, praticamente tudo o que se pesquisa e escreve é plágio. Nesse caso, cem por cento das monografias escolares.
Vejamos, a seguir, alguns trechos selecionados das mensagens, com destaques do cético, lembrando que os textos de Divaldo costumam ser psicografados na presença de várias pessoas. Este, nove anos após o anterior, escrito pelo Chico:

Mensagem do Espírito Isabel de Castro, psicografada por Chico Xavier. Obra: Falando à Terra. Rio de Janeiro: FEB, 1951.
Espírito Vianna de Carvalho, noite, 15 set. 1960, em Salvador, BA, public. na revista Reformador, mar. 1962. Médium: Divaldo Franco.
UM DIA 
[...]
Um dia, Colombo resolveu empreender a viagem ao Mundo Novo e desvelou o caminho para a América. 
A gloriosa missão de Jesus começou para os homens no dia da Manjedoura.
[...] 
Das resoluções de uma hora podem sobrevir acontecimentos para mil anos.
[...] 
Se acreditas no bem e a ele atendes, cedo atingirás a messe da felicidade perfeita; mas se agora mofas do dia, entre a indiferença e o sarcasmo, guarda a certeza de que, a seu turno, o dia se rirá de ti. 

UM DIA 
[...]
Um dia, resolvendo lutar contra o pessimismo das cortes europeias e do povo, Colombo descobriu a América.
[...]
Um dia mentiste e todo um programa nefando teve início.
Um dia prometeste, olvidando logo mais a palavra empenhada, e o caráter foi afetado.
Um dia, na vida, pode constituir-se início de um milênio diferente para tua alma.
Como a reflexão é a mãe de todas as virtudes, pensa bem e o teu caminho atravessará o portal de luz para a imortalidade. 


Não estamos defendendo que tudo o que se nos apresenta como mensagem do Além deve ser aceito cegamente por nós. Ao contrário, o espírita consciente, examina tudo e retém o bem, como aconselha o Evangelho de Jesus. Além disso, são os próprios Espíritos superiores que nos aconselham separar atentamente o bom trigo do joio das mensagens. N'O livro dos médiuns há uma mensagem do Espírito Erasto que nos sugere ser preferível rejeitar dez verdades a aceitar uma única informação falsa, supostamente provinda de Espírito elevado (cap. XX, it. 230).
Por fim, nunca é demais lembrar que o Espírito lança a ideia e o médium a capta de acordo com os seus conhecimentos e possibilidades, quase sempre havendo algo de animismo involuntário na comunicação mediúnica, principalmente quando o médium é estudioso assíduo, como é o caso do Divaldo Franco e também como ocorria com o Chico Xavier. "Espíritas! amai-vos, este o primeiro mandamento; instruí-vos, este o segundo" (O Espírito de Verdade, cap. VI d'O evangelho segundo o espiritismo). Por vezes, imaginamos estar dizendo algo inédito que já foi dito por outra pessoa. Ora, o que são os Espíritos senão nós mesmos, em outra dimensão da vida eterna?
Quem não conhece o processo de comunicação da mediunidade e a questão da sintonia sempre vai duvidar de tudo o que ouve ou lê atribuído aos Espíritos, embora haja, realmente, pseudomédiuns que, sem qualquer preparo e estudo, atribuem aos Espíritos tudo o que sua imaginação exaltada aprove. Não é o caso dos médiuns aqui citados.
Então, o bom espírita nem é totalmente incrédulo, nem aceita o que supostamente venha dos Espíritos, pois, conforme diz também Allan Kardec, "fé verdadeira" é a que se submete ao crivo da razão e da lógica "em todas as épocas da humanidade". Desse modo, com todo o respeito ao polemista cético, dissemos-lhe o seguinte:

Seu problema e de outros internautas que se empenham em combater o Espiritismo está num detalhe único: ideias preconcebidas. Allan Kardec nunca disse que o Espiritismo fosse essa “ciência” que você conhece e, sim, “ciência do espírito”, baseada em experimentações e observações. Quanto ao pseudoplágio do Divaldo, repudio veementemente tal conclusão. Existem 6,5 bilhões de mentes no mundo. Se apenas um por cento delas resolver falar sobre um assunto, a possibilidade de haver coincidências é enorme. Kardec também explicou que aos céticos sistemáticos é inútil tentar convencer de coisa alguma, pois mesmo que vissem não acreditariam. Por que você não se preocupa com outros assuntos, ao invés de ficar especulando sobre a vida de cidadãos que dedicaram toda uma existência ao bem da humanidade e, desde criança, aprenderam a distinguir o que era seu do que não o era? A pessoas como você, se referem as palavras do próprio Jesus Cristo, em quem, aliás, também não acreditam: "Não atireis vossas pérolas aos porcos e nem deiteis as coisas santas aos cães". Agora procure no Evangelho onde se encontra essa passagem e discorde dela… [...].

Conhecedor da absoluta perda de tempo em se tentar convencer aos ateus sistemáticos sobre a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico, o próprio Allan Kardec já nos orientava sobre o que postamos acima.
Aliás, dirigindo-se ao apóstolo Tomé, Jesus, após sua ressurreição, convida-o a colocar o dedo num dos furos de suas mãos e faz-lhe a seguinte advertência: "Bem-aventurados os que não precisam ver para crer" (João, 20:29). 
Igualmente, são inumeráveis as obras sérias que tratam sobre as conclusões positivas dos sábios de todos os tempos e os depoimentos de pessoas idôneas sobre comprovações da imortalidade da alma, por meio de reuniões de materializações. Por que, então, não convencem a tais ateus? Por que eles não querem se convencer e substituem as ideias lidas, os fenômenos vistos, por teorias estapafúrdias. Alguns, até mesmo sendo médiuns, passam a vida tratando-se exclusivamente com psiquiatras e negam a existência de sua própria alma. Desse modo, cavam o próprio abismo.
Os fenômenos estão aí, os médiuns também, os testemunhos são inumeráveis: sábios como William Crookes, Ernesto Bozzano, Gustave Jung, Alexandre Aksakof, e muitos outros, viram e creram. Escritores como Victor Hugo, Arthur Conan Doyle e Vergílio Ferreira também... Uma nuvem de pesquisadores, muitos deles antes incrédulos, examinaram, observaram, experimentaram e creram. Outros, nem tanto, pois diversas causas podem estar presentes na incredulidade pessoal, como a do interesse próprio em continuar esta efêmera vida sem a preocupação com as consequências post-mortem dos seus atos. Sua filosofia é a do laissez faire, laissez aller, laissez passer, não se importando com as consequências de seus atos, por que, para eles, o futuro é agora.
Não devemos nos preocupar com tais céticos, pois um dia confirmarão, a seu pesar, as palavras de Vergílio Ferreira, que já citamos em outra crônica: "Deus existe, sim, infelizmente". Ao que acrescentamos: assim como somos imortais, felizmente.





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