quarta-feira, 6 de maio de 2015

Pílulas gramaticais (151)


Um leitor nos perguntou:
– Por que xintoísta, xintoísmo, maniqueísmo, maniqueísta, arcaísmo exigem o acento gráfico na letra “i”, e o mesmo não acontece com taoista e taoismo?
O fato decorre de uma das mudanças contidas no Acordo Ortográfico firmado pelo Brasil, em vigência desde o mês de janeiro de 2009. Antes do Acordo, taoista e taoismo escreviam-se assim: taoísta e taoísmo.
A regra ortográfica vigente até 31/12/2008, que ainda se aplica às palavras xintoísta, maniqueísta e arcaísmo, estabelece que devem ser acentuados o “i” e o “u” tônicos quando:
•    formarem sílaba, sozinhos ou seguidos de “s”
•    apresentarem hiato com uma vogal anterior
•    não forem seguidos do dígrafo “nh”.
Exemplos:
Saúva (sa-ú-va)
Ateísmo (ate-ís-mo)
Balaústre (bala-ús-tre)
Juízes (ju-í-zes)
Saída (sa-í-da)
Raízes (ra-í-zes)
Maniqueísta (manique-ís-ta)
Xintoísta (xinto-ís-ta)
Rainha (sem acento)
Bainha (sem acento).

*

Segundo o Acordo Ortográfico vigente, não se acentuam as letras “i” e “u” quando precedidas de ditongo decrescente (ao, ai, au, ei, oi, ui...) em palavras paroxítonas. Excetuam-se apenas os casos em que a acentuação obedeça a uma regra própria de acentuação.
Ditongo é o nome que se dá ao grupo formado por duas vogais proferidas em uma só sílaba, e das quais uma funciona como consoante e se chama semivogal.
Decrescente é o ditongo em que a vogal soa primeiro que a semivogal, como, por exemplo, em "mais", "sei", "boi".
Em face da nova regra, não são mais acentuadas as palavras abaixo:
feiura (que se pronuncia assim: fei-ura)
bocaiuva (bocai-uva)
baiuca (bai-uca)
taoismo (tao-ismo)
taoista (tao-ista)
Maiume (nome próprio que se pronuncia assim: Mai-ume)
feiinho (de feio, que se pronuncia: fei-inho).
No caso de taoismo e taoista, a pronúncia correta é: tao-ismo e tao-ista, porque essas palavras vieram do chinês “tao”, que significa caminho. Compreende ele o conjunto de ensinamentos desenvolvidos sobretudo por Lao-tse (séc. VI a.C.) e Tchuang-tseu (séc. IV a.C.), filósofos chineses, cuja noção fundamental é o Tao - o Caminho - que nomeia o grande princípio de ordem universal, sintetizador e harmonizador do Yin (q. v.) e do Yang (q. v.), e ao qual se tem acesso por meio da meditação e da prática de exercícios físicos e respiratórios.



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