quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Nem sempre as dificuldades que deparamos constituem expiação


Um leitor pergunta-nos: - Se as dificuldades por que passamos podem ser em razão de dívidas passadas, é correto fazer esforços com vistas a minorar tais dificuldades?
Toda vez que examinamos o tema provas e expiações vêm-nos à lembrança dois ensinamentos que colhemos na obra de Allan Kardec:

1º.  Nem sempre a prova constitui uma expiação, mas toda expiação serve como prova.
2º. Diante dos sofrimentos e das vicissitudes que acometem uma pessoa, nem sempre é possível saber se se trata de prova ou de expiação.

Tendo em mente as informações acima, não existe dúvida nenhuma na resposta a ser dada à pergunta formulada pelo leitor: - Sim, é correto querer e buscar meios com que nossas dificuldades sejam amenizadas e vencidas. É trabalhando com esse objetivo que progredimos e superamos as vicissitudes que encontramos ao longo do caminho.
Em mensagens constantes dos itens 26 e 27 do cap. V d´O Evangelho segundo o Espiritismo, dois benfeitores espirituais reportaram-se ao assunto.
A primeira mensagem inicia-se assim:

“Perguntais se é licito ao homem abrandar suas próprias provas. Essa questão equivale a esta outra: É lícito, àquele que se afoga, cuidar de salvar-se? Aquele em quem um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?”

Respondendo às próprias indagações, escreveu o amigo espiritual:

“As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as dificuldades. O mérito consiste em sofrer, sem murmurar, as consequências dos males que lhe não seja possível evitar, em perseverar na luta, em não se desesperar, se não é bem-sucedido; nunca, porém, numa negligência que seria mais preguiça do que virtude.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 26.)

A segunda mensagem trata das provas enfrentadas pelo próximo e dela extraímos um ensinamento que corrobora o que acima acabamos de ler:

“Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre que as provas sigam seu curso. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais proveitosas, tornando-as mais vivas. Grande erro. É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso? Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos: ‘Não irás mais longe?’ Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira? Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos: ‘É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso’. Dizei antes: ‘Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz’.
Ajudai-vos, pois, sempre, mutuamente, nas vossas respectivas provações e nunca vos considereis instrumentos de tortura. Contra essa ideia deve revoltar-se todo homem de coração, principalmente todo espírita, porquanto este, melhor do que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. Deve o espírita estar compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento; que, faça ele o que fizer para se opor às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Pode, portanto, sem receio, empregar todos os esforços por atenuar o amargor da expiação, certo, porém, de que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme julgar conveniente.” (Obra citada, cap. V, item 27.)

Esperamos que, em face de explicações tão claras, não reste nenhuma dúvida com relação ao assunto ora tratado.


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