quinta-feira, 28 de julho de 2016

Pérolas literárias (161)



Bota fora de Nhô Chico

Cornélio Pires

Caiu Nhô Chico morto, ao fim da janta,
Papou tatu ervado e foi caipora.
O povo segue o enterro, reza e chora:
- “Coitado de Nhô Chico Couro D’Anta!”

O avarento vivia de penhora.
Sovinaria nele era já tanta,
Que engastalhava o cuspe na garganta
Com pena de jogar o cuspe fora...

Mas Nhô Chico sabia tanto ensino!
Assunto o céu sereno e não atino
Por onde sobe ele e se agasalha...

Pasmo, vejo o caixão roxinho perto;
Nhô Chico está no corpo, de olho esperto,
Caçando aflito um bolso na mortalha...


Do livro O espírito de Cornélio Pires, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



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