sábado, 15 de outubro de 2016

Contos e crônicas



Atendimento na AAS e cefaleia machadiana

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Após a conclusão de Memórias Póstumas, fui à editora entregar os textos digitados na atual versão do iPhone 7.0, adquirida em minha última viagem a New York, e dirigi-me à seção de entrega do arquivo original, conhecida pela sigla AAS, da editora Braziliense, na Capital do Brasil.
Ali, fui informado sobre a necessidade de, antes, ir a três outras seções para carimbar uma pequena guia de entrada do original. Depois de ter rodado como pião, voltei à AAS, às 10h15, mas dei com os burros n’água desse setor. Pois li com meus próprios olhos o seguinte aviso, colado internamente, no vidro da porta agora fechada:
Tendo em vista termos dedetizado a sala da AAS, não mais haverá expediente para o público externo hoje. Nossos funcionários estão trabalhando apenas internamente. Horário de atendimento: das 8h15 às 16h, de segunda a sexta-feira.
Na segunda-feira, voltei lá, pois fora informado de que a AAS seria a primeira e a última etapa da entrega. Ao ser atendido, porém, a funcionária da recepção esclareceu-me que o carimbo final do cupom seria dado no protocolo da editora, noutro setor, mas antes, eu deveria preencher um formulário, com todos os meus dados, inclusive telefone celular, e anexar cópia de minha identidade, após o que teria de percorrer cem metros até o fim da linha da burocracia...
Perguntei-lhe onde havia copiadora, para xerocar minha identidade e o formulário preenchido. A jovem disse-me que na biblioteca da editora eu encontraria uma dessas máquinas. A biblioteca ficava a duzentos metros do local onde estávamos.
Para lá fui e providenciei as cópias da documentação que levava em mãos. Em seguida, retornei ao sonhado protocolo, distante da AAS cerca de cem metros. Sem problema, pois sou um caminhante das ruas cariocas e, portanto, não há distância que me impeça alcançar meus objetivos.
Entreguei os documentos ao atendente do protocolo e ouvi deste a seguinte pergunta: — E a cópia da identidade, você a trouxe?
— ?... Meu Deus! As muitas letras estão acabando com o meu fosfato. A cópia esqueceu-me...
O jovem, todavia, numa demonstração de desprendimento inusitada, disse-me que copiaria minha identidade gratuitamente. Só havia uma condição, que aceitei: após a edição, eu deveria doar-lhe um dos meus livros com dedicatória de agradecimento.
Creio que, depois disso, fiquei mais desmemoriado do que se estivesse sofrendo do Mal de Parkinson. A cabeça doeu tanto, que tomei um AAS (ácido acetilsalicílico) para melhoral da cefaleia.
E nem me peça para explicar como é que pode haver expediente interno numa seção fechada e dedetizada, porque aí já é exigir demais, caro leitor. Pergunte lá na AAS.
Ainda bem que aquela não era uma repartição pública, onde somos SEMPRE muito bem atendidos.





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