terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Contos e crônicas


Os personagens ao longo do tempo

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Os olhos se viram. O sentimento sentia tão interiormente... de um tempo imensurável. E os olhos ainda se reconheciam, pois, seu brilho, nem os séculos podem mudar. Talvez aquele olhar tenha sido o mais observador de sua existência.
E a emoção trouxe o sorriso aos lábios; depois, a tristeza; em seguida, a surpresa; mais adiante, o contentamento de algo bom realizar. Trouxe também as decepções por tantas barbáries cometidas, por ter feito quantos olhos chorarem pela falta da indulgência deste único olhar.
Sua face deu lugar a inúmeras outras: menina, menino, negro, branco, homem, mulher, ocidental, oriental, espírito e novamente voltou ao retrato de sua alma atual.
A cada face lhe era impressa a sensação do personagem, ou seja, as consciências vividas amparadas pelas existências. De fato, foram muito poucas frente ao total que lhe pertence, de tudo o que está em sua linha do tempo e não há como apagar.
E os olhos se relembraram de que estavam aqui para mais uma atuação, ou melhor, um desempenho mais preciso, o que realmente lhe é esperado.
Outra vez mais o despertador se anunciou. O homem já estava no banheiro, de frente para o espelho, pois deveria se barbear e, de repente, sem compreender, tornou-se visitante de sua própria história. Mais alguns segundos, permaneceu estático até se mover para desligar o relógio.
Ele ainda se pôs diante do espelho para retomar o momento. No entanto, isso não lhe foi permitido. As oportunidades sempre visitam, então, há a importância de estar preparado para reconhecê-las e aproveitá-las.
E o homem observou mais um tempo sua face, seus olhos e teve saudade de estar consigo, porém compreendeu que sempre estará consigo e decidiu, assim, que seria para si o melhor amigo, fiel e amoroso. Suas conquistas sempre serão suas; suas faltas, precisará corrigi-las e seus méritos serão degraus para sua ascensão.
A experiência do momento o emocionou muito, pois percebeu que tão pouca atenção dispensa para tudo o que ainda de bom pode fazer, para o universo que é e continua em transformação.
Era um rosto... um rosto refletido no espelho.

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