terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Contos e crônicas


O mistério atrás da porta branca

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Davi tinha nove anos e morava numa casa bem simples num bairro afastado do centro. Moravam ele, o avô, a mãe e o irmão caçula; o pai vivia em outra cidade por questões profissionais. Todas as manhãs, Davi ia à escola como as crianças do local. Próximo do meio-dia, ele retornava à casa com muita fome.
‒ Mamãe, cheguei – Davi sempre se anunciava.
‒ Olá, filho – a mãe respondia já o abraçando.
‒ Oi, vô – ele cumprimentava o avô e o abraçava também.
‒ Oi, mano – abraçava o irmão.
Em seguida Davi lavava as mãos, tirava o uniforme e vestia uma roupa simples de casa.
A família rotineiramente almoçava junto; o avô explicara que a hora das refeições era sagrada e como eram importantes aqueles momentos.
‒ Como foi a manhã, filho?
‒ Foi tudo bem, mamãe.
A mãe não prolongou a conversa, pois percebeu que o filho estava mesmo com fome, depois do almoço, então, conversariam mais. A mãe sorriu.
O irmão caçula observava e fazia tudo como o irmão, até a forma como Davi pegava os talheres. E o almoço, mais uma vez, foi muito feliz. Agora, sim, poderiam conversar mais, pois com “barriguinha roncando não é fácil, não”, o avô costumava dizer.
E a família ficava ali sentada à mesa deixando os minutos passarem com calma. E a conversa agradável e engraçada acontecia. O avô amava os netos e olhava para eles com profunda ternura.
Mas o tempo passa e cada um precisa cuidar de seu afazer: a mãe e o avô, dos afazeres domésticos; Davi, dos escolares e o caçulinha, dos afazeres de brincar.
Davi foi para seu quarto e fechou a porta. Antes de fazer sua tarefa, como um ritual, sentou-se na cama, fechou os olhos e, com as mãos unidas à altura do peito, começou sua oração. Em segundos, algumas pessoas apareceram no local e ele, com os olhos abertos, agora, viu-as e sorriu para elas. Conversavam e, de algumas delas, recebia conselho e muito aprendizado. Eram seres bondosos e tranquilos, eram seus amigos de verdade. O avô de Davi já lhe havia explicado sobre este mundo aqui e o mundo dos pássaros, pois o avô lhe dissera que quando as pessoas morrem ficam bem levinhas e podem voar para onde quiserem e, muitas vezes, elas vêm em visita, mas não fazem mal.
E Davi sempre recebia, em seu quarto de porta branca, a visita de pessoas leves como os pássaros voando no céu.
   
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