quarta-feira, 31 de maio de 2017

Pílulas gramaticais (259)




Regência, em matéria gramatical, é o nome que se dá ao mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou um nome e seus complementos. Classifica-se em regência verbal e regência nominal.
Regência verbal
Se o termo regente é um verbo, temos a regência verbal.
Exemplos:
Ela gosta do rapaz. (Termo regente: gosta. Complemento: do rapaz.)
Ela ama o rapaz. (Termo regente: ama. Complemento: o rapaz.)
Regência nominal
Quando o termo regente é um nome, eis a regência nominal.
Exemplos:
Obediência aos pais. (Termo regente: obediência. Complemento: aos pais.)
Amor à pátria. (Termo regente: amor. Complemento: à pátria.)
Do desconhecimento das normas relativas à regência é que se originam muitos erros cometidos nos textos em geral. É claro que nos importa aqui a chamada norma culta, que é o que orienta o uso do idioma pelas pessoas que escrevem em jornais e revistas.
Na edição desta e da próxima semana focalizaremos em especial a regência verbal, examinando hoje qual é a regência aplicável aos verbos abraçar, ensinar e obedecer.
Abraçar:
a) no sentido de cingir, de apertar nos braços, pode ser:
•  transitivo direto: A avó abraçou-o comovida.
•  transitivo indireto: A jovem abraçou-se ao noivo, rindo muito.
b) no sentido de seguir, adotar, é transitivo direto:
•  Convertidos, os gentios também abraçaram o Cristianismo.
Ensinar:
Este verbo admite três diferentes regências:
•  Ensino-lhe a música.
•  Ensino-o a tocar.
•  Ensino-lhe a cantar.
Obedecer:
Este verbo é usado modernamente como transitivo indireto e o mesmo se dá com o verbo desobedecer:
•  O menino obedece aos pais.
•  Devemos obedecer às leis do país.
•  Obediente, a filha obedece-lhe em tudo.

*

Um leitor pergunta-nos qual é o significado da palavra rosicler.
Sinônimo de rosicré, o adjetivo rosicler [do francês rose + clair] designa a tonalidade róseo-pálida que lembra a da aurora. Conforme o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa designa – com valor de adjetivo – o que tem a cor da rosa e da açucena. E como substantivo: cor afogueada como a da rosa; colar (de pérolas); mina de prata vermelha; mineral composto de antimônio, enxofre e prata.
Com valor de substantivo, é usado ainda para designar essa tonalidade.
Exemplo:
O agricultor saía para o campo assim que despontava o rosicler da aurora.




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terça-feira, 30 de maio de 2017

Contos e crônicas


Reminiscência

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

‒ O senhor pode me ensinar a construir violinos? ‒ o menino Antoine perguntou ao antigo vizinho de bem antes de ele nascer.
Após a escola e o almoço, o menino se aproximava da oficina onde o senhor Marion construía muitas peças lindas em madeira. A casa mais antiga era a de Marion e a menos um pouco, ao lado, a de Antoine que nascera ali, herança de seus avós maternos. Por volta normalmente das catorze horas, o menino já estava sentado num banquinho construído pelo senhor e observando a arte que Marion dava a qualquer pedaço de madeira. Era antes um grande carpinteiro que se tornara um artista sensível, no entanto, sem alarde, apenas manteve-se com sua simplicidade.
O senhor construíra desde pequenos brinquedos a grandes móveis que enfeitavam as nobres casas francesas daquela região. E há alguns anos, ganhara muitas madeiras de boa qualidade e algumas delas apropriadas para o feitio de violinos ‒ madeiras que eram ideais para a acústica ‒, no entanto, nunca havia construído nenhum instrumento sequer. Mas, como ele sempre dizia, “tudo se pode aprender”, então, Marion foi em busca de projetos para a construção de violino. A mesma pessoa que o presenteara com as madeiras também havia encomendado o primeiro instrumento ao carpinteiro.
“Todo objetivo precisa de empenho”, uma das falas de Marion. E com este não fora diferente, pois não era tão comum encontrar um projeto ideal para um bom violino; porém, quem deseja sinceramente alcança o objetivo e, assim, Marion conheceu um senhor inglês radicado numa cidade bem próxima de onde morava que construía instrumentos de madeira com cordas. Além do objetivo, também angariou uma preciosa amizade de já alguns anos que dura até os dias presentes.
Marion tomou um grande gosto pela feitura de violinos que passou a ser o seu trabalho, vez ou outra construía outros objetos ou brinquedos. Ele se tornou um reconhecido luthier, não só da região como do país e referência no exterior. E Antoine nascera ali do lado e era natural ver um senhor construindo violinos.
No entanto, Antoine sabia que não eram violinos tão comuns, mas construídos com muito cuidado e requinte. O menino observava atenciosamente cada gesto e forma utilizados em cada parte da construção do instrumento. Sabia quais ferramentas seriam usadas, qual a sequência para a feitura, a medida das partes. Ele sabia que cada violino construído ali era “incomparável, único, por isso tão especial”, pois era assim que o senhor Marion falava em voz alta.
E naquele dia, sem responder ainda à pergunta, o luthier pediu ajuda ao menino, que segurasse o pedaço de madeira para o senhor terminar o acabamento; era uma encomenda feita por um dos mais renomados violinistas da Suíça. O projeto fora desenhado pelo próprio instrumentista, um design inovador e perfeito, pareceria inteiramente com vida o reverberar das notas no instrumento, seria pura emoção.
O pequeno Antoine segurou com precisão a madeira, uma das partes do violino. Com respeito pelo trabalho, com carinho pelo instrumento, com a certeza do magnífico som que sairia, foi assim que o menino ajudou o luthier.
Quando o sol já ameaçava esconder-se é que o senhor e o menino terminaram a parte do violino para aquele dia. O senhor Marion deu um sorriso de canto de boca, entretanto, seus olhos estavam radiantes.
E o senhor já havia percebido que Antoine amava violinos. Naquele fim de tarde, Marion ofereceu um violino da oficina com o arco para o menino vê-los de mais perto e senti-los. Agora, os olhos de Antoine é que estavam radiantes.
Ele observou cada partinha do instrumento, enquanto isso, o senhor organizava a oficina. E quando o último raio de sol se escondeu para iniciar o turno das estrelas, foi ouvido o som imensamente sensível vindo do instrumento das mãos de Antoine.
O senhor parou imediatamente o que fazia e muito devagar se virou para o menino.
‒ Sim, posso ensiná-lo a construir violinos já que é seu instrumento tão particular de há muito tempo... certamente de muitas existências ‒ falou em tom baixo ouvindo a melodia.

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segunda-feira, 29 de maio de 2017

As mais lindas canções que ouvi (244)


A noite do meu bem

Dolores Duran

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem.

Hoje eu quero paz de criança dormindo
E abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem.

Quero a alegria de um barco voltando,
Quero ternura de mãos se encontrando,
Para enfeitar a noite do meu bem...

Ah, eu quero o amor, o amor mais profundo,
Eu quero toda a beleza do mundo,
Para enfeitar a noite do meu bem.

Quero a alegria de um barco voltando,
Quero ternura de mãos se encontrando,
Para enfeitar a noite do meu bem.

Ah, como esse bem demorou a chegar,
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda pureza que quero lhe dar...



As cifras desta música você encontra em: http://www.cifras.com.br/cifra/dolores-duran/a-noite-de-meu-bem



Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos links indicados:
Maysa Matarazzo:
Analu e Raul Gil:
Elizete Cardoso:
Ângela Maria:
Nana Caymmi:




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domingo, 28 de maio de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo



Aristocracias

A falência moral que se observa nos quadros políticos e administrativos de nosso País, posta a nu pelas inúmeras ações realizadas pelo Ministério Público Federal, com apoio da Polícia Federal e o necessário respaldo do Judiciário, faz-nos lembrar um interessante estudo escrito por Allan Kardec a propósito do tema Aristocracias.
Publicado na 1ª parte do livro Obras Póstumas, o texto contém uma espécie de antevisão de Kardec acerca do advento futuro em nosso mundo do que ele chamou de aristocracia intelecto-moral.
Aristocracia é palavra que nos veio do grego Aristos, o melhor, e Kratus, poder. Significa, pois, o poder dos melhores, conquanto saibamos que o sentido primitivo da palavra foi por várias vezes deturpado.
De acordo com o estudo escrito por Kardec, verificaram-se na história da Humanidade terrena cinco espécies de aristocracia:
1ª - Aristocracia dos patriarcas - Nas sociedades primitivas, quando surgiu, em decorrência da formação dos grupos sociais, a necessidade de uma autoridade, esta foi conferida aos chefes de família, aos anciãos e aos patriarcas. Surgia desse modo a primeira de todas as aristocracias, um fenômeno que ainda se vê em pleno século 21 em algumas comunidades indígenas.
2ª - Aristocracia da força - Com o surgimento dos conflitos e das guerras, a autoridade foi sendo transferida aos poucos para os indivíduos fortes e vigorosos, ocorrendo então o advento dos chefes militares. Nascia com isso o segundo modelo de aristocracia.
3ª - Aristocracia do nascimento - Os detentores do poder foram, com o tempo, transferindo seus privilégios e sua autoridade aos descendentes. Nascia então o terceiro modelo de aristocracia, geralmente fundamentada em leis outorgadas por quem estava no poder e nisso tinha particular interesse. Na organização política atual, como ocorre, por exemplo, no Brasil, governadores, prefeitos, senadores e deputados costumam inserir seus filhos e netos na política, transferindo-lhes seu prestígio e seus votos, o que constitui um resquício do terceiro modelo de aristocracia surgido no mundo.
4ª - Aristocracia do dinheiro - Com o surgimento das grandes fortunas, elevou-se na Terra um novo poder, o do ouro, visto que com o ouro pode-se dispor de homens e coisas. O que não se concedia mais aos títulos, concedia-se à fortuna e esta, como ainda é bastante comum em nossos dias, passou a ser detentora do poder. Foi esse o quarto modelo de aristocracia em nosso mundo.
5ª - Aristocracia da inteligência - Este modelo é o que se vai insinuando no mundo, em que técnicos e especialistas nas mais diferentes áreas é que ditam as regras que governam os povos. Ocorre que a inteligência, por si só, não é garantia de que todos os seres humanos serão de igual modo contemplados pelos detentores do poder. O desenvolvimento intelectual sem o guia dos princípios morais pode, como ninguém ignora, ter consequências desastrosas para a sociedade.
Kardec previu, então, no texto que mencionamos, o surgimento de uma sexta forma de aristocracia no mundo, como decorrência da própria evolução da Humanidade – a aristocracia intelecto-moral –, em que, por definição, a inteligência e a moralidade estarão presentes na autoridade, à qual todos podem submeter-se, confiados em suas luzes e em sua justiça. 
Fato semelhante já se vê em algumas comunidades espirituais, como a colônia “Nosso Lar”, descrita por André Luiz no livro de mesmo nome. O governador da citada colônia reuniria as duas condições que o Codificador do Espiritismo assinala como características da aristocracia intelecto-moral e, por isso, sua autoridade era respeitada por todos.
É importante, contudo, reconhecer, dado o atraso moral que caracteriza a maioria dos habitantes do nosso mundo, que a sexta forma de aristocracia prevista por Kardec é algo para um futuro muito distante, quando a evolução do planeta assim o permitir. Dar-se-á, então, em nosso mundo o que já se verifica nas relações além-túmulo, como podemos inferir à vista da informação abaixo reproduzida:

274. Da existência de diferentes ordens de Espíritos, resulta para estes alguma hierarquia de poderes? Há entre eles subordinação e autoridade?
“Muito grande. Os Espíritos têm uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado, autoridade que eles exercem por um ascendente moral irresistível.”
a) Podem os Espíritos inferiores subtrair-se à autoridade dos que lhes são superiores?
“Eu disse: irresistível.” (O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capítulo VI, questões 274 e 274-a.)



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sábado, 27 de maio de 2017

Contos e crônicas


Um homem célebre

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Ah! o senhor é o Vicente Vítor? 
Bem-humorado, Vicente, moço de 27 anos, disse-lhe que sim, era o próprio.
Estavam num sarau organizado pela viúva Camargo, em maio de 1884, e quem fizera a pergunta fora Sinhazinha Mota, menina de dez anos, admiradora de Vítor, pelas obras clássicas maravilhosas que este compunha.
Vicente sonhava compor música pop, embora houvesse herdado de seu pai o gosto pelos grandes clássicos: Bach, Beethoven, Chopin, Schumann, Mozart... O motivo era simples: as cantigas populares vendiam milhões de cópias, ao passo que as composições clássicas apenas eram apreciadas nas altas rodas sociais.
O produtor musical de suas obras, entretanto, bem como seus amigos e amigas, gostavam muito das composições de Vicente. Certo dia em que este compôs uma sonata, intitulou-a Viúva Camargo, nome da senhora de 28 anos com a qual sonhava casar-se e que era a linda e jovem mãe de Sinhazinha Mota. O editor, porém, discordou:
— Vicente, sua composição é sublime demais para que você não lhe dê o título de Ave Maria dos ricos de espírito.
Vicente Vítor não gostava de contrariar seu editor musical, que já lançara trinta de suas composições; por isso, sufocou sua paixão e concordou com ele. Somente impôs uma condição: que fosse gravada no disco uma dedicatória: “À Excelentíssima Senhora Marina Camargo”. Assim foi feito, e o disco alcançou enorme sucesso de público e a gratidão da viúva, que aceitou casar-se com Vítor, por quem também se apaixonou, seis meses depois.
Infelizmente, porém, a viúva era tísica e, no ano seguinte ao casamento, ou seja, em 1885, entregou sua alma a Deus.
A partir desse dia, Vicente Vítor deixou de compor os clássicos e resolveu voltar ao seu antigo sonho de produzir música pop. Entretanto, sentava-se ao piano, começava a escrever e... nada de música pop. Somente lhe ocorriam sons de chuva caindo, árias angelicais, réquiens e sonatas ao luar, entre outros acordes clássicos. O luto não o deixava, e seu produtor já o procurara, preocupado com sua falta de inspiração.
Numa manhã, ao sair de casa totalmente concentrado na ideia de produzir um grande sucesso musical country, seu mordomo perguntou-lhe se Vítor não desejaria levar o guarda-chuva, pois a natureza anunciava temporal.
Ouvindo isso, o festejado compositor clássico adentrou novamente a casa, sentou-se ao piano e compôs... mais uma música clássica. A última de sua vida.
Não me peça as cifras, amigo leitor, mas o título e a letra são estes:

Noite da Rainha

A tristeza arde no meu coração.
Morta! e o desespero arde no meu peito.
Morta! e o desespero arde no meu peito.
Não mais sentir você.
Marina!
Não mais ouvir seu sorriso.
Menina!
Não tem mais jeito.
Dor e saudade da morta querida.
Dor e saudade da morta querida.
Nunca mais ver minha mulher.
Oh, nunca mais!
Oh, nunca mais!
Jamais terei nos braços minha amada,
A musa inspiradora dos meus versos.
Oh, não se vá! fique mais um pouco.  
Oh, não se vá! Não me deixe louco.
Não me abandone para sempre!
Não me deixe eternamente!
Mas eis que um vulto se aproxima,
É Marina! É Marina!
Abre seus braços e me chama:
Oh, meu amigo!
Oh, vem comigo!
Era noite,
Noite da rainha!

Foi um sucesso de venda. Nada menos de quinhentas cópias... Uma delas foi colocada no túmulo do casal que, conforme seu desejo, fora sepultado junto.





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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





A Reencarnação

Gabriel Delanne

Parte 6

Continuamos o estudo do clássico A Reencarnação, de Gabriel Delanne, de acordo com a tradução feita por Carlos Imbassahy publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que vinculação existe entre o sistema nervoso e o perispírito?
B. Que experiências estabeleceram a certeza absoluta da existência do perispírito?
C. É possível ativar a recordação do passado por meio do magnetismo?
D. Que fato torna possível renovar as lembranças do passado a uma pessoa que, mesmo desencarnada, tenha esquecido suas existências anteriores?

Texto para leitura

92. Se admitirmos, com Claude Bernard, que todos os movimentos produzidos no organismo exigem a destruição da substância viva, como explicar que nos velhos são as lembranças da mocidade que mais persistem? Essa anomalia seria inexplicável, se o sistema nervoso fosse o registrador de todas as sensações, e não o perispírito. (PÁG. 142)
93. É aqui que intervém o ensino de Kardec sobre o corpo espiritual, a que deu o nome de perispírito: ele é o molde no qual a matéria física se incorpora, ou, mais exatamente, o plano ideal que contém as leis organogênicas do ser humano. (PÁG. 142)
94. Ligado ao corpo por intermédio do sistema nervoso, toda sensação, que abala a massa nervosa, desprende essa espécie de energia a que deram os mais diversos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força psíquica... (PÁG. 142)
95. Essa energia age sobre o perispírito para comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território nervoso excitado (vibração visual, auditiva, táctil, muscular etc.), de maneira que a atenção da alma seja acordada e se produza o fenômeno da percepção. (PÁG. 142)
96. Desde esse momento, essa vibração faz parte, para sempre, do organismo perispiritual, porque, em virtude da lei de conservação da energia, ela é indestrutível. (PÁGS. 142 e 143)
97. Foram as experiências espíritas que estabeleceram a certeza absoluta da existência desse corpo espiritual, que se torna visível durante o desdobramento do ser humano, as aparições e as materializações. (PÁG. 143)
98. Porque o perispírito é indestrutível, conservamos após a morte a integridade de nossas aquisições e a memória. (PÁG. 143)
99. A separação entre o espírito e a matéria produz um período de perturbação, durante o qual a alma não tem consciência exata de sua nova situação; pouco a pouco, essa espécie de doença perispiritual tem fim, quer normalmente, quer sob a influência dos Espíritos protetores. (PÁG. 144)
100. Em certos pacientes o estado fisiológico é inseparável do psicológico, que lhe está associado; isso nos permite entender como, durante uma materialização, o Espírito pode reconstituir seu corpo físico por simples ato de sua vontade, isto é, por autossugestão. (PÁG. 144)
101. Se a memória da última vida terrestre é renovada depois da morte, o mesmo não se dá, em muitos casos, com as existências anteriores. (PÁG. 145)
102. Vimos que existem séries de memórias superpostas e que as camadas superficiais são acessíveis à consciência; se quisermos penetrar, porém, mais profundamente no armazém das lembranças, é preciso mergulhar o paciente no estado sonambúlico, para dar ao perispírito o movimento vibratório que lhe é próprio. Há no corpo espiritual zonas de  intensidade vibratória prodigiosamente diversas, e as camadas perispirituais das vidas anteriores têm um mínimo de movimentos vibratórios, que as torna inconscientes para os Espíritos pouco evolvidos: é por isso que ignoram se viveram anteriormente. (PÁG. 145)
103. É possível despertar tais recordações, magnetizando-os. Kardec alude a isso na "Revista Espírita" (caso Dr. Cailleu). Se magnetizarmos um paciente terrestre, de maneira a atingir as camadas profundas do perispírito, poderemos renovar a memória de suas vidas anteriores, como fizeram os espíritas espanhóis e o Coronel de Rochas. (PÁGS. 146 e 147)
104. Em 1887, Fernandez Colavida obteve idêntico resultado, no Grupo Espírita "Paz", na Espanha. O registro é de Estevan Marata. (PÁG. 149)
105. Em obra publicada em 1911, o Coronel de Rochas refere suas experiências de regressão de memória, com passes e sugestão. (PÁG. 158)
106. Flournoy, professor de Psicologia em Genebra, estudou de perto o caso Helena Smith, que descrevia duas existências anteriores, como Maria Antonieta e uma princesa hindu, e a vida no planeta Marte. (PÁGS. 159 e 160)
107. No caso da princesa Simandini, as investigações do prof. Flournoy conduzem à conclusão de que Helena é a reencarnação da princesa. (PÁG. 163)
108. Para Flournoy, a mediunidade não é incompatível com uma vida normal e regular, e o médium não é necessariamente um nevropata. (PÁG. 164)
109. A experiência confirma o despertar dos conhecimentos anteriormente adquiridos, no período de transe do estado sonambúlico. (PÁGS. 166 e 167)
110. Muitos exemplos mostram Espíritos descrevendo, em sessões mediúnicas, suas vidas anteriores e dando provas disso. (PÁGS. 168 e 169)
111. Todas as sensações visuais, auditivas, tácteis, cenestésicas, que agem sobre nós, ficam gravadas de maneira indelével no perispírito e podem renascer espontaneamente, ou durante o sono sonambúlico. (PÁG. 170)
112. Parece que cada período da vida deixa no perispírito impressões sucessivas inapagáveis, formadas por associações dinâmicas estáveis que se superpõem sem se confundir, mas cujo movimento vibratório diminui à medida que o tempo passa, até cair abaixo do limiar da consciência espírita. (PÁG. 170)
113. Se dermos a esse corpo fluídico movimentos vibratórios análogos aos que ele registrou em qualquer momento de sua existência, far-se-á renascer todas as lembranças concomitantes desse período. (PÁG. 171)
114. Foi o que sucedeu nas experiências de Richet, Bourru, Burot, Pitres, Rochas e outros, mas nem todos os pacientes se acham aptos a fazer renascer o passado, em virtude de múltiplas causas, e a principal resulta, ao que parece, do que se poderia chamar a densidade perispiritual, isto é, a imperfeição relativa do corpo fluídico, cujas vibrações não podem achar a intensidade necessária para ressuscitar o passado. (PÁG. 171)

Respostas às questões preliminares

A. Que vinculação existe entre o sistema nervoso e o perispírito?
A vinculação entre um e outro é ampla. O corpo espiritual, ou perispírito, é o molde no qual a matéria física se incorpora, ou, mais exatamente, o plano ideal que contém as leis organogênicas do ser humano. Ligado ao corpo por intermédio do sistema nervoso, toda sensação, que abala a massa nervosa, desprende essa espécie de energia a que deram os mais diversos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força psíquica... Essa energia age sobre o perispírito para comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território nervoso excitado (vibração visual, auditiva, táctil, muscular etc.), de maneira que a atenção da alma seja acordada e se produza o fenômeno da percepção. (A Reencarnação, cap. VII, págs. 142 e 143.)
B. Que experiências estabeleceram a certeza absoluta da existência do perispírito?
Foram as experiências espíritas que estabeleceram a certeza absoluta da existência do corpo espiritual, que se torna visível durante o desdobramento do ser humano, as aparições e as materializações. (Obra citada, cap. VII, pág. 143.)
C. É possível ativar a recordação do passado por meio do magnetismo?
Sim, é possível despertar tais recordações, magnetizando o indivíduo. Kardec alude a isso na "Revista Espírita" (caso Dr. Cailleu). O Coronel de Rochas e Fernandez Colavida comprovaram experimentalmente essa possibilidade. (Obra citada, cap. VII, págs. 145 a 149.)
D. Que fato torna possível renovar as lembranças do passado a uma pessoa que, mesmo desencarnada, tenha esquecido suas existências anteriores?
Todas as sensações visuais, auditivas, tácteis, cenestésicas, que agem sobre nós, ficam gravadas de maneira indelével no perispírito e podem renascer espontaneamente, ou durante o sono sonambúlico. Parece que cada período da vida deixa no perispírito impressões sucessivas inapagáveis, formadas por associações dinâmicas estáveis que se superpõem sem se confundir, mas cujo movimento vibratório diminui à medida que o tempo passa, até cair abaixo do limiar da consciência espírita. Se dermos a esse corpo fluídico movimentos vibratórios análogos aos que ele registrou em qualquer momento de sua existência, far-se-á renascer todas as lembranças concomitantes desse período. (Obra citada, cap. VII, págs. 166 a 171.)


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:






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