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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Lágrima, suave remédio


ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG

Quase todas as religiões, senão todas, tiveram seus princípios imaginados por alguns de seus líderes, e aceitos pelos que os seguiram depois. Alguém precisava explicar certas coisas, ou responder a certas perguntas, e punha a trabalhar a imaginação. Algumas ideias aceitáveis provavelmente vinham de cima pelos canais normais da intuição. Outras, não. Eram puro exercício de adivinhação.
A ideia do inferno, por exemplo, que acompanha certos crentes desde tempos imemoriais, é uma ideia interessante, nascida do senso de justiça presente na consciência do ser humano. Tal como a ideia do céu.
Não tendo como entender o funcionamento da justiça  divina, o homem imaginou, com razão, que o mal haveria de ser punido, assim como o bem teria que ser  recompensado. Vendo o mal prosperar de tal forma entre os homens, ao lado do bem, quase sempre espezinhado nos trancos da vida, nada mais justo que, depois da morte, um fosse punido, enquanto o outro tivesse régia recompensa.
Como a dor mais difícil de suportar era, e continua sendo, a dor da queimadura, eis o inferno. Como o bom da vida é ficar à toa, de papo pro ar, sem compromisso com nada, eis a ideia do céu.
Só que tais ideias chocam com a razão e fazem de Deus um juízo muito desrespeitoso. Como imaginar que um Pai magnânimo e bom pudesse admitir a hipótese de ter filhos eternamente apartados de seu carinho e de seu afeto? Que tipo de crime mereceria punição tão desumana?
Claro que o mal há de ser eliminado e o bem há de ser enaltecido. Não, porém, no caso do mal, como punição, mas como correção, como aprendizado.
O Espiritismo veio nos dizer que o mal é fruto da ignorância. Não existe por si mesmo. É consequência de falta de conhecimento, de educação. É doença séria que o conhecimento há de curar. E, como toda doença séria, tem tratamento doloroso, difícil, demorado. A cada existência vamos nos curando um  pouco.
Às vezes, o remédio é a lágrima. Nada melhor para nos lavar a alma e o coração. E para nos ensinar a viver.  


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