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sábado, 26 de janeiro de 2013

Pérolas literárias (20)


O surdo, o cego, o mudo

João Antônio Neto


Surdo... sem nunca ouvir o grito agudo
Ou a palavra, de perto, murmurada...
Cego... pensar em rosas de veludo,
E pisar nos espinhos da jornada!...

Surdo, sem som... Cego, sem luz... E mudo,
Sem voz que diga, numa frase alada,
Um pouco da tristeza que anda em tudo
E da alegria que não falta em nada!...

Saber, em vão, que o som de tudo espouca...
Sentir que há luz e nunca um raio achar-lhe...
Querer dizer, e a voz não vir à boca...

Passar, às vezes, pelo amor... sem vê-lo
Vê-lo passar... e não poder falar-lhe...
Sentir o amor falar... sem compreendê-lo!...


Soneto publicado no livro Poetas Mato-Grossenses, editado por Rubens de Mendonça em 1958.


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