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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Pérolas literárias (24)


A morte de Nhá Mina

Cornélio Pires

Nhá Mina morre aos poucos, num palheiro!...
Lembra a orquestra do Mestre Carmelinho...
Quando moça, rasgava o cavaquinho
Nas noites de alegria no terreiro.

Sozinha lembra... A flauta de Antoninho,
A sanfona de Juca Funileiro,
Depois... o mundaréu triste e inzoneiro (1),
Os maus-tratos e as mágoas do caminho...

Larga o corpo... Ouve acordes na janela,
A orquestra antiga toca junto dela,
Juca, Antoninho, Rita, Zico Prata...

A lua brilha... A noite é uma beleza!...
Nhá Mina sai... Parece uma princesa
Que vai casar no céu com serenata.


(1)  Inzoneiro (adjetivo bras.) - mexeriqueiro, intrigante; mentiroso; sonso; manhoso. 

Soneto publicado no livro O Espírito de Cornélio Pires, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


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