A morte de Nhá Mina
Cornélio Pires
Nhá Mina morre aos
poucos, num palheiro!...
Lembra a orquestra do
Mestre Carmelinho...
Quando moça, rasgava
o cavaquinho
Nas noites de alegria
no terreiro.
Sozinha lembra... A
flauta de Antoninho,
A sanfona de Juca
Funileiro,
Depois... o mundaréu
triste e inzoneiro (1),
Os maus-tratos e as
mágoas do caminho...
Larga o corpo... Ouve
acordes na janela,
A orquestra antiga
toca junto dela,
Juca, Antoninho,
Rita, Zico Prata...
A lua brilha... A
noite é uma beleza!...
Nhá Mina sai...
Parece uma princesa
Que vai casar no céu
com serenata.
(1)
Inzoneiro (adjetivo bras.) - mexeriqueiro, intrigante; mentiroso; sonso;
manhoso.
Soneto publicado no livro O Espírito de Cornélio Pires, obra
psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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