Há uma
diferença nítida no significado dos vocábulos ambição e ganância.
O dicionário
Aurélio define do seguinte modo as palavras citadas:
Ambição -
desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o
amor-próprio (poder, glória, riqueza, posição social, etc.); desejo ardente de
alcançar um objetivo de ordem superior; aspiração, anelo; aspiração
relativamente ao futuro; desejo intenso.
Ganância -
ambição de ganho; ganho ilícito; usura; por extensão: ambição desmedida.
O assunto vem
a propósito da crise econômica que tem abalado a sociedade terrena nos últimos
anos, especialmente na Europa, a qual, em se ampliando, acaba em última análise
por afetar as pessoas mais pobres, vítimas diretas da falta de emprego.
As
dificuldades por que passam gregos, espanhóis e portugueses são exemplo bem
claro do que dizemos.
Vários
analistas daqui e do exterior associaram a origem da crise atual – posta a nu
anos atrás – à ganância de executivos dos grandes bancos e das pessoas em geral
que viram na especulação a possibilidade de enriquecerem. A ganância estimulou
investimentos sem as garantias devidas, o que levou à insolvência ou a perdas
gigantescas bancos e empresas nos vários continentes da Terra.
Na análise
dos especialistas procurou-se, corretamente, distinguir ganância de ambição.
Ora, a
aspiração de uma vida melhor, a busca do bem-estar, o desejo de progredir nada
têm de mau. A Doutrina Espírita, por exemplo, considera-os algo normal,
inerente ao ser humano, que acarreta, por consequência, o progresso material da
sociedade.
A ambição é,
na opinião de vários economistas, o motor que move a sociedade capitalista e,
nesse sentido, nenhum reparo se pode fazer a ela, cabendo-nos apenas ressalvar que
o homem não é, em verdade, proprietário de nada, mas tão-somente usufrutuário
de bens que um dia terá de restituir, quando do seu retorno à verdadeira vida,
ocasião em que carregará consigo apenas o conhecimento adquirido, as virtudes
conquistadas e nada mais.
Diferente
dela é a ganância, cuja melhor definição, à vista da lição contida no Aurélio,
é mesmo ambição desmedida, ou seja, ambição sem limite, ambição que não hesita
em usar todo e qualquer meio para se obter uma vantagem. Não foi, pois, sem
razão que a Igreja listou a cupidez – a ambição desmedida por riquezas – como
um dos sete pecados capitais.
Quando o
homem entender o significado da vida e o objetivo real de nossa passagem pela
experiência corpórea, é evidente que situações como essas não mais existirão.
Claro que
estamos distantes disso, dada a inferioridade geral que caracteriza o planeta.
Mas, com certeza, esse dia chegará e as pessoas compreenderão, então, que a
busca do bem-estar deve ser algo natural que não prejudique a ninguém e seja a
consequência direta do nosso trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário