Um jovem
pertencente às hostes evangélicas disse, maravilhado, a um amigo espírita ter
aprendido com o pastor de sua igreja que, conforme ensina Tiago em sua epístola
famosa, "a fé sem obras é morta", embora a admissão dessa verdade não
implique diminuição da importância da fé na vida de todos nós.
Como se sabe,
a carta de Tiago foi até poucos anos atrás relegada pelos cristãos a plano
secundário, sobretudo depois que Lutero a chamou pejorativamente de
"epístola de palha", em razão de sua "pobre doutrina
dogmática". Talvez esteja nesse fato a razão pela qual as religiões
protestantes em geral, incluindo aí as igrejas evangélicas, não têm dado às
obras e à caridade a ênfase que elas merecem.
A
receptividade do jovem evangélico à lição de Tiago e a honestidade intelectual
do pastor são, pois, surpreendentes, conquanto devessem constituir a regra de
conduta de todos aqueles que se valem das Escrituras para abonar o que pregam e
aconselham.
Por que
dizemos isto?
A resposta é
simples: a epístola firmada por Tiago é, dentre todas as cartas apostólicas, a
que maior e mais ampla fundamentação encontra no Novo e no Antigo Testamento,
como podemos conferir nos textos bíblicos que se seguem:
Isaías, 1:16
a 1:31.
Isaías, 58:1
a 58:14.
Zacarias, 7:1
a 7:14.
Eclesiástico,
7:21 a 7:40.
Mateus,
7:21-23 e 7:24-27.
Mateus, 22:35
a 40.
Mateus, 25:31
a 46.
Lucas, 10:25
a 37.
Paulo, 1ª Epístola
aos Coríntios, 13:1-13, e 2ª Epístola aos Coríntios, 5:10.
Pedro, 1ª Epístola,
4:8.
Não foi, pois,
sem razão que, reportando-se ao tema da caridade, a doutrina espírita firmou os
quatro princípios seguintes, que devem ou deveriam nortear os passos de todo
aquele que deseje fazer mais frutífera sua passagem por este globo:
- Não basta abster-se de praticar o mal; é preciso fazer todo o bem que esteja ao nosso alcance. (O Livro dos Espíritos, 642.)
- Só o bem é que assegura nossa sorte futura. (O Livro dos Espíritos, 982.)
- Reconhece-se o cristão por suas obras. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 18:16.)
- Fora da caridade não há salvação. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
15:5 e 15:10.)
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