CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Numa árvore
não muito alta nem tão vistosa, mas acolhedora, havia uma casinha de madeira,
sem paredes, com ração e água para os livres pássaros, da região, poderem
também se alimentar. Era um mimo para esses pequeninos, além da comida habitual
fornecida pela natureza. O dono do quintal, onde estava a pequena árvore,
colocara com carinho esse pouso para mais uma refeição.
Diversos
pássaros vinham à casa da árvore: canário-da-terra, rolinha, sanhaço,
saíra-sete-cores, sabiá-laranjeira e o sabiá-poca. Eram lindas aves. Havia os
que queriam toda a comida para si ou o espaço inteiro da casinha; ainda não
compreendiam que sempre haverá para todos. Talvez seja o instinto de
preservação.
No entanto,
um canário-da-terra do peito amarelo ouro encantava os olhos. Ele procurava
organizar o andamento das visitas para que todos aproveitassem da mesma maneira
esse presente. Também se alimentava, mas seus olhinhos observavam, atentamente,
o desenvolvimento da casa da árvore.
Certa hora,
ele percebeu que um passarinho saíra-sete-cores adulto estava com dificuldade
para comer, parecia fraco para se alimentar. O canário-da-terra se aproximou e,
com cuidado e leveza, pois não imaginava como o saíra poderia reagir, levou um
pouquinho de quirera para o bico dessa ave mais fraquinha.
O saíra,
ressabiado, observou e, bem devagar, abriu o biquinho; como um filhote frágil,
recebeu o alimento doado por um companheiro de jornada.
Depois de
alguns dias e mais fortalecido, o saíra-sete-cores voltou à casa da árvore, mas
não para só comer. Aguardou, em um dos cantos da casa suspensa, aquele
canário-da-terra que o ajudara. Logo chegou e, como de fato, estava ajudando os
mais necessitados.
Então, o saíra se aproximou e, com um afago de
pássaro, agradeceu ao canário-da-terra do peito amarelo ouro. Este já
compreendera que quando houver a oportunidade de ajudar, é essa a decisão a ser
tomada, e quando houver a necessidade de amparo, ter, assim, a humildade para
recebê-lo.
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