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quarta-feira, 15 de maio de 2013

O passarinho do peito amarelo ouro


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Numa árvore não muito alta nem tão vistosa, mas acolhedora, havia uma casinha de madeira, sem paredes, com ração e água para os livres pássaros, da região, poderem também se alimentar. Era um mimo para esses pequeninos, além da comida habitual fornecida pela natureza. O dono do quintal, onde estava a pequena árvore, colocara com carinho esse pouso para mais uma refeição.
Diversos pássaros vinham à casa da árvore: canário-da-terra, rolinha, sanhaço, saíra-sete-cores, sabiá-laranjeira e o sabiá-poca. Eram lindas aves. Havia os que queriam toda a comida para si ou o espaço inteiro da casinha; ainda não compreendiam que sempre haverá para todos. Talvez seja o instinto de preservação.
No entanto, um canário-da-terra do peito amarelo ouro encantava os olhos. Ele procurava organizar o andamento das visitas para que todos aproveitassem da mesma maneira esse presente. Também se alimentava, mas seus olhinhos observavam, atentamente, o desenvolvimento da casa da árvore.
Certa hora, ele percebeu que um passarinho saíra-sete-cores adulto estava com dificuldade para comer, parecia fraco para se alimentar. O canário-da-terra se aproximou e, com cuidado e leveza, pois não imaginava como o saíra poderia reagir, levou um pouquinho de quirera para o bico dessa ave mais fraquinha.
O saíra, ressabiado, observou e, bem devagar, abriu o biquinho; como um filhote frágil, recebeu o alimento doado por um companheiro de jornada.
Depois de alguns dias e mais fortalecido, o saíra-sete-cores voltou à casa da árvore, mas não para só comer. Aguardou, em um dos cantos da casa suspensa, aquele canário-da-terra que o ajudara. Logo chegou e, como de fato, estava ajudando os mais necessitados.
Então, o saíra se aproximou e, com um afago de pássaro, agradeceu ao canário-da-terra do peito amarelo ouro. Este já compreendera que quando houver a oportunidade de ajudar, é essa a decisão a ser tomada, e quando houver a necessidade de amparo, ter, assim, a humildade para recebê-lo.

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