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terça-feira, 4 de junho de 2013

A obsessão e seu tratamento

Realizamos hoje à noite no “Nosso Lar”, em Londrina, o seminário “A obsessão e seu tratamento”, que foi desdobrado em duas partes. A parte final será apresentada na próxima terça-feira.

Os tópicos tratados nesta noite foram:
1. Conceito de obsessão
2. Diferença entre obsessão e loucura
3. Causas da obsessão
4. Profilaxia e tratamento da obsessão.

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Eis, na sequência, a reprodução do texto que serviu de base ao seminário:

1. Conceito de obsessão

A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

2. Diferença entre obsessão e loucura

Obsessão não é loucura, mas pode produzi-la, se a ação malfazeja de um Espírito sobre outro for persistente e não tratada a seu devido tempo. Nesse caso, é preciso compreender que a ação persistente pode produzir lesões físicas, muitas vezes irreversíveis.
Determinadas síndromes ou enfermidades, como a epilepsia, a histeria, a esquizofrenia e outras formas de alienação mental nada têm a ver, em princípio, com a ação obsessiva que é identificada na doutrina espírita como obsessão ou possessão, embora em certos casos exista semelhança na ocorrência do surto psicótico.
No livro "Grilhões Partidos", de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado pelo médium Divaldo Franco, é apresentado o caso da jovem Ester, que fora internada sob o diagnóstico de esquizofrenia, mas que, em verdade, estava sofrendo um doloroso caso de subjugação obsessional.
A perturbação mental manifesta-se de duas maneiras diferentes: com e sem lesão cerebral. Bezerra de Menezes, no livro "A Loucura sob Novo Prisma", sugere, para casos distintos, tratamentos distintos. Se o problema não é orgânico-cerebral, é preciso levar em conta as causas extrafísicas atuantes.
Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", sustenta que entre os tidos por loucos muitos há que são apenas subjugados. A recíproca é também verdadeira, como é registrado pela experiência de médicos como o Dr. Inácio Ferreira. É preciso, portanto, muito cuidado para se evitar diagnósticos apressados.
Na obsessão, o que determina a perturbação é a interposição de fluidos do obsessor entre o agente (alma encarnada) e o instrumento de que ela se serve em sua ação mental (cérebro). Tanto na loucura propriamente dita, como no processo obsessivo, o que existe é uma irregularidade na transmissão ou manifestação do pensamento.
Se existe uma incapacidade física, material, orgânica do cérebro para receber e transmitir fielmente as cogitações da alma, temos a chamada loucura. Se há somente a interrupção do fluxo dessas cogitações, que não chegam integralmente ao cérebro, eis a obsessão.
Os especialistas da área médica, como o Dr. Célio Trujilo Costa, psiquiatra espírita que atuou por muito tempo no Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, dizem ser muito difícil afirmar, ao primeiro exame, se se trata de loucura ou de obsessão, pois há componentes de uma e outra em ambos os casos.
Os evangelistas Marcos, Lucas e Mateus narram inúmeros casos de possessão que impunham ao enfermo uma incapacidade física qualquer, como cegueira, paralisia, crises epilépticas, mudez, que cessavam assim que o paciente era libertado.

3. Causas da obsessão

A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada prova ou expiação e como tal aceita.
A obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau.
Quase sempre, a obsessão exprime a vingança que um Espírito tira e que, com frequência, se radica nas relações que o obsidiado manteve com ele em precedente existência. Mas pode também ter como causa fatores outros, como a inveja e o ciúme.

4. Profilaxia e tratamento da obsessão

O tratamento da obsessão exige, como condição indispensável, a transformação moral do paciente. É fundamental a elevação de seu padrão vibratório, através de bons pensamentos, bons sentimentos e bons atos.
A prática do bem e a confiança em Deus aparecem, assim, como fatores essenciais na desobsessão. Essa é a razão pela qual se diz, com propriedade, que, no tocante à obsessão, o melhor médico do indivíduo que sofre o processo obsessivo é ele mesmo.
A causas físicas se opõem forças físicas; a uma causa moral, temos que opor uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor.
O auxílio de terceiros faz-se, porém, indispensável quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre-arbítrio. Além disso, nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele.
É desse fluido que importa desembaraçá-lo. Mas um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. Esta a ação mecânica, mas que, infelizmente, não basta.
É necessário, também, que se atue sobre o ser inteligente que promove a obsessão, ao qual importa se possa falar com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. Quanto maior for esta, tanto maior será igualmente a autoridade.
Para garantir-se a libertação, cumpre induzir o Espírito obsessor a renunciar aos seus maus desígnios e fazer com que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, objetivando a sua educação moral, com o que pode-se lograr a dupla satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
A tarefa apresenta-se mais fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, presta o concurso da sua vontade e da sua prece. Mas isso não se dá quando, seduzido pelo Espírito embusteiro, se ilude no tocante às qualidades daquele que o domina e se compraz no erro em que este último o lança.
Em todos os casos de obsessão, os imortais são categóricos: a prece é o mais poderoso auxiliar de quem haja de atuar sobre o Espírito obsessor.
É preciso que o obsidiado também ore, não só por si, mas pelo Espírito que o assedia. No cap. 28 de “O Evangelho segundo o Espiritismo” Allan Kardec fornece exemplos dessa prece.

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Na próxima terça-feira apresentaremos aqui a conclusão do seminário, para que os leitores deste blog, caso queiram, possam acompanhar os estudos que fizemos.



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