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domingo, 9 de junho de 2013

Evocação é pecado e a reencarnação, uma heresia


   Os teólogos mudaram por completo o tom das críticas que fazem ao Espiritismo. Já foi o tempo em que as comunicações mediúnicas eram tidas como coisa do “demônio” e em que os médiuns não passavam de farsantes.
Essa postura nova pode ser encontrada em obras diversas, como por exemplo no livro intitulado “Espiritismo e Fé”, de frei Boaventura Kloppenburg, publicado pelo Círculo de Leitura em 1986.
Frei Kloppenburg é velho conhecido dos espiritistas brasileiros, devido às diversas publicações de sua lavra dirigidas contra os “heréticos” do século XX. Na obra citada o teólogo assume, no entanto, uma posição curiosa. Primeiro, declara que jamais a Igreja atribuiu oficialmente ao demônio as comunicações do Além. De acordo com seu ponto de vista, as comunicações espíritas são perfeitamente possíveis; o erro seria evocar os Espíritos e estaria aí o “pecado” dos espiritistas.
A evocação – ou seja, o chamamento dos Espíritos por parte de médiuns ou evocadores – seria um pecado condenado pela Bíblia e constituiria, segundo seu ponto de vista, um dos dois grandes males do Espiritismo.
O outro, chamado por ele de “heresia”, é a crença na reencarnação. Heréticos seriam, pois, todos aqueles que acreditam na tese da volta de um Espírito a um novo corpo físico para dar prosseguimento à sua marcha evolutiva. Esse, o núcleo das novas ideias divulgadas pelo ilustre teólogo.
Evidentemente, cabe-nos respeitar todas as opiniões sinceras. Frei Boaventura é um teólogo sincero; merece por isso o nosso maior respeito. Mas é preciso esclarecer que nem a reencarnação, muito menos a evocação dos Espíritos, foram objeto de condenação por Jesus de Nazaré, o verdadeiro autor da doutrina cristã, superior, sob todos os pontos de vista, à doutrina contida no Antigo Testamento, a que recorrem os críticos do Espiritismo para buscar a proibição das evocações dos mortos.
A reencarnação é um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita e, sem dúvida, um dos seus pontos fortes. Quem o diz são os espíritas recém-convertidos, que explicam que foi graças ao conhecimento da reencarnação que puderam compreender melhor seus problemas de ordem existencial e resolvê-los.
Depois dos trabalhos publicados por Ian Stevenson e Banerjee, que se ocuparam por longo tempo com o assunto, a reencarnação deixou de ser a crença ingênua atribuída aos espiritistas, para ingressar na área acadêmica. E foi exatamente um psicólogo de formação protestante – o americano Morris Netherton – quem, há mais de quarenta anos, fundou uma nova técnica terapêutica baseada em nossas vidas ou vivências passadas, à qual se filiam médicos e profissionais da área da saúde em várias partes do mundo.
A comunicação dos chamados mortos tem convertido mais de um pai desesperado que encontra na carta post mortem do filho querido a mensagem confortadora da fé, da imortalidade e da esperança.
Chico Xavier foi instrumento de centenas de casos dessa ordem. Mas não foi ele quem evocou os jovens que partiram. Foi a saudade, o desejo do reencontro, o sofrimento dos pais que fizeram – e ainda fazem – com que tais Espíritos voltem até nós para dizer que estão vivos, que a morte não existe e que é em Jesus que encontraremos a verdadeira senda para a felicidade com que sonhamos.
A evocação direta dos Espíritos foi um processo adotado por Kardec e por inúmeros discípulos do Codificador para a estruturação da Doutrina Espírita. Kardec levava às reuniões um rol contendo várias indagações. Os Espíritos as respondiam. Assim surgiu “O Livro dos Espíritos”. Atualmente, porém, não mais se pratica a evocação, tão condenada por Frei Boaventura. Os instrutores do Plano Espiritual, a exemplo de André Luiz e Emmanuel, chamaram-nos a atenção para a desnecessidade atual das evocações diretas, de modo que os Espíritos comunicam-se nas sessões espíritas espontaneamente, segundo a permissão de Deus, o tempo de que dispõem e sua própria necessidade ou vontade de se manifestar por meio de um médium.


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