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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A efervescência social e suas causas

Desde que o tema mundo de regeneração passou a ser um assunto frequente nos congressos e conferências espíritas, muitos nos perguntam: 1.) Allan Kardec chegou a tratar desse tema em suas obras? 2.) As mudanças por que passará a Terra realizar-se-ão sem comoções?
A resposta à primeira pergunta é afirmativa. O Codificador da doutrina espírita referiu-se aos tempos novos em vários momentos, tanto na Revista Espírita como em sua última obra, intitulada A Gênese, os Milagres e as Predições segundo O Espiritismo.
Quanto à segunda pergunta – as mudanças ocorrerão sem comoções? – a resposta é não. Apoiamo-nos, ao dizer isso, no que Kardec consignou no cap. XVIII, itens 6 a 8, da obra mencionada.
Uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Haverá, inevitavelmente, luta de ideias e desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplainado e restabelecido o equilíbrio.
Entendamos, no entanto, que é da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos, e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram e ainda são consequência do estado de formação e aprimoramento da Terra. Existe, porém, um outro tipo de agitação, pertinente não às entranhas do planeta, mas à própria Humanidade. Os movimentos sociais e políticos que vêm agitando os países árabes são uma pequena amostra disso.
Diz Kardec que a efervescência que por vezes se manifesta em toda uma população, entre os homens de uma mesma etnia, não é coisa fortuita, nem resultado de um capricho, pois tem sua causa nas leis da Natureza. Essa efervescência, inconsciente a princípio, não passando de vago desejo, de aspiração indefinida por alguma coisa melhor, de certa necessidade de mudança, traduz-se por uma surda agitação, depois por atos que levam às revoluções sociais, que têm também sua periodicidade, como as revoluções físicas, pois que tudo se encadeia no Universo.
Se não tivéssemos a visão espiritual limitada pelo véu da matéria, veríamos as correntes fluídicas que, como milhares de fios condutores, ligam as coisas do mundo espiritual às do mundo material.
Em face disso, quando se diz que a Humanidade chegou a um período de transformação e que a Terra tem de se elevar na hierarquia dos mundos, nada de místico há nessas palavras. Trata-se, ao contrário, da execução da uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais nada pode a má-vontade humana.
O único erro – aliás, lamentável erro – é deduzir que o processo de construção do mundo de regeneração seja concluído no século em que vivemos, porque centenas de anos, com toda a certeza, transcorrerão até que a Terra possa usufruir as benesses inerentes à sua nova condição, após milhares de anos como um singelo mundo de provas e expiações.



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