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terça-feira, 26 de novembro de 2013

O amor assim compreendido


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Era início da manhã; o sol estava brando.
Numa rua, ainda não asfaltada, praiana, um senhor e sua senhora vinham devagar. O homem empurrava, com certa dificuldade, a cadeira de rodas de sua amada companheira.
Tinham mais de oitenta e, há muitas décadas desse tempo de vida, estavam juntos.
Ela, após sérios problemas de saúde, não mais se podia zelar. Era cuidada por seu terno amor... amigo... companheiro.
Vinham os dois e quando se aproximavam de um casal, vizinho da rua, pararam para desejar o “bom dia” – os mais antigos, com a sabedoria e a ternura adquiridas, fazem questão de manter esse hábito salutar – e nesse intervalo do pequeno passeio matinal, o senhor abriu o coração para o casal amigo:
– Farei o melhor que puder por esta minha companheira até o momento permitido.
O homem dizia com uma mão no ombro e a outra na cabeça da esposa.
Ela estava bastante franzina e debilitada, não mais falava, mas seus olhos azuis lançavam o apreço de há tantos anos completos e juntos vividos; experiências maravilhosas, difíceis, alegres, tristes, no entanto, com único desfecho: o crescimento da alma que será sempre espírito.
Havia, mais uma vez naquele momento, o encontro da cumplicidade, do respeito, da compreensão e da vida, pois o esposo, também já mais fraco e cansado, esforçava-se para ampará-la, literalmente, de corpo e alma.
Cuidava da parte física e alimentava ainda mais a essência intocável e eterna, com os recursos da prece, do carinho, da paciência, ou seja, do amor que une espíritos na caminhada da plenitude para a sua emancipação.
Depois de uns minutos compartilhados, o senhor deu até logo aos amigos e, empurrando a cadeira de seu amor, rumou para o lar que os esperava.
Na estrada da vida, estavam os dois seguindo e aprendendo juntos.
E o sol brilhava no céu.

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