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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Como tratar uma pessoa submetida à obsessão?


Um leitor de Mato Grosso do Sul pergunta-nos em que obra Kardec examina de forma específica o tratamento e a cura das obsessões.
O tema obsessão é tratado pelo Codificador do Espiritismo em vários textos publicados em O Livro dos Médiuns, A Gênese e na Revista Espírita, em que o leitor atento verá até mesmo como a chamada doutrinação dos Espíritos passou a fazer parte das sessões mediúnicas de desobsessão.
É, contudo, no livro O Evangelho segundo o Espiritismo que encontramos as orientações de ordem prática que Kardec dedicou ao tratamento e à cura das obsessões. Essas orientações compõem o cap. 28, itens 81 e seguintes, da obra citada.
A cura das obsessões graves, diz o Codificador, requer muita paciência, perseverança e devotamento e exige tato e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto os há rebeldes ao extremo. Na maioria dos casos, temos de nos guiar pelas circunstâncias. Qualquer que seja, porém, o caráter do Espírito, nada se obtém pelo constrangimento ou pela ameaça, porque toda influência reside no ascendente moral.
Outra verdade igualmente comprovada pela experiência, tanto quanto pela lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos, de fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo. E mesmo quando é afastada a causa, resta combater os efeitos.
No tocante ao indivíduo que sofre o processo – o obsidiado –, é preciso que fortifique sua alma, pelo que é necessário que trabalhe por sua própria melhoria, o que, na maioria dos casos, basta para o livrar do obsessor, sem necessidade de recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz, porém, indispensável quando a obsessão degenera em subjugação ou em possessão, porque aí, como regra geral, o paciente perde a vontade e o livre-arbítrio.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado acha-se como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É preciso, pois, desembaraçá-lo desse fluido. Ocorre que um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Cumpre, então, se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. Entram em ação, portanto, os chamados passes magnéticos, que, contudo, não bastam.
É preciso, ainda, que se atue sobre o ser inteligente que provoca a obsessão, ao qual importa se fale com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. O objetivo aí é convencer ou induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus desígnios maus e fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, objetivando sua educação moral.
Por fim, concluindo as orientações pertinentes ao assunto, Kardec diz que a tarefa desobsessiva se apresenta mais fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, presta o concurso de sua vontade e de suas preces, modificando-se moralmente, adotando nova conduta e buscando aprimorar-se espiritualmente, certo de que, no tocante à desobsessão, o melhor médico é a própria pessoa que a sofre.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Pílulas gramaticais (92)


Qual é a frase correta?
1. Nosso neto vai com nós à praia.
2. Nosso neto vai conosco à praia.
A construção correta é a segunda: “Nosso neto vai conosco à praia”.
Sobre o pronome conosco [do latim noscum, por nobiscum, com reduplicação da preposição cum], eis alguns exemplos colhidos nos dicionários:
- Venha jantar conosco domingo. 
- Vinde conosco, aproximai-vos!
- Pedro era meu tio, irmão de Mamãe. Morava conosco e nos distraía.
- Quando formos cantar, cantem conosco. 
- A tranquilidade existe conosco. 
- Temos conosco um princípio pelo qual nos batemos. 
- Aquela ordem era conosco. 
- Trabalho aos domingos não é conosco. 
- Os papéis ficaram conosco. 
- Pode deixar o caso conosco: não se arrependerá.

*

Normalmente, os pronomes conosco e convosco não admitem depois de si numerais, pronomes demonstrativos, aposto etc. Portanto, se na sequência vierem as palavras “mesmos”, “próprios”, “todos”, “outros” ou algum numeral, será diferente a forma a ser adotada.
Exemplos:
- Nosso neto vai com nós dois à praia.
- Ele regressou com nós mesmos.
- O caso ficou com nós outros.
- Cante com nós quatro.
- Temos com nós próprios um compromisso bem definido.
- O vizinho implicou com nós todos.



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Quando resistimos à tentação, ela é a formiga do leão


Foi realizada ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar mais uma etapa do estudo sequencial do livro O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, conforme tradução de J. Herculano Pires, publicada pela EDICEL.

Eis as questões propostas para debate inicial:

1. Como deveremos agir se as angústias da vida nos perseguirem?
2. Em que nível evolutivo nós, os espíritas, nos encontramos?
3. Em face de alguma paixão ou vício que nos pode levar à queda, como proceder?

Fez-se em seguida a leitura do texto – abaixo reproduzido – que serviu de base aos estudos da noite, verificando-se, a cada item lido, os comentários pertinentes:

126. Se assim fizermos, poderemos repetir as palavras de um grande escritor da antiguidade: Quando resistimos à tentação, ela é a formiga do leão; mas quando nos entregamos, ela é o leão da formiga; sejamos sempre o leão e a tentação, a formiga, que nada teremos a temer. (Obra citada, p. 135)
127. Se algum dia as angústias da vida nos perseguirem, não olvidemos as palavras do Mestre: Bem-aventurados os que sofrem, pois deles será o Reino dos Céus, lembrando que a existência terrena não é mais do que um sopro, um período curtíssimo de nossa existência universal, e que, pelos dias e as noites que sofrermos na Terra, teremos mil anos de repouso e felicidade. (P. 136)
128. Ao irmão angustiado pela tentação, aconselha-se ainda que procure um confrade digno de confiança que possa ouvi-lo e ajudá-lo. As pessoas consultadas podem ser o diretor do Centro ou o dirigente das reuniões, os quais deverão ser prudentes, misericordiosos, caritativos, meigos no falar e no agir, capazes de toda a abnegação, amando a Deus e submissos ao Senhor e às suas leis. Para isso, é necessário haver entre os espíritas pessoas experientes na prática das virtudes, da caridade, do amor ao próximo, da adoração ao Pai e da veneração ao Senhor, porque só assim esses irmãos terão luz suficiente para atender o necessitado da orientação buscada. (PP. 137 e 138)
129. Para que todos sejamos felizes, temos de ajustar-nos à lei, à harmonia e à ordem; dessa maneira, para onde formos, levaremos ordem e harmonia e os que viverem conosco levarão harmonia e ordem, e assim seremos felizes. (P. 141)
130. A lei divina e universal está demonstrada e explicada pelo Espiritismo; por isso dizemos: Nós, espíritas, temos um tesouro em nossas mãos.  “É preciso acentuar isto - diz Miguel Vives -,  porque nem todos  estão  em condições  de  compreender o Espiritismo, e menos ainda de praticá-lo.” (P. 141)
131. Nós, os espíritas, estamos ainda no nível comum das criaturas. Primeiro, dominou-nos o instinto; depois, as paixões; logo, os vícios; e através de grandes lutas chegamos a merecer que nos contassem no Espiritismo. Temos, porém, de considerar que do instinto, das paixões e dos vícios sobraram-nos resíduos, que teremos de erradicar, para podermos possuir este tesouro. (P. 142)
132. O caminho que pode levar-nos à realização do progresso e à felicidade é o Espiritismo, que nos alforria de todas as dúvidas, liberta-nos de todos os erros, ilumina-nos a inteligência e fortalece-nos o espírito na luta contra toda a preocupação. Se o espírita não for indolente, pode realizar tudo quanto deseja para o seu bem. (PP. 142 e 143)
133. A extinção completa dos resíduos que nos ficaram dos instintos, das paixões e dos vícios é um trabalho de gigante. É por isso que todo espírita deve estudar-se a si mesmo, para conhecer-se, o que não é muito fácil. (P. 143)
134. O espírita deve observar se facilmente se ofende por qualquer contrariedade ou palavra que o mortifique. Se isso acontece, é que o amor-próprio desmedido, sinônimo de vaidade, está enraizado em seu espírito. Deve então dirigir toda a atenção em pôr às claras essa tendência ou instinto e, a seguir, submeter-se às humilhações, evitando que estas o magoem, prosseguindo na prática até aprender a sofrer desprezos e desenganos sem perder a serenidade. (P. 143)
135. Se o espírita sente que possui alguma paixão ou vício que o pode levar à queda, terá de ser valente e, mesmo que lhe custe a vida, terá de cortá-lo pela raiz, porque mais vale sofrer muito para aniquilar um vício e adquirir uma virtude do que nada sofrer dando rédeas à paixão. Aqui está o trabalho de gigante do espírita, porque, quando quer enfrentar o passado, o espírito do mal resiste e tudo faz para não deixar escapar a presa, valendo-se de todos os meios, até mesmo dos sonhos, para emboscá-lo. (P. 144)
136. Quanto aos pequenos defeitos e dificuldades da vida, vale muito a prática constante da virtude, da abnegação e da caridade. Como sabemos, o espírita não deve ser impertinente, nem ter mau gênio, nem ser precipitado, nem murmurar, mas há de ser paciente, saber perdoar as faltas alheias, amável, serviçal e procurar o bem de seus subordinados. (P. 145)
137. Deve, assim, criar uma auréola de boa influência e de confiança, consolar os que sofrem, até onde suas forças o permitam, para o que será indispensável a proteção dos Benfeitores espirituais, de cuja ajuda não podemos duvidar. (PP. 145 e 146)

No final, foram lidas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas. Ei-las:

1. Como deveremos agir se as angústias da vida nos perseguirem?
Primeiramente, não olvidemos as palavras do Mestre: Bem-aventurados os que sofrem, pois deles será o Reino dos Céus, lembrando que a existência terrena não é mais do que um sopro, um período curtíssimo de nossa existência universal, e que, pelos dias e noites que sofrermos na Terra, teremos mil anos de repouso e felicidade. Ao irmão angustiado pela tentação, aconselha-se ainda que procure um confrade digno de confiança que possa ouvi-lo e ajudá-lo. As pessoas consultadas podem ser o diretor do Centro ou o dirigente das reuniões,  os quais deverão ser prudentes, misericordiosos, caritativos, meigos no falar e no agir, capazes de toda a abnegação, amando a Deus e submissos ao Senhor e às suas leis. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 136 a 138.)

2. Em que nível evolutivo nós, os espíritas, nos encontramos?
Segundo Miguel Vives, nós estamos ainda no nível comum das criaturas. Primeiro, dominou-nos o instinto; depois, as paixões; logo, os vícios; e através de grandes lutas chegamos a merecer que nos contassem no Espiritismo. Temos, porém, de considerar que do instinto, das paixões e dos vícios sobraram-nos resíduos, que teremos de erradicar, para podermos possuir este tesouro. “É preciso – disse Miguel Vives – acentuar isto, porque nem todos estão em condições de compreender o Espiritismo, e menos ainda de praticá-lo.” (Obra citada, pp. 141 e 142.)

3. Em face de alguma paixão ou vício que nos pode levar à queda, como proceder?
Diante dessa situação, teremos de ser valentes e cortá-los pela raiz, porque mais vale sofrer muito para aniquilar um vício e adquirir uma virtude do que nada sofrer dando rédeas à paixão. Aqui está o trabalho de gigante do espírita, porque, quando quer enfrentar o passado, o espírito do mal resiste e tudo faz para não deixar escapar a presa, valendo-se de todos os meios, até mesmo dos sonhos, para emboscá-lo. (Obra citada, pp. 144 e 145.)



terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Aiko e Cinza à mesa das existências


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Ele não conhecia a boa vida nem imaginava uma diferente da que levava; porém, tinha um desejo: fazer uma refeição pelo menos uma vez, com mesa posta rodeada de uma família ou de seres que o amassem e que ele, reciprocamente, o sentisse.
Esse desejo se despertou quando Aiko completara seus treze anos nas ruas de Kanazawa, província de Ishikawa, localizada no litoral do Mar do Japão. O menino vivia pelas ruas mais simples e sem a família que tanto sonhara. É o tipo de situação que, de repente, ocorre, e simplesmente já é.
O nome Aiko traz em sua significação o que ele era em sua essência: criança amorosa. De certa forma, poderia ser imensamente contraditório, mas se sabe que o amor pode ser presenciado de múltiplas maneiras e ocasiões. E Aiko, mesmo sozinho, ou melhor, com um gato acinzentado, era feliz e fazia quem com ele estivesse por algum momento, também muito feliz.
A sua valorização era sensível quanto à natureza. E numa sexta-feira de primavera, o menino se encontrava num dos cuidados e maravilhosos parques, como é comum em todo o Japão, e sua mão ainda pequena e delicada tocava carinhosamente nas folhas, ainda com mais cuidado, nas flores que da planta floresciam.
Quanto respeito e amor! Reverenciava as “pequeninas”, assim como as chamava. Encantadoramente as admirava. Seu gato Cinza, realmente era o nome, observava seu companheiro em total silêncio; tanto um aprendia com o outro.
E naquela tarde, o sol tão brilhante se irradiava como ouro, com seus raios amarelo-ouro, pelo parque. O menino anotava informações. Desde tenra idade, aprendera a ler e a escrever, talvez trouxera a bagagem de outro tempo. Conhecia importantes histórias; admirava o movimento do vento, a sua variação, dinâmica; silenciava, respeitosamente, ao perceber a montagem do céu para, com a chuva, aguar a terra.
Aiko não guardava para si as anotações, mas as entregava em forma de pergaminho para o porteiro de um laboratório renomado em sua cidade.
Ainda na sexta à tarde, no parque, o menino anotou incontáveis observações como se preenchesse um longo relatório. Também desenhava algumas flores visualizadas e registrava as informações necessárias. Quando percebera, já era o horário para o fechamento dos portões. Os guardas do lugar o conheciam e tinham muito apreço por ele.
– Boa tarde, Aiko!
– Boa tarde, senhor guarda do parque! Bom descanso e até amanhã! – assim o menino os saudava.
Normalmente, as pessoas voltam para casa no fim de tarde, começo da noite; no entanto, Aiko não tinha uma família para esperá-lo e nem uma casa comum para retornar. Muito se ouve que a vivência padrão é a mais provável de se encontrar, porém, não quer dizer a única forma adequada para se viver.
E Aiko retornava para sua grande flor, assim ele nomeava sua casa. Uma construção com tudo o que se pudesse imaginar de reciclável. Aiko e Cinza já estavam a uns dez passos para chegarem ao lar quando um forte clarão abrilhantou os olhos do gato e os do menino. O animal levou um grande susto e se escafedeu pelo espaço encontrado. O menino parou, extasiado, com a surpresa do que lhe poderia suceder.
Talvez durara de cinco a dez segundos aquele brilho, um significativo tempo para determinado e imprevisto acontecimento.
Quando o menino foi capaz de abrir os olhos... não acreditava no que estava em sua frente.
Dois quadros se punham diante do olhar juvenil: o da esquerda trazia a imagem de um ancião ocidental, com barba e cabelos longos brancos, túnica de cor clara, chapéu com formato de cone e tantos vidros de vários tamanhos sobre uma mesa, os quais o homem administrava num trabalho de grande necessidade e responsabilidade.
O quadro do lado direito exibia a imagem de um homem oriental voltado para uma mesa repleta de aparelhos, microscópios, computadores de alta precisão para o trabalho desenvolvido. O homem vestia um jaleco longo e branco, estava com os cabelos curtos e com a barba feita. Demonstrava habilidade no manuseio de seu material.
Aiko atentava-se aos dois. Começou a associar o segundo ao primeiro. E nos dois, um gato cinza.
– Seria a sequência? – questionava-se o menino.
Refletia, estupefato, procurando compreender a significação das duas telas no tempo. Era fenomenal!
Esqueceu-se de si e de seu redor. Queria insaciavelmente entender tudo aquilo. E tão familiar eram os olhos.
Pôde mais uma vez reparar com observância o quadro da direita e depois o outro.
Com a mesma rapidez que se construiu a imagem também deixou de ser. E estava de volta o cenário simples da rua japonesa. Com a calmaria presente, o gato Cinza veio se aproximando, atento, do menino companheiro.
Aiko percebeu o animal, um pouco desconcertado, mas retomando a ação comum. O menino, maravilhado, ainda se encontrava na mesma posição na calçada, onde tudo sucedera.
Buscou uma vez mais os quadros; porém, já não eram visíveis aos olhos; eles existiam no tempo e na vida. Dimensões simultâneas e distintas.
Restou, então, a entrada para casa.
– Venha, Cinza. Vamos, meu amigo!
O menino olhou para o céu e quantas estrelas havia. Respirou fundo e foi para o lar.
Como conhecia a construção de sua casa, abriu com cuidado a porta, mas antes de abri-la totalmente, percebeu uma claridade incomum. E abriu, com calma, a porta do lar.
Parados à porta, o menino e o gato, de bocas abertas, se deslumbraram com o cenário: uma mesa posta com todos os detalhes dignos de um sonho agora realizado.
Em cada extremidade da mesa havia um homem. O lado esquerdo estava ocupado pelo ancião; o direito, pelo jovem homem oriental. Aiko sentou-se ao meio da mesa: entre um e outro. Cinza deitou-se no chão, ao lado do menino.
Na sexta-feira à noite, Aiko realizou o grande desejo. E os três possuíam o mesmo olhar: do que foi, do que é e do que pode vir a ser. A responsabilidade com a vida é, incontestavelmente, imprescindível, pois há muito por fazer para o progresso. O futuro sempre aguarda, mas depende da conduta do presente. E o espírito é eterno com sua multiplicidade de existência.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (76)



Ai, ioiô

(Linda flor)

Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e
Marques Porto 


Ai, ioiô!
Eu nasci pra sofrer.
Fui oiá pra você,
Meus zoinho fechô.
E quando os zóio eu abri,
Quis gritar, quis fugir...
Mas você,
Não sei por quê,
Você me chamou...

Ai, ioiô!
Tenha pena de mim.
Meu Senhor do Bonfim
Pode inté se zangá,
Se Ele um dia souber
Que você é que é
O ioiô de iaiá!...

Chorei toda noite, pensei
Nos beijos de amor que te dei.
Ioiô, meu benzinho do meu coração,
Me leva pra casa, 
Me deixa mais não!

Chorei toda noite, pensei
Nos beijos de amor que te dei.
Ioiô, meu benzinho do meu coração,
Me leva pra casa, 
Me deixa mais não!

(bis)



Você ouvirá esta linda canção na voz de Gal Costa clicando em http://www.youtube.com/watch?v=4afiGEN8M-g e poderá também ouvi-la, com Maria Bethânia e Alcione, clicando em http://www.youtube.com/watch?v=cG7XeC2KcEI



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em se tratando de previsões, todo cuidado é pouco


O desconhecimento do passado e nossa ignorância com relação ao futuro são duas bênçãos que Deus nos concedeu, conquanto nem sempre as tratemos com a circunspeção necessária.
A propósito do esquecimento do passado, sugerimos ao leitor ler o estudo que publicamos na edição 83 da revista “O Consolador”, o qual pode ser acessado clicando-se em http://www.oconsolador.com.br/ano2/83/esde.html
No tocante ao futuro, nossa ignorância a respeito é explicada com clareza na principal obra do Espiritismo, O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec perguntou aos imortais (L.E., 869): Com que fim o futuro se conserva oculto ao homem?
Os Espíritos responderam: “Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência”.
Evidentemente, como lemos na questão seguinte à citada, Deus permite que o futuro nos seja revelado quando isso possa facilitar a execução de uma coisa, em vez de a estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se não lhe fosse dado saber o que o espera. Mas a revelação pode constituir, também, uma prova. “A perspectiva de um acontecimento pode sugerir pensamentos mais ou menos bons”, afirmaram os Benfeitores espirituais (L.E., 870).
“Se um homem vem a saber, por exemplo, que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se que a revelação desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela perspectiva de se lhe tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de possuir mais depressa a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte daquele de quem a herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra prova, consistente na maneira por que suportará a decepção. Nem por isso, entretanto, lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no intimo.” (L.E., questão citada.)
Percebe-se pelo próprio conteúdo da resposta acima transcrita que a predição pode cumprir-se ou não, fato que nos sugere tenhamos o máximo cuidado para com qualquer tipo de previsão, venha de onde vier.
Se ela vem de uma personalidade desencarnada, é bom ter em mente a lição que Kardec consignou no item 267 d´O Livro dos Médiuns:
“(...) os bons Espíritos fazem que as coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha; nunca, porém, determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de mistificação.” (O Livro dos Médiuns, item 267, 8o parágrafo, p. 334.)
O outro cuidado que devemos ter diz respeito à qualidade do emissário –  encarnado ou desencarnado – que nos apresente revelações atinentes ao futuro, atentos à lição que Emmanuel, por meio de Chico Xavier, consignou na questão 144 de seu livro O Consolador, obra publicada em 1942:
“Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus. Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios, quando convenham às demonstrações de que o homem não se resume a um conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição do materialismo dissolvente.” (O Consolador, 144.)
Seria Emmanuel um instrutor capacitado para tal empreitada?
Ele mesmo já havia dito que não, na primeira de suas obras – Emmanuel -, publicada em 1938, na qual afirmou taxativamente: "Os seres da minha esfera não conhecem o futuro, nem podem interferir nas coisas que lhe pertencem". (Emmanuel, cap. XXXIII, FEB, 7a edição, pág. 166.)



sábado, 22 de fevereiro de 2014

O sonho de Machado


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

O grande cantor Júlio Iglesias recusou os devaneios de sua indecisa namorada numa de suas músicas: “Não me interessas com teus devaneios”.
Martin Luther King também teve seu sonho: ver todo o mundo dar-se as mãos e abraçar-se, sem distinção de cor da pele, condição social ou crença.
Jacó também sonhou com a escada que levava ao céu; e a Voz do Senhor lhe destinou uma nação: Israel (Reconheço que a rima céu/Israel é pobre, mas rima é rima).
Agora, falar-lhes-ei dos meus sonhos, amigos leitores. Sonhos sonhados.
Sonhei que homens e mulheres passaram a ser, incondicionalmente, respeitados em suas opiniões, atitudes e diferenças, ainda que não concordássemos com elas, pois o amor fora, finalmente, compreendido e praticado como a lei maior da vida.
Confirmei que a continuação da vida, no mundo espiritual, se tornara tão patente que deixara de existir ateus no mundo.
Sonhei que todas as crenças, mesmo aquelas que nos pareciam estar em completo desacordo com nosso modo de compreendê-las, também tinham o respeito de todas as pessoas, pois fomos criados, simplesmente, para amar e servir.
Observei que a corrupção, a mentira, a violência moral ou física foram banidas da Terra para sempre.
Sonhei que todas as manifestações pacíficas, reivindicando direitos, continuaram pacificamente ouvidas e atendidas pelas nossas autoridades e governantes mundiais.
Constatei que todas as crianças, jovens e adultos passaram a usufruir de escolas em três turnos diários, cinco dias na semana, com direito a tempo razoável para recreação, alimentação e lazer, além de professores do mais alto nível moral e intelectual que amavam educar e educar-se durante toda a vida.
Comprovei que passara a existir uma ocupação útil, mais conhecida como trabalho, para todas as pessoas que desejassem trabalhar e com as opções compatíveis com a habilidade e capacitação individuais. E também que todo o trabalho recebia uma justa remuneração, o que dispensava a greve e tornava injustificada qualquer queixa trabalhista.
Descobri que, durante e nos fins de semana, as famílias dedicavam algumas horas para o culto a Deus com cânticos e orações maravilhosos.
Sonhei que em cada esquina, ou em cada quadra onde não havia esquina, havia um posto de saúde para atendimento às necessidades básicas de todas as pessoas e animais. E mais, que os hospitais estavam quase sempre vazios, por falta de doentes.
Verifiquei que a segurança se tornara algo relacionado à proteção constante dos pais, educadores e amigos junto de todas as pessoas, em especial, crianças ou idosas.
Sonhei que, sem deixar de existir o mérito próprio para as aquisições de bens, a vizinha pobre da vizinha rica não lhe tinha qualquer inveja. E também que o vizinho rico do vizinho pobre tratava este com a simplicidade, a atenção e o carinho dos bons amigos.
Vi, ainda, que o ideal de toda a humanidade passara a ser a prática do bem incessante e que a vida tornara-se abençoada e respeitada em todas as suas formas de manifestação.
Percebi que se acabaram os congestionamentos do trânsito. Como ninguém mais pensava em se apropriar de quaisquer coisas que não fossem suas, Deus permitira a toda a humanidade deslocar-se pelo ar, pela terra e pelo mar com a velocidade variável de 5 a 55.000 km por hora. E, além disso, que a felicidade da volitação reunia dezenas, centenas de homens e mulheres em longos e inolvidáveis passeios pelo ar, como um bando de andorinhas felizes.
Sonhei, enfim, que a alimentação de todo ser humano passou a evoluir segundo o seguinte esquema: animal>vegetal>mineral>energia. De tal forma que, ao alcançarmos a essência energética, todos os corpos estariam sempre belos, malhados, sadios e jovens, sem qualquer necessidade de regime, sem idas ao banheiro; e que o amor seria o verdadeiro alimento de qualquer de nós, espíritos criados para o aperfeiçoamento e felicidade eternos.
Acordei e constatei que tudo isso era verdade, mas que esses devaneios, por enquanto, só existiam nesta outra dimensão em que me situo: a do Espírito imortal.
Boa-noite! Tenham bons sonhos, amigos e amigas.
E... jamais desistam de seus sonhos.

Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/



Pérolas literárias (76)




Aparição

Zeferino de Sousa Brazil


Saulo, o perseguidor, segue o roteiro, atento.
Vem Damasco à visão do futuro rabino.
Aridez ao redor... Mato raro, mofino...
Nem perfume de flor, nem sussurro de vento.

Pronto, vasto clarão golpeia o firmamento.
Desce um homem de luz e empana o Sol a pino.
“Saulo!... Saulo!...” – convoca o emissário divino.
“Quem sois vós?” – Saulo grita, assombrado e violento.

“Eu sou Jesus” – responde a vítima ao verdugo –,
“Não recalcitres mais contra o amor de meu jugo!”
Cego, o doutor da lei tomba de alma ferida...

Mas longe de jungir-se aos grilhões do passado,
Levanta-se na areia, exsurge transformado,
E consagra a Jesus o coração e a vida.



Zeferino de Sousa Brazil nasceu no Rio Grande do Sul em 24 de abril de 1870 e ali faleceu em 3 de outubro de 1942. Poeta, cronista e jornalista, foi membro da Academia Rio-grandense de Letras. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Hydesville, irmãs Fox e o advento do Espiritismo



Um leitor enviou-nos a seguinte pergunta: “Em que consistiram os fenômenos de Hydesville e qual a sua importância para o advento do Espiritismo?”
Os fenômenos ocorreram numa tosca cabana situada em um vilarejo de nome Hydesville, pertencente ao Condado de Wayne, no Estado de Nova York, onde residia a família Fox: o Sr. John, sua mulher Margareth e as filhas Kate e Margareth.
Eram ruídos, pancadas e batidas de origem ignorada que foram designados em inglês pelo vocábulo "raps".
Soube-se depois que as manifestações eram produzidas pelo Espírito de um mascate chamado Charles Rosma, que fora assassinado e sepultado no porão daquela casa. A família Fox professava a religião metodista, o que não impediu que Kate e Margareth, as meninas da casa, fossem excelentes médiuns.
Na noite do primeiro diálogo com Charles Rosma, um dos moradores do vilarejo sugeriu fosse adotado um interessante método para a comunicação do Espírito, em que cada letra do alfabeto correspondia a determinado número de pancadas. Estava, pois, descoberta a "telegrafia espiritual", que foi o processo adotado, posteriormente, na fase das mesas girantes.
Os fatos, a partir do primeiro diálogo do Espírito com a Sra. Fox, ocorrido na noite de 31 de março de 1848, empolgaram a população do lugar, ocasionando depois as primeiras demonstrações públicas a que as irmãs Fox se submeteram, realizadas no Corinthian Hall, em Rochester, do que resultou a formação do primeiro núcleo de estudos dos fatos espíritas.
Devido à cobertura dos fenômenos feita pela imprensa norte-americana, os fatos atraíram a atenção pública, a tal ponto que hoje se reconhece que foi ali, em Hydesville, que nasceu o Moderno Espiritualismo, nome com que os americanos designavam o Espiritismo, um vocábulo então inexistente, visto que foi criado mais tarde por Allan Kardec, responsável pela publicação d´O Livro dos Espíritos.
Em 1850, quando a repercussão dos fenômenos já era grande na América, a senhora Fox e suas filhas passaram a realizar sessões públicas em Nova York, no Hotel Barnum, atraindo muitos curiosos. Havia então nos Estados Unidos muitos grupos espíritas em atividade e era grande o número de adeptos do movimento, apesar das investidas da imprensa, que de modo geral atacava os fenômenos e as médiuns. 
A divulgação dessas manifestações e, logo em seguida, a conversão do juiz Edmonds, materialista que rira da crença nos Espíritos, pasmaram os norte-americanos, o que aumentou ainda mais o interesse pelos fatos espíritas, que se espalharam por outros continentes, especialmente a Europa, onde surgiria – nove anos depois – o livro que abriu o caminho para a codificação da Doutrina Espírita, tarefa que teve em Allan Kardec a figura central.



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Pílulas gramaticais (91)



Observe as frases abaixo: apenas uma delas está correta; nas demais há erros de concordância ou relacionados com a crase:

1. O povo exige o fim dos obstáculos a democratização.
2. Eis um relógio que torna inesquecível todas as horas.
3. Israel pediu a Alemanha extradição de nazistas.
4. Os atentados que houveram no país deixaram assustada a população.
5. Obama acusa Israel de criar embaraços a paz.
6. Faziam anos que não ia a Minas.
7. Poço em Campos leva Petrobrás a maior jazida já descoberta.
8. A quem pertence essas canetas?
9. O jornalista escreveu capítulos e páginas compactos.

     A última frase é a correta.
Eis as demais devidamente corrigidas:

1. O povo exige o fim dos obstáculos à democratização.
2. Eis um relógio que torna inesquecíveis todas as horas.
3. Israel pediu à Alemanha extradição de nazistas.
4. Os atentados que houve no país deixaram assustada a população.
5. Obama acusa Israel de criar embaraços à paz.
6. Fazia anos que não ia a Minas.
7. Poço em Campos leva Petrobrás à maior jazida já descoberta.
8. A quem pertencem essas canetas?

*

É preciso cuidado com as locuções “ao ponto” e “a ponto de”, que têm significados diferentes:
Ao ponto: em culinária, diz-se de carne medianamente assada.  
A ponto de: prestes ou próximo a; em perigo de; a pique de.  
Exemplo
A situação estava como um barril de pólvora a ponto de explodir.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Um dos nossos maiores inimigos é o amor ao dinheiro


Prosseguimos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo sequencial do livro O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, conforme tradução de J. Herculano Pires, publicada pela EDICEL.

As questões propostas para debate inicial foram estas:
1. Como combater a influência espiritual antes que se transforme em possessão?
2. Que fazer ante as ambições e os desejos insaciáveis?
3. Como deve agir a pessoa que luta contra a paixão pelo dinheiro?

Procedemos, em seguida, à leitura do texto abaixo, que serviu de base aos estudos da noite, verificando-se, a cada item lido, os comentários pertinentes:
114. Não devemos olvidar nunca que na Terra jamais teremos a paz completa e que, se alguma vez chegarmos a senti-la, será de pouca duração. Por isso, quando formos atormentados por estados como esses, devemos ser fortes, resistir e opor-lhes serenidade, paciência e calma sem limites. (P. 127)
115. A tentação por pensamento não nos causa tanto sofrimento como a possessão. Para combater esta, devemos extirpar as nossas paixões, os nossos vícios e desejos ilícitos. Ela começa assim: o Espírito das trevas faz que nossos pensamentos e desejos ilícitos provoquem sensações e excitações, quando se apresenta uma ocasião favorável. Temos então de cerrar as portas do pensamento a toda ideia que represente uma infração da lei divina. (P. 128)
116. Se o espírita, que aspira por seguir uma vida nova, não se escudar na oração, no amor, na caridade, com um forte desejo de libertar-se, as coisas se tornam piores do que antes, quando o indivíduo se iniciou no Espiritismo. Eis aí a causa da falência de muitos que começaram e não puderam continuar. (P. 129)
117. É particularmente às pessoas muito aferradas ao dinheiro, aos interesses materiais, que isso acontece. Essa paixão é muito difícil de ser arrancada, é a que mais custa corrigir. Por isso, é muito raro que um egoísta apegado ao dinheiro consiga entrar e manter-se no Espiritismo. (P. 130)
118. Aplica-se aqui a transcendente frase de Kardec: Fora da caridade não há salvação. O indivíduo aferrado aos interesses materiais tem grandes dificuldades de compreender e aceitar o Espiritismo: eis a barreira que retém a Humanidade. O apego ao dinheiro é sinal evidente de falta de caridade e amor ao próximo. Quem tem esse apego não se encontra em via de realizar grandes progressos. (P. 130)
119. O homem deve procurar atender as suas necessidades, de maneira justa e honrosa; quando elas já estão satisfeitas, não deve exceder-se em ambições e desejos insaciáveis. De tudo quanto puder adquirir, além do necessário, deve fazê-lo apenas por meios estritamente lícitos e do que ajuntar deve distribuir grande parte aos necessitados. (PP. 130 e 131)
120. Devemos lembrar-nos de que a felicidade não está na Terra, mas no Espaço, competindo-nos, pois, fazer todo o possível para enriquecer o nosso Espírito com virtudes e boas obras, certos de que um dos nossos maiores inimigos  é o amor ao dinheiro, isto é, o egoísmo, que é o pior e o mais fatal inimigo do homem. (P. 131)
121. Uma maneira de combater essa paixão e a tentação que a acompanha é fazer os necessitados participantes da nossa poupança. Isso fará que as nossas iniciativas e os nossos trabalhos redundem em benefício dos que sofrem. Quem proceder desta maneira terá a satisfação de possuir algo para o seu bem-estar terreno e para o seu progresso espiritual, pois os seus esforços resultarão na prática do bem. (P. 132)
122. Assim, ao realizar um bom negócio ou fazer um trabalho bem pago, deverá imediatamente destinar uma quantia proporcional ao ganho para remediar os males e as necessidades dos que sofrem. (P. 132)
123. Quanto à tentação possessiva, que é aquela em que o Espírito das trevas penetra na própria consciência da criatura, há uma maneira de conhecê-la e combatê-la: basta opor-lhe um estado de consciência baseado no desejo da mais reta justiça. Por exemplo: sentimos repugnância por uma pessoa? Oporemos um espírito de caridade a toda prova. Sentimos um amor excessivo por alguém? Devemos equilibrá-lo pelo senso da reta justiça. (PP. 132 e 133)
124. A tentação, como já foi dito, se manifesta por muitas maneiras; mas, se nos escudarmos num verdadeiro senso de justiça, perceberemos logo a sua presença e poderemos combatê-la. No caso de não podermos afastá-la apenas pela nossa vontade, devemos recorrer à oração, evocando com ardor e fé o nosso Guia espiritual e as influências de Espíritos elevados. (P. 133)
125. Nunca devemos duvidar do auxílio do Alto, pois a estes casos se aplicam as palavras do Senhor: Pedi, e vos será dado; batei e se vos abrirá; vigiai e orai. Enquanto se sofre, é preciso alimentar uma paciência a toda prova, com serena resignação, que é a maneira mais eficaz de desanimar o Espírito tentador. Desse modo, se às tentações soubermos opor sempre um senso de reta justiça, uma paciência e resignação a toda prova, ofereceremos uma barreira ao Espírito das trevas, que nunca poderá induzir-nos ao erro, nem causar-nos qualquer espécie de transtorno. (PP. 133 e 134)

Na parte final da reunião, foram lidas e comentadas as respostas dadas às perguntas propostas.

Ei-las:

1. Como combater a influência espiritual antes que se transforme em possessão?
Para isso, é preciso extirpar as nossas paixões, os nossos vícios e desejos ilícitos. A influência começa assim: o Espírito das trevas faz que nossos pensamentos e desejos ilícitos provoquem sensações e excitações, quando se apresenta uma ocasião favorável. Temos então de cerrar as portas do pensamento a toda ideia que represente uma infração da lei divina. Se o espírita, que aspira por seguir uma vida nova, não se escudar na oração, no amor, na caridade, com um forte desejo de libertar-se, as coisas se tornam piores do que antes, quando o indivíduo se iniciou no Espiritismo. Eis aí a causa da falência de muitos que começaram e não puderam continuar. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 128 e 129.)

2. Que fazer ante as ambições e os desejos insaciáveis?
O homem deve procurar atender as suas necessidades, de maneira justa e honrosa, sem exceder-se em ambições e desejos insaciáveis. De tudo quanto puder adquirir, além do necessário, deve fazê-lo apenas por meios estritamente lícitos e do que ajuntar deve distribuir grande parte aos necessitados. Devemos lembrar-nos de que a felicidade não está na Terra, mas no Espaço, competindo-nos, pois, fazer todo o possível para enriquecer o nosso Espírito com virtudes e boas obras, certos de que um dos nossos maiores inimigos é o amor ao dinheiro, isto é, o egoísmo, que é o pior e o mais fatal inimigo do homem. (Obra citada, pp. 130 e 131.)

3. Como deve agir a pessoa que luta contra a paixão pelo dinheiro?
Uma maneira de combater essa paixão e a tentação que a acompanha é fazer os necessitados participantes da nossa poupança. Isso fará com que as nossas iniciativas e os nossos trabalhos redundem em benefício dos que sofrem. Quem proceder desta maneira terá a satisfação de possuir algo para o seu bem-estar terreno e para o seu progresso espiritual, pois os seus esforços resultarão na prática do bem. Assim, ao realizar um bom negócio ou fazer um trabalho bem pago, deverá imediatamente destinar uma quantia proporcional ao ganho para remediar os males e as necessidades dos que sofrem. (Obra citada, pág. 132.)



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A mais sublime arte: amar... neste instante


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Eram dois irmãos: Ian e Iasmin. O jovem chegara aos quinze anos e a linda e carinhosa irmã contava oito. Viviam num bairro comum, numa cidade sem grande destaque de indústrias, nem de desenvolvimento. Seria apenas uma cidade como tantas outras, se não fosse o encanto de uma pequenina cidadã, irmã, ternura e amor, exatamente, em pessoa.
Na casa moravam os dois irmãos, pai e mãe, uma calopsita, graciosa, chamada Bela e um cão conhecido como “Voa Raso”, este nome foi dado por Iasmin, pois quando Bob – seu nome de batismo – via um passarinho ou pombinha, ele abaixava o corpo, arrastava-se e, sem ser percebido, avançava rapidamente contra seus pobres irmãos da natureza; mas ele aprende. E por isso, de tanto observar e achar graça, a linda menina o rebatizou de “Voa Raso”. No entanto, Iasmin não achara nem um pouco de graça quando Bob alcançou um passarinho e... pobrezinho! A menina, então, explicou ao cão que aquilo não era certo de se fazer, também deu uns gritos com ele, que encolheu tanto as orelhas que parecia estar de toca. Uns irmãos ensinando outros... é a vida.
Esse acontecimento, Iasmin também relatou ao irmão Ian, como sempre fazia nas outras ocasiões.
Desde pequenina, seus olhinhos brilhavam com o mais puro dos sentimentos quando avistavam Ian, o amado irmão. E com o passar do tempo, esse amor se fortalecera a cada novo amanhecer, a cada novo anoitecer. A mãe, em determinados casos, precisava interceder, pois os abraços de Iasmin em Ian eram tão apertados e demorados que para o irmão parecia faltar o ar.
E logo corria a mãe para desatarracar a menina do irmão. Ela queria abraçá-lo tão fortemente a ponto de, no sentido conotativo, colocá-lo em seu coração.
Conforme Iasmin crescia, compreendia mais a situação da família, em especial, a do irmão. Ele nascera com um tipo muito raro de paralisia; desde o nascimento permanecia no leito, quase imóvel; entretanto, tinha aparente compreensão do que ocorria, conhecia perfeitamente sua família e, pelos olhos, demonstrava sua emoção. Mas a irmã afirmava total compreensão e que ele ainda a demonstrava de outras maneiras.
– Iasmin, filha querida, você vai sufocar o seu irmão – a mãe falava preocupada.
– Não, mamãe. O Ian gosta de abraço bem apertado, não é, irmão? – a menina pedia a comprovação.
Iasmin perguntava, conversava, respondia por ele de tanto já conhecer o amado companheiro. Com os anos, ela mais o compreendia e o amava.
E nas idades em questão, de oito e quinze anos, estava o melhor relacionamento fraternal que se podia presenciar.
Todas as coisas novas que Iasmin conhecia, correndo compartilhava com o irmão. Um dos casos foi o de um pequeno pandeiro trazido por um parente do vizinho. Quando o amigo mostrou-o à menina, ela imediatamente pediu para levá-lo ao querido irmão.
– Ian... Ian... Olhe o que trouxe para você conhecer... um pandeiro... ele faz barulho... ouça... – Iasmin, um pouco descoordenada, bateu várias vezes no instrumento.
Ian, de certa forma, assustou-se, verificado pela piscadela dos olhos, mas, de repente, o canto direito da boca esticou levemente.
– Sabia que você ia gostar! – a irmã, tão alegre, constatou.
Iasmin identificava todos os movimentos faciais que o rapazinho irmão fazia.
Então não se contentava apenas em mostrar o objeto, ela levava-o para o irmão tocar, sentir a textura, a temperatura.
Pegou, com delicadeza, a mão do irmão para sentir o pandeiro, explicou cada parte e, por fim, levemente, os dedos de Ian bateram no instrumento reverberando um som interessante, que o rapazinho sorriu do jeito que só Iasmin reconhecia.
A mãe ouvindo o barulho correu até o quarto dos irmãos e, afobada, perguntou:
– Filha, o que está fazendo?
– Trouxe o pandeiro para o Ian conhecer – a menina respondeu com toda graça e felicidade.
– Meu bem, deixe-me te explicar mais uma vez... Ian não percebe as coisas como nós percebemos... ele tem limitações e, às vezes, essa euforia e acontecimentos podem incomodá-lo, compreendeu? – a mãe, explicando, perguntou.
– Está bem, mamãe... compreendi – Iasmin concordou e respondeu logo.
A menina sabia que o irmão a compreendia mais que tudo e ela o conhecia mais que ninguém. Ela só assentiu para não ter de ouvir o discurso materno novamente, pois de tanto Iasmin levar ao irmão as novas coisas, os discursos maternos eram corriqueiros.
– Deixei a panela no fogo... cuide de seu irmão! – a mãe pediu e foi até a cozinha.
– Está bem, mamãe – a menina respondeu e já soltou um sorriso gigantesco para Ian.
E de fato, os sorrisos de canto da boca do rapazinho só surgiam quando estavam apenas irmão e irmã – cumplicidade da vida.
A menina tirou os chinelinhos e logo subiu na cama do irmão; era um leito reforçado e com grades, um berço grande.
Sem se mexer nem dizer uma palavra, mas Iasmin sabia que o irmão estava feliz, aliás, ela sabia que ele adorava quando ela trazia as coisas novas, contava estórias, relatava os fatos e descrevia alguma imagem de além das paredes do quarto.
E de um jeito tão particular, a irmã acariciava o rosto do irmão e se deitava bem do seu ladinho segurando, com ternura mais plena, uma de suas mãos. Eram dezenas de minutos a logo formarem a primeira hora, depois vinham as outras mais, que os dois seres fraternos, desse jeito, tanto apreciavam e amavam.
Nesta mesma tarde, deitadinha ao lado do irmão, Iasmin sentiu vontade de descrever-lhe o momento de quando ela fora à praia pela primeira vez no ano corrente.
A tia Maria, irmã caçula de sua mãe, a levara para conhecer o mar nas últimas férias. De fato, a menina aproveitou muito, mas em todos os dias, nas partes dos dias, em toda a viagem, a menina pensava em seu querido irmão e em como ele se sentiria num lugar tão maravilhoso como aquele.
Se Ian não poderia ir, então, a praia, o mar e a sua beleza viriam até ele por meio das palavras, da imaginação e do amor de Iasmin.
E irmão e irmã, deitados juntos, participando do mesmo momento, naturalmente, a narração começou a surgir.
Iasmin, segurando uma das mãos fraternas, iniciou mais uma vez uma das muitas histórias para Ian.
– O primeiro dia que conheci o mar... foi lindo, Ian. Antes pisei a areia... hum, ela era bem fofinha, parecia uma quantidade enorme – abriu os bracinhos – do leite em pó que você toma e até a cor era parecida. Depois, Ian, afundei meu pé nesta imensa quantidade de areia – ela sempre olhava para os olhos do irmão, e esses olhos eram calmos. – Quando vi aquele tanto de água, corri para a beirinha e senti a água molhando os meus pés... sabe quando a mamãe te dá banho e ela molha primeiro o seu pé, então, assim mesmo. Mas a água, Ian, era salgada, gosto do sal que a mamãe põe na sua papinha... e fica aquele gostinho gostoso... e você sabe que a mamãe sempre me dá um pouquinho da sua comida?... é uma delícia! – os olhos da menina sorriam.
A mãe entrou no quarto para saber se estava tudo bem.
– Filha, de novo você está na cama do seu irmão? – a mãe perguntou.
– Sim, mamãe! O Ian sempre me pede para contar o que acontece lá fora – a filha respondeu tão simplesmente.
– Iasmin, você sabe que é feio mentir – a mãe, um pouco severa, falou.
– Não estou mentindo, mamãe!
– Seu irmão não fala, você sabe disso!
– Ah, mas entendo tudo o que ele me diz com o seu olhar, o seu jeito... conheço muito bem o Ian, mamãe. Ele é o meu irmão – Iasmin ao lado de Ian, falou com segurança.
– Está bem, filha! Mas não o sufoque, você sabe que ele precisa ficar nesta exata inclinação – a mãe, cuidadosa, falou.
– Eu sei, mamãe! Pode ir para lá que nos entendemos muito bem, não é, meu irmão lindo?! – a menina falou.
– Tudo bem! Mas cuidado, hein!? – a mãe reforçou.
– Fique tranquila, mamãe... tchau, tchau – disse a menina.
E a mãe presenciou, mais uma vez, aquele especial amor fraterno e saiu para a cozinha.
– Então, Ian... a mamãe nos interrompeu... mas continuarei... e o sol é bem quentinho como quando a mamãe seca o seu cabelo com o secador e sai aquele vento bem morninho – deu uma pausa. – Brinquei muito na água e na areia. Depois a tia Maria me comprou um sorvete... gelado como a pedra de gelo que trouxe para você conhecer a semana passada. Hum... lá estava bem legal – e os olhos da menina se encheram de lágrimas. – Mas faltava você, Ian – e um chorinho baixo surgiu. – Queria tanto que você tivesse ido comigo, que pudesse brincar, tomar sorvete, brincar no mar, passear, andar na areia... – e a irmã não se conteve e chorou sentida por tanto amor pelo querido irmão.
E Iasmin abraçou-o tão encantadoramente e disse quanto o amava e quanto era lindo... bonito... inteligente... carinhoso e tantas mais qualidades.
Os olhos do irmão também se encheram de lágrimas cheias de ternura, mas sem o som da palavra, se bem que o amor não precisa de nenhuma palavra, pois já é o mais grandioso sentimento.
Assim, os irmãos ficaram carinhosamente juntos, e de nada mais precisavam... apenas a companhia um do outro já era a felicidade para ambos.
A noite começava a chegar; então, Iasmin beijou a testa do irmão e foi para o banho; o papai logo estaria em casa e ela precisava estar limpinha.
Os três jantaram e compartilharam o momento. Ian sempre era o primeiro a se alimentar, portanto, já estava bem alimentado em sua cama.
Iasmin ajudou a mãe com a louça; o pai foi passar um tempo, no quarto, com o seu menino. E mais um dia findara.
E um novo amanhecer nasceu.
A mãe estranhou o silêncio na casa; Iasmin sempre tinha muita energia... e agora tudo estava tão quieto!
– É capaz de Iasmin estar deitada junto com Ian – a mãe pensou em voz alta.
Chegou ao quarto onde os filhos dormiam. Ian já estava com os olhos abertos. A filha estava deitadinha em sua cama.
– Que estranho! Iasmin ainda não acordou! – a mãe pensou alto mais uma vez.
Logo, a mãe foi cuidar do filho. Fez a higiene e trocou-o de roupa. A mãe estranhou muito e foi chamar a pequena.
– Filha, acorde, meu bem! Ian já acordou! – a mãe falou com carinho.
A menina não se mexia e estava tão serena.
– Iasmin! Filha! – a mãe começou a se desesperar. – Filha, acorde! Iasmin...
E a filha não mais podia responder. Ela, como um pequenino filhote de passarinho, sem mais a energia terrena, não mais pertencia a esta dimensão... partira voando levemente para a continuação de seu progresso. Iasmin agora poderia ser vista entre as estrelas sorrindo o sorriso mais lindo como os que sorria para Ian, seu irmão amado.
A mãe abraçava o corpinho frágil e dizia quanto a amava e quanto era uma filha tão querida e uma irmã tão amorosa... e era muito criança para a deixar.
E o pai correra para o quarto e, presenciando a cena, chorou como a criança que estava embalada nos braços maternos. Os pais se abraçaram com a filha entre eles.
Aquele quarto fora cenário de tanto amor, fraternidade, ternura, compreensão e agora, de momento imensamente delicado: a separação de um ser tão querido, um filho.
E como sempre Iasmin falava, – “Ian entende tudo” – o jovem rapazinho estava quase imóvel em sua cama, mas com os olhos cheios da lágrima mais eternizada por ter sido extremamente amado por uma criança de espírito tão nobre e amparador.
Iasmin ensinou o irmão a olhar pela janela e apreciar as estrelas no alto céu; quem sabe já previa sua partida e deixou para o irmão o mais eterno brilho: o das estrelas. Como na verdade, era uma delas.
Iasmin aprendeu rapidamente que o amor deve ser demonstrado hoje, pois do amanhã não se tem notícia... só vivendo. Por isso, ela amou tanto o seu irmão Ian.
E a luz se fez forte na partida de um anjo.

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (75)


Evangelho de Luz

Roberto Ferreira


Eu tenho um amigo sincero
Que eu tanto venero,
Com quem tanto me dou.
É meu professor, meu parceiro,
Meu bom companheiro
E muito me ajudou.
Me ensina a ser caridoso,
A não ser orgulhoso
E a orar sempre a Deus.
E quando eu tenho um dilema,
Resolvo o problema
Com os conselhos seus...
E quando eu tenho um dilema,
Resolvo o problema
Com os conselhos seus.

Evangelho de luz (evangelho de luz)
Evangelho perdão (evangelho perdão)
Evangelho Jesus (evangelho)
És a minha salvação.
Evangelho de luz (evangelho de luz)
Evangelho perdão (evangelho perdão)
Evangelho Jesus (evangelho)
És a minha salvação.

E quando a angústia revolta
Eu não acho a porta,
Não vejo a solução,
É ele o amigo adorado,
Que está sempre ao meu lado
E me traz a consolação.
Se choro ou preciso socorro,
A ele recorro
E por feliz me dou.
Ele é o Evangelho Novo,
É a mensagem que ao povo
O Cristo deixou...
Ele é o Evangelho Novo,
É a mensagem que ao povo
O Cristo deixou.


Você ouvirá esta linda canção na voz de Célia Tomboly clicando neste linkhttp://www.youtube.com/watch?v=Mu3_C73z1TM#t=20