JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— E então, Machado, vamos
continuar seus dados biográficos e falar sobre a Sociedade Petalógica?
— Meu caro Joteli, creio seja
melhor falar de outra coisa. Falar de alguém que já foi tema de milhares de
biografias é chover no molhado. Falemos de coisas amenas. Copa do Mundo,
eleições e segurança, por exemplo.
Comecemos pelo fim: a segurança
no Brasil. Conforme tem sido noticiado, o sistema penitenciário brasileiro é um
dos mais desumanos da humanidade desde que se construiu a primeira cadeia em
nosso país.
Mas dele falaremos mais
adiante. Comecemos pela questão sempre recorrente da violência brasileira.
Iniciado junto com as reivindicações de passagens de ônibus mais baratas, em São Paulo , e outros
pleitos, o vandalismo tem comovido muito nossas autoridades, que ficam muito
receosas em causar qualquer dano físico aos manifestantes revoltados.
Coitados, a raiva desses
cidadãos e cidadãs é tão intensa que, só para se ter uma ideia, apenas num dia,
13 de janeiro de 2014, ocorreram doze assassinatos na madrugada de Campinas,
acompanhados por vandalismo de três ônibus queimados e outros sete carros
depredados.
Durante todo o mês de janeiro
deste ano, 33 ônibus foram queimados em São Paulo.
A Secretaria de Segurança
Pública vem trabalhando duro, para o combate a tais vandalismos, com a
instauração de inquéritos, inclusive administrativos. Algumas teorias vêm sendo
apresentadas à população sobressaltada. Seria uma invasão de alienígenas?
Estaríamos retrocedendo ao tempo dos bárbaros? Quem o saberá?
Já sei o que você, leitor
amigo, acaba de pensar: “— Respeite os bárbaros, meu caro Machado”.
— Pois, meu prezado, como se
sabe, em várias penitenciárias brasileiras, há alguns anos, o crime vem sendo
comandado por facções criminosas dentro e fora dos presídios. Estudos intensos
vêm sendo feitos pelas autoridades constituídas, no sentido de, em vez de
punir, educar esses “elementos”. Aliás, tem sido proposto não chamarmos nossos
irmãos justamente revoltados por não disporem de cadeias humanitárias com essa
denominação ignominiosa: “elemento”. Muito justa, muito oportuna observação.
Também não concordo com
punição, é preciso educação. E nisso nosso Governo vem sendo um exemplo
mundial, você não concorda, amigo?
Por isso mesmo, não creio que
se deva divulgar apenas o lado negativo das políticas públicas. As cestas
básicas, as bolsas escolas, as próprias escolas, os serviços de abrigos, o
combate ao consumo de drogas são algumas medidas profiláticas do mais alto
nível, adotadas pelo Governo atual em prol de uma sociedade mais justa e
tolerante. Afinal, 2014 é o ano das eleições presidenciais.
Todavia, não posso deixar de
falar, ainda, de um estado que, durante muitos anos, quase não era lembrado, a
não ser pelo fato de nos ter dado um presidente da República e uma governadora.
Nem é preciso dizer que nos referimos ao Maranhão, não é mesmo, leitora amiga
bem informada?
Pois bem, em 2013, segundo as
notícias mais recentes da imprensa brasileira e mundial, ocorreram sessenta
assassinatos na penitenciária de Pedrinhas-MA. No dia 2 de janeiro de 2014
houve ali dois assassinatos bárbaros e no dia 20 desse mesmo mês, outro crime,
em que as cabeças das vítimas, já vitimadas por estarem em um presídio com
cerca do dobro de sua lotação, foram cortadas e utilizadas como bolas de
futebol. Afinal, estamos no ano da Copa no Brasil e precisamos dar o exemplo,
não é mesmo?
Nada mais tenho a comentar,
amigo leitor, a não ser que acabo de sentir um pouco de náusea e vou tomar um
sonrisal. Por que será? Será por quê?
*
— Joteli, traga uma cerveja sem
álcool para tomarmos em comemoração a este feliz ano de futebol e eleição. Quem
sabe, tirando o álcool do copo, melhore a escolha do nosso representante maior,
o presidente da escola de samba Unidos do Brasil.
— E sobre a Petalógica,
Machado, nada a declarar?
— Declaro que um dos grandes
feitos da sociedade foi aplaudir a construção da estrada de ferro, a iluminação
a gás, a transformação do carnaval e a reconstrução dos teatros. Ou seja, nessa
época, acreditávamos num futuro grandioso para o nosso país.
— Esperemos, então, meu caro
Bruxo, que o futebol, grande teatro brasileiro, em 2014 seja um palco de aplauso
mundial.
— Se as obras não atrasarem
muito, meu amigo...
— Bota fé nisso, Machado, com o
jeitinho brasileiro, tudo há de dar certo.
— Então vamos orar, como propus
na quadra final do poema que dediquei ao meu mestre falecido, o padre Silveira
Sarmento, no tempo da Petalógica:
Ide,
ao som das sagradas melodias,
Orar
junto do Cristo como irmãos,
Que
os espinhos da fronte do Messias
São
as rosas das frontes dos cristãos.
Na próxima crônica, falaremos
sobre o clube Beethoven. Até lá, amigos!
Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/
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