Continuamos,
ontem à noite, o estudo metódico e sequencial do livro Ação e Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita
Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Por que a
Mansão Paz era, com certa frequência, atacada por entidades infelizes?
B. Como a
Mansão Paz se defendia desses ataques?
C. Quem era o
Espírito que fora trazido à Mansão em situação lastimável?
Texto para leitura
13. A Mansão é atacada – Silas ia
continuar, quando estranho ruído chamou-lhe a atenção. Um mensageiro
abeirou-se, então, de Druso e anunciou que, depois de amainada a tormenta,
voltara o assalto dos raios desintegrantes. O dirigente determinou fossem
ligadas as baterias de exaustão e convidou André e Hilário a irem com ele
observar a defensiva, instalados na Agulha de Vigilância. Após percorrerem
vastíssimos corredores e largos salões, subiram a uma torre, provida de
escadaria helicoidal, algumas dezenas de metros acima do grande edifício. No
topo, André viu em pequeno gabinete interessantes aparelhos que lhes permitiram
contemplar a paisagem exterior. Assemelhavam-se a telescópios diminutos, que
funcionavam como lançadores de raios que eliminavam o nevoeiro, permitindo-lhes
a exata noção do ambiente constrangedor que os cercava, povoado de criaturas
agressivas e exóticas, a fugir, espavoridas, ante vasto grupo de entidades que
manobravam curiosas máquinas à guisa de canhonetes. A instituição estava
assediada por um exército de irmãos infelizes. Com semelhante invasão – que era
ali fato comum – os infelizes pretendiam deslocar a Mansão e levar seus
trabalhadores à inércia, a fim de senhorearem a região. Os adversários
valiam-se de equipagens estranhas. "Podemos defini-las como canhões de
bombardeio eletrônico – informou Druso.
– As descargas sobre nós são
cuidadosamente estudadas, a fim de que nos atinjam sem erro na velocidade de
arremesso." E se elas alcançassem o alvo? A esta pergunta, o dirigente
respondeu: "Decerto provocariam aqui fenômenos de desintegração,
suscetíveis de conduzir-nos à ruína total, sem nos referirmos às perturbações
que estabeleceriam em nossos irmãos doentes, ainda incapazes de qualquer
esforço para a emigração, porque os raios desfechados contra nós contêm
princípios de flagelação, que provocam as piores crises de pavor e
loucura". (Obra citada, capítulo 3, pp. 36
a 38.)
14. A paz não nos vem pela inércia –
Ruído soturno vibrava na atmosfera. Tinha-se a impressão de que milhares de
projéteis invisíveis cortavam o ar, violentamente, sibilando a reduzida
distância e acabando em estalidos secos, a infundir em André e Hilário pavorosa
impressão. Druso confortou-os: "Estejamos tranquilos. Nossas barreiras de
exaustão funcionam com eficiência". Em seguida, mostrou-lhes longa
muralha, constituída por milhares de hastes metálicas, cercando a cidadela em
toda a extensão, qual se fosse larga série de para-raios habilmente dispostos.
Em todos os lances do flanco atacado, surgiam faíscas elétricas, a fulgurarem
nos pontos de contacto, atraídas pelas pontas a prumo. "Os conflitos aqui
são incessantes – disse Druso –; no entanto, temos aprendido nesta Mansão que a
paz não é conquista da inércia, mas sim fruto do equilíbrio entre a fé no Poder
Divino e a confiança em nós mesmos, no serviço pela vitória do bem." Dito
isto, o Instrutor foi atender um doente recolhido na noite anterior, que nada
dizia, nem dera nenhum indício de identificação. Estava ele numa sala de
regulares proporções, que primava pela simplicidade e pelo azul repousante. Em
uma mesa desmontável, aquele homem disforme estirava-se em decúbito dorsal,
respirando apenas. O aspecto do infeliz era repelente, apesar dos cuidados de
que já fora objeto. Parecia sofrer inqualificável hipertrofia, mostrando braços
e pernas enormes. O aumento volumétrico do corpo perispirítico era, no entanto,
mais desagradável justamente na máscara fisionômica, em que todos os traços se
confundiam: a cabeça do enfermo era tal qual uma esfera estranha. (Capítulo 3, pp. 38 e 39)
15. A deformidade é de origem espiritual
– O infeliz fora trazido até a Mansão por uma de suas expedições socorristas.
Por enquanto, nada se sabia a seu respeito, salvo que deixara o círculo carnal
sob o império de terrível obsessão, tão terrível que não pôde recolher o amparo
espiritual das legiões caridosas que operam nos túmulos. "As regiões
infernais – lembrou Druso – estão superlotadas do sofrimento que nós mesmos
criamos. Precisamos equilibrar a coragem e a compaixão no mesmo nível, para
atender com segurança aos nossos compromissos nestes lugares." Aludindo,
em seguida, à causa da deformidade do infeliz irmão, o Instrutor informou a
André: "O fenômeno, todo ele, é de natureza espiritual. Recorda-se você de
que a dor no veículo físico é um acontecimento real no encéfalo, mas puramente
imaginário no órgão que supõe experimentá-la. A mente, através das células
cerebrais, registra a desarmonia corpórea, constrangendo a urdidura orgânica ao
serviço, por vezes torturado e difícil, do reajuste. Aqui, também, o aspecto
anormal, até monstruoso, resulta dos desequilíbrios dominantes na mente que,
viciada por certas impressões ou vulcanizada pelo sofrimento, perde temporariamente
o governo da forma, permitindo que os delicados tecidos do corpo perispirítico
se perturbem, tumultuados, em condições anormais". "Em tal situação –
acrescentou Druso –, a alma pode cair sob o cativeiro de Inteligências
perversas e daí procedem as ocorrências deploráveis pelas quais se despenha em
transitória animalização por efeito hipnótico." O Instrutor inclinou-se,
então, sobre o enfermo, com a ternura de alguém que auscultasse um irmão muito
amado, propondo: "Procuremos ouvi-lo". Incapaz de conter o assombro
que o empolgava, André perguntou se ele dormia. Druso fez um gesto afirmativo,
esclarecendo que o irmão se encontrava sob terrível hipnose.
"Inegavelmente – aduziu o dirigente –, foi conduzido a essa posição por
adversários temíveis, que, decerto, para torturá-lo, fixaram-lhe a mente em
alguma penosa recordação." Qual seria a causa daquele martírio? Druso
explicou que, excetuados os sacrifícios escolhidos pelas grandes almas,
"não se ergue o espinheiro do sofrimento sem as raízes da culpa".
"Para atingir a miserabilidade em que se encontra, nosso irmão terá
acumulado débitos sobremaneira escabrosos." (Capítulo 3, pp. 39 a 41)
16. A entidade começa a falar – Druso
passou, ato contínuo, a atuar diretamente sobre o enfermo, explicando:
"Desintegremos as forças magnéticas que lhe constringem os centros vitais
e ajudemo-lhe a memória, para que se liberte e fale". André e Hilário
estabeleceram, então, uma corrente de oração, que colaborou para fortalecer o
Instrutor, que passou, assim, a operar magneticamente, aplicando passes
dispersivos no companheiro em prostração. Decorridos alguns minutos, Druso
pousou a destra sobre a cabeça disforme, como se lhe chamasse a memória ao
necessário despertamento e, logo em seguida, o desventurado começou a gemer, revelando
o pavor de quem suspira por desvencilhar-se de um pesadelo. O Instrutor
interrompeu, porém, a operação, deixando o enfermo naquele estado, o que levou
Hilário a indagar, aflito: "Deverá permanecer, então, assim, à beira da
vigília, sem reapossar-se de si mesmo?" Druso respondeu: "Não lhe
convém o imediato retorno à realidade. Poderia sofrer deplorável crise de
loucura, com graves consequências. Conversará conosco, assim qual se vê, com a
mente enovelada à ideia fixa que lhe encarcera os pensamentos no mesmo círculo
vicioso, a fim de que lhe venhamos a conhecer o problema crucial, sem qualquer
distorção". A palavra do dirigente denotava grande experiência na
psicologia dos Espíritos vitimados nas trevas. Druso fez nova intervenção sobre
a glote. O infeliz descerrou as pálpebras e, mostrando os olhos esgazeados,
começou a bramir: "Socorro! socorro!... sou culpado, culpado!... Não posso
mais... Perdão! perdão!" Dirigindo-se ao Instrutor, e pensando que ele
fosse algum juiz, exclamou: "Senhor juiz, senhor juiz!... até que enfim,
posso falar! Deixem-me falar!..." Druso afagou-lhe a cabeça atormentada e
replicou em tom amigo: "Diga, diga o que deseja". O rosto do enfermo
cobriu-se de lágrimas e ele começou a falar, compungidamente: "Sou Antônio
Olímpio... o criminoso!... Contarei tudo". (Capítulo 3, pp. 41 e 42)
Respostas às questões propostas
A. Por que a Mansão Paz era, com certa
frequência, atacada por entidades infelizes?
Semelhantes
invasões tinham o objetivo de deslocar dali a Mansão e levar seus trabalhadores
à inércia, a fim de senhorearem a região. Para isso, seus adversários valiam-se
de equipagens estranhas. "Podemos defini-las como canhões de bombardeio
eletrônico – informou Druso. – As descargas sobre nós são cuidadosamente
estudadas, a fim de que nos atinjam sem erro na velocidade de arremesso." (Ação
e Reação, cap. 3, pp. 36 a
38.)
B. Como a Mansão Paz se defendia desses
ataques?
A cidadela
era defendida por várias barreiras de exaustão, que funcionavam com eficiência.
Cercava-a uma longa muralha, constituída por milhares de hastes metálicas, qual
se larga série de para-raios estivessem ali habilmente dispostos. "Os
conflitos aqui são incessantes – disse Druso –; no entanto, temos aprendido
nesta Mansão que a paz não é conquista da inércia, mas sim fruto do equilíbrio
entre a fé no Poder Divino e a confiança em nós mesmos, no serviço pela vitória
do bem." (Obra citada, cap. 3, pp. 38 e 39.)
C. Quem era o Espírito que fora trazido à
Mansão em situação lastimável?
Era Antônio
Olímpio. Depois de ser atendido por Druso, ele descerrou as pálpebras e,
mostrando os olhos esgazeados, começou a bramir: "Socorro! socorro!... sou
culpado, culpado!... Não posso mais... Perdão! perdão!" Dirigindo-se ao
Instrutor, e pensando que ele fosse algum juiz, exclamou: "Senhor juiz,
senhor juiz!... até que enfim, posso falar! Deixem-me falar!..." Druso
afagou-lhe a cabeça atormentada e replicou em tom amigo: "Diga, diga o que
deseja". O rosto do enfermo cobriu-se de lágrimas e ele começou a falar,
compungidamente: "Sou Antônio Olímpio... o criminoso!... Contarei
tudo". (Obra citada, cap. 3, pp. 41 e 42.)
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