Um leitor pergunta-nos se é possível a comunicação
mediúnica com um Espírito ainda encarnado.
Sim, o fato é possível e foi tratado por Allan Kardec
e também por Ernesto Bozzano, autor de um clássico sobre o assunto:
“Comunicações mediúnicas entre vivos”.
Kardec examinou o assunto na Revista Espírita de 1859, 1860, 1865, 1867 e 1869, bem como em Obras
Póstumas.
Comentando um caso de aparição de um jovem encarnado à
sua mãe, relatado pelo Journal de Rouen
de 22/12/1868 e reproduzido pela Revista
Espírita, Allan Kardec, além de considerar o fato possível, explicou que o
fenômeno se devia à faculdade que tem a alma de desprender-se do corpo físico e
aparecer a distância. Foi o que ocorreu.
Uma outra dúvida, pertinente ao caso, foi quanto à
roupa usada na aparição pelo jovem. A vestimenta também se desprende? Kardec
foi taxativo: tanto as roupas, quanto o corpo material, ficaram em seu lugar. O
Espírito do jovem apresentou-se diante de sua mãe com o corpo perispiritual e
bastou-lhe pensar em sua roupa habitual para que esse pensamento desse ao seu
perispírito as aparências dessa roupa. “As formas exteriores que revestem os
Espíritos que se tornam visíveis – diz Kardec – são, pois, verdadeiras criações
fluídicas, muitas vezes inconscientes. A roupa, os sinais particulares, os
ferimentos, os defeitos físicos, os objetos que usa, são o reflexo de seu
próprio pensamento no envoltório perispiritual.” (Revista Espírita de 1869, pp. 73 a 75.)
Dos casos mencionados por Kardec na Revista Espírita, dois merecem destaque.
O primeiro diz respeito a um jovem de 13 anos, Charles
de Saint-G..., cujas faculdades intelectuais eram praticamente nulas. Charles
seria o que hoje chamamos de criança especial.
Com a permissão do Espírito de São Luís, Kardec evocou
o Espírito de Charles, cujo corpo dormia naquele momento. Charles se
manifestou. No diálogo com o Codificador, ele revelou ter consciência do seu
estado e sabia por que nascera naquelas condições. "Sou um pobre Espírito
ligado à terra, como uma ave por um pé", definiu o jovem.
Kardec, comentando o caso, diz que a imperfeição dos
órgãos é apenas um obstáculo à livre manifestação das faculdades, mas não as
aniquila. (Revista Espírita de 1860, pp. 181 a 183.)
O outro caso relatado na Revista Espírita reporta-se a um diálogo travado no ano de 1862
entre o sr. Rul, membro da Sociedade Espírita de Paris, e o Espírito de um
jovem surdo-mudo de 12 a 13 anos, ainda encarnado. Na conversa, o jovem disse que nascera assim como
expiação de seus crimes no passado: ele fora parricida. (Revista Espírita de 1865, pp. 19 e 20.)
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