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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Nossos atos tecem asas de libertação ou algemas de cativeiro



Continuamos ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, o estudo metódico e sequencial do livro Ação e Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto relativo ao Módulo 2, que serviu de base ao estudo realizado:

Questões para debate

A. Que Espíritos residem nas zonas infernais propriamente ditas?
B. Que lição grande e nova a viagem ao sepulcro nos ensina?
C. Que é preciso fazer para livrar-se das regiões infernais?

Texto para leitura 

5. Regiões infernais - "Nestas regiões inferiores – prosseguiu Druso –  não transi­tam as almas simples, em qualquer aflição purga­tiva, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. Cada ser está jungido, por impositivos da atração magné­tica, ao círculo de evo­lução que lhe é próprio. Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados à floresta que lhes resume os interesses e os so­nhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem..."  Nas zonas in­fernais propriamente ditas residem apenas os que, conhecendo suas res­ponsabilidades morais, delas se ausentaram, deliberadamente. O inferno pode ser definido, pois, como vasto campo de desequilíbrio, estabele­cido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da per­versidade completa. Estando em conexão com a Humanidade terrestre, uma vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, esses lugares funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral e menosprezam as responsabili­dades que o Senhor lhes outorga. Os gênios infernais que supõem gover­nar a região, com poder infalível, ali vivem por tempo indeterminado; as criaturas perversas que com eles se afinam, embora lhes padeçam a dominação, prendem-se ali por largos anos, e as almas transviadas na delinquência e no vício, com possibilidades de próxima recuperação, ali permanecem em estágios ligeiros ou regulares, aprendendo que o preço das paixões é demasiado terrível. Druso concluiu, então: "Segundo é fácil reconhecer, se a treva é a moldura que imprime desta­que à luz, o inferno, como região de sofrimento e desarmonia, é per­feitamente cabível, representando um estabelecimento justo de filtra­gem do Espírito, a caminho da Vida Superior. Todos os lugares infer­nais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde". (Capítulo 1, pp. 18 a 21.) 

6. Estamos ligados às nossas obras - A expressiva assembleia que lotava o recinto era, em grande parte, desagradável e triste. O número de enfermos perfazia, aproximadamente, duas centenas, sendo que mais de dois terços apresentavam deformidades fisionômicas. A quase com­pleta quietude reinante no ambiente, apesar da tempestade que rugia lá fora, devia-se ao fato de estarem os enfermos localizados em um salão interior da cidadela, revestido exteriormente de abafadores de som. Druso pediu a um dos enfermos que proferisse a oração de início e, em seguida, como se estivesse conversando numa roda de amigos, falou com naturalidade: "Irmãos, continuemos hoje em nosso comentário acerca do bom ânimo. Não me creiam separado de vocês por virtudes que não pos­suo. A palavra fácil e bem posta é, muita vez, dever espinhoso em nossa boca, constrangendo-nos à reflexão e à disciplina. Também sou aqui um companheiro à espera da volta. A prisão redentora da carne acena-nos ao regresso". O Instrutor falou-lhes então da ideia errônea que as pessoas fazem da morte, julgando que esta seja ponto final dos nossos problemas, enquanto muitos se acreditam privilegiados da Infi­nita Bondade, por haverem abraçado atitudes de superfície, nos templos religiosos. "A viagem do sepulcro, no entanto, ensinou-nos uma lição grande e nova –  a de que nos achamos indissoluvelmente ligados às nossas próprias obras", acentuou Druso. "Nossos atos tecem asas de li­bertação ou algemas de cativeiro, para a nossa vitória ou nossa perda. A ninguém devemos o destino senão a nós próprios." (Capítulo 2, pp. 23 a 25) 

7. O pretérito fala em nós, exigente - Continuando, o Instrutor falou sobre a sabedoria e a bondade do Pai Celeste, cuja justiça "não se revela sem amor". "Se somos vítimas de nós mesmos –  disse Druso –  somos igualmente beneficiários da Tolerância Divina, que nos desce­rra os santuários da vida para que saibamos expiar e solver, restaurar e ressarcir. Na retaguarda, aniquilávamos o tempo, instilando nos ou­tros sentimentos e pensamentos que não desejávamos para nós, quando não es­tabelecíamos pela crueldade e pelo orgulho vasta sementeira de ódio e perseguição." A desarmonia e o sofrimento resultam, pois, de semelhan­tes atitudes: "O pretérito fala em nós com gritos de credor exigente, amontoando sobre as nossas cabeças os frutos amargos da plantação que fizemos... Daí os desajustes e enfer­midades que nos assaltam a mente, desarticulando-nos os veículos de manifestação". Druso lembrou-lhes, então, que as ligações com a reta­guarda continuam vivas e que laços de afetividade mal dirigida e ca­deias de aversão os aprisionavam, ainda, a companheiros encarnados e desencarnados, muitos deles em desequilí­brios mais graves e constrin­gentes... Sua mensagem era de ânimo: "Achamo-nos imbuídos do sonho de renovação e paz, aspirando à imersão na Vida Superior, en­tretanto, quem poderia adquirir respeitabilidade sem quitar-se com a Lei?" "Ninguém avança para a frente sem pagar as dívidas que contraiu." Após breve pausa, e indicando com um gesto a torturante paisagem exte­rior, Druso prosseguiu em tom comovente: "Em derredor do nosso pouso de trabalho e esperança, alongam-se flagelos infernais... Quantas al­mas petrificadas na rebelião e na indisciplina aí se desmandam no aviltamento de si mesmas?" Lembrou, porém, que a Lei Divina funciona com igualdade para todos. É por isso que nossa consciência reflete a treva ou a luz de nossas criações individuais. A luz, aclarando-nos a visão, descortina-nos a estrada. A treva, ence­guecendo-nos, agrilhoa-nos ao cárcere de nossos erros. O Espírito em harmonia com a Vontade Divina descortina o horizonte e caminha, para diante; no entanto, aquele que abusa da vontade e da razão, quebrando a corrente das bên­çãos divinas, modela a sombra em torno de si mesmo, insulando-se em pesadelos aflitivos, incapaz de seguir à frente. A re­encarnação, como recomeço de aprendizado, é-nos, pois, concessão da Bondade Excelsa que nos cabe aproveitar, no resgate imprescindível. (Capítulo 2, pp. 25 e 26) 

8. A porta de saída do inferno - Druso mostrava com suas palavras que, dispondo de novas oportunidades de trabalho no campo físico, é possível refazer o destino, "solvendo obscuros compromissos e, sobre­tudo, promovendo novas sementeiras de afeição e dignidade, esclareci­mento e ascensão". De volta à carne –  explicou ele – , teremos a fe­licidade de reencontrar velhos inimigos, sob o véu de temporário es­quecimento, o que nos facilitará a reaproximação preciosa. Dependerá, desse modo, apenas de nós mesmos convertê-los em amigos e companhei­ros, uma vez que, padecendo-lhes a incompreensão e a antipatia, com hu­mildade e amor sublimaremos nossos sentimentos e pensamentos, plas­mando novos valores de vida eterna em nossas almas. A assembleia escu­tava o Instrutor, suspensa nas flamas de elevada meditação. Alguns dos enfermos tinham lágrimas nos olhos, enquanto outros mostravam o sem­blante extático dos que se conservam entre o consolo e a esperança. Druso, então, continuou: "Somos Espíritos endividados, com a obrigação de dar tudo, em favor da nossa renovação. Comecemos a articular ideias redentoras e edificantes, desde agora, favorecendo a reconstrução do nosso futuro. Disponhamo-nos a desculpar os que nos ofenderam, com o sincero propósito de rogar perdão às nossas vítimas. Cultivando a ora­ção com serviço ao próximo, reconheçamos na dificuldade o gênio bom que nos auxilia, a desafiar-nos ao maior esforço. Reunindo todas as possibilidades ao nosso alcance, espalhemos, nas províncias de treva e dor que nos rodeiam, o socorro da prece e o concurso do braço frater­nal, preparando o regresso ao campo de luta –  o plano carnal – , em que o Senhor pela bênção de um corpo novo nos ajudará a esquecer o mal e replantar o bem. Para nós, herdeiros de longo passado culposo, a es­fera das formas físicas simboliza a porta de saída do inferno que criamos". Druso, que estampava na voz a inflexão de quem trazia uma dor imensamente sofrida, concluiu então a sua mensagem: "Supliquemos ao Senhor nos conceda forças para a vitória – , vitória que nascerá em nós para a grande compreensão. Somente assim, ao preço de sacrifício no reajuste, conseguiremos o passaporte libertador!..." (Capítulo 2, pp. 27 e 28)

Respostas às questões propostas

A. Que Espíritos residem nas zonas infernais propriamente ditas?
Residem ali apenas os que, conhecendo suas responsabilidades morais, delas se ausentaram, deliberadamente. O inferno pode, pois, ser definido como vasto campo de desequilíbrio estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Estando em conexão com a Humanidade terrestre, uma vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, esses lugares funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral e menosprezam as responsabilidades que o Senhor lhes outorga. (Ação e Reação, cap. 1, pp. 18 a 21.)

B. Que lição grande e nova a viagem ao sepulcro nos ensina?
O instrutor Druso diz que as pessoas fazem uma ideia errônea da morte, julgando que seja ela o ponto final dos nossos problemas, enquanto muitos se acreditam privilegiados da Infinita Bondade, por haverem abraçado atitudes de superfície, nos templos religiosos. "A viagem do sepulcro, no entanto, ensinou-nos uma lição grande e nova – a de que nos achamos indissoluvelmente ligados às nossas próprias obras", observa Druso. "Nossos atos tecem asas de libertação ou algemas de cativeiro, para a nossa vitória ou nossa perda. A ninguém devemos o destino senão a nós próprios." (Obra citada, cap. 2, pp. 23 a 25.)

C. Que é preciso fazer para livrar-se das regiões infernais?

Sobre o assunto, Druso recomendou aos que o ouviam: “Reunindo todas as possibilidades ao nosso alcance, espalhemos, nas províncias de treva e dor que nos rodeiam, o socorro da prece e o concurso do braço frater­nal, preparando o regresso ao campo de luta –  o plano carnal – , em que o Senhor pela bênção de um corpo novo nos ajudará a esquecer o mal e replantar o bem”. “Para nós, herdeiros de longo passado culposo, a es­fera das formas físicas simboliza a porta de saída do inferno que criamos." O Instrutor, que estampava na voz a inflexão de quem trazia uma dor imensamente sofrida, concluiu então a sua mensagem: "Supliquemos ao Senhor nos conceda forças para a vitória –, vitória que nascerá em nós para a grande compreensão. Somente assim, ao preço de sacrifício no reajuste, conseguiremos o passaporte libertador!..." (Obra citada, cap. 2, pp. 27 e 28.)



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