Iniciamos ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, o estudo metódico
e sequencial do livro Ação e Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita
Brasileira.
Todas as semanas reproduziremos aqui,
para conhecimento do leitor, o texto que serviu de base ao estudo realizado na
noite anterior.
Eis o texto relativo ao Módulo 1:
Questões
para debate
A.
Como Emmanuel define o inferno?
B.
Como André Luiz descreve a Mansão Paz?
C.
Como ressarcir os débitos da consciência?
Texto para leitura
1. Justiça
Divina - Emmanuel nos diz que este livro desvela uma nesga das regiões
inferiores a que se projeta a consciência culpada, além do corpo físico,
mostrando a importância da existência carnal, como verdadeiro favor da Divina
Misericórdia, a fim de que nos adaptemos ao mecanismo da Justiça Indefectível.
Asseverando que o inferno exterior nada mais é que o reflexo de nós mesmos,
quando, pelo relaxamento e pela crueldade, nos entregamos à prática de ações
deprimentes, Emmanuel observa que, segundo o eminente criminalista Von Liszt,
o Estado, em sua expressão de organismo superior, não prescinde da pena, a fim
de sustentar a ordem jurídica. "A necessidade da conservação do próprio
Estado justifica a pena", assevera Von Liszt. André Luiz faz-nos sentir,
contudo, que o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda mais ampla. A
criatura não se encontra subordinada simplesmente ao critério dos penalogistas
do mundo: quanto mais esclarecida, tanto mais responsável e entregue aos
arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se
envolve nos espinheiros da culpa. André mostra, assim, que os princípios
codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o Espírito humano, compelindo-o
à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao
verdadeiro progresso da alma, e explica que o Espiritismo, por isso mesmo, é o
disciplinador de nossa liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma
vida social dignificante, mas também para que mantenhamos, no campo do
espírito, uma vida individual harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos
da Vida Universal Perfeita. Em síntese, ele demonstra-nos que as nossas
possibilidades de hoje nos vinculam às sombras de ontem, exigindo-nos trabalho
infatigável no bem, para a construção do Amanhã, sobre as bases redentoras do
Cristo. ("Ante o Centenário", pp. 9 a 11)
2. "Mansão
Paz" - Todas as civilizações que antecederam a glória ocidental nos
tempos modernos consagraram especial atenção aos problemas de além-túmulo. O
Egito mantinha incessante intercâmbio com os trespassados e ensinava que os
mortos sofriam rigoroso julgamento entre Anúbis, o gênio com a cabeça de
chacal, e Hórus, o gênio com cabeça de gavião, diante de Maât, a deusa da
justiça, que decidia se as almas deveriam ascender ao esplendor solar ou voltar
aos labirintos da provação na Terra, em corpos deformados e vis. Os hindus
admitiam que os desencarnados, conforme as resoluções do Juiz dos Mortos,
subiriam ao Paraíso ou desceriam aos precipícios do reino de Varuna, o gênio
das águas, para serem insulados em câmaras de tortura, amarrados uns aos outros
por serpentes infernais. Hebreus, gregos, gauleses e romanos sustentavam
crenças mais ou menos semelhantes, convictos de que a elevação celeste era
reservada aos Espíritos retos e bons, puros e nobres, guardando-se os tormentos
do inferno para quantos se rebaixavam na perversidade e no crime, nas regiões
de suplício, fora do mundo ou no próprio mundo, através da reencarnação em
formas envilecidas pela expiação e pelo sofrimento. Essas palavras, ditas por
Druso, diretor da "Mansão Paz", encantavam André Luiz e Hilário, que
ali estavam em visita. O
estabelecimento, localizado nas regiões inferiores, era uma espécie de mosteiro
São Bernardo, com a diferença de que, em lugar da neve, circundava-o uma sombra
espessa. Vinculado à colônia "Nosso Lar", o pouso fora fundado havia
mais de três séculos e se dedicava a receber Espíritos infelizes ou enfermos,
decididos a trabalhar pela própria regeneração, elevando-se uns a colônias de
aprimoramento na Vida Superior, e retornando outros à esfera dos homens para a
reencarnação retificadora. (Capítulo 1, pp. 13 e 14)
4. Espíritos
culpados - Aqueles Espíritos traziam o íntimo turbilhonado e tenebroso,
qual a própria tormenta, em razão dos pensamentos desgovernados e cruéis de
que se nutriam. "Odeiam e aniquilam, mordem e ferem", informou o
diretor. Alojá-los ali seria o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fiéis
a orar num templo. Felizmente, essa fase de desvario passa com o tempo, eis que
a alma, batida pelo temporal das provações, refunde-se pouco a pouco,
tranquilizando-se para abraçar, por fim, as responsabilidades que criou para si
mesma. André Luiz estava intrigado. "Quer dizer, então – disse ele –
, que não basta a romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares
de treva e padecimento, para que os débitos da consciência sejam
ressarcidos..." O Instrutor foi taxativo: "Perfeitamente, o desespero
vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de incontinência e
revolta. Não serve como pagamento nos tribunais divinos". "Cessada a febre
de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao remorso e à penitência.
Acalma-se como a terra que torna à serenidade e à paciência, depois de
insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e ferida. Então, como o
solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa, submete-se de novo à
sementeira renovadora dos seus destinos." Druso lembrou, então, que a
existência humana, por mais longa, é simples aprendizado em que o Espírito
reclama benéficas restrições para restaurar o seu caminho. Usando novo corpo
entre os semelhantes, deve ele atender à renovação que lhe diz respeito e isso
exige a centralização de suas forças mentais na experiência terrena a que,
transitoriamente, se afeiçoa. André estava curioso, e se perguntava
mentalmente: "Que tipo de Espíritos sofriam a pressão daquela
tormenta?" Druso percebeu sua dúvida e, de pronto, aclarou: "Obrigado
a pacientes e laboriosas investigações, por força de meus deveres, posso
adiantar-lhes que às densas trevas em torno somente aportam as consciências que
se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si
mesmas". (Capítulo 1, pp. 16
a 18)
Respostas
às questões propostas
A. Como
Emmanuel define o inferno?
Segundo ele,
o inferno exterior nada mais é que o reflexo de nós mesmos, quando, pelo relaxamento
e pela crueldade, nos entregamos à prática de ações deprimentes. O Espiritismo
revela-nos que a criatura não se encontra subordinada simplesmente ao critério
dos penalogistas do mundo, pois, quanto mais esclarecida, tanto mais
responsável e entregue aos arestos da própria consciência, na Terra ou fora
dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. (Ação e Reação,
prefácio de Emmanuel, pp. 9 a
11.)
B. Como
André Luiz descreve a Mansão Paz?
Localizada
nas regiões inferiores, a Mansão Paz é uma espécie de mosteiro São Bernardo,
com a diferença de que, em lugar da neve, circunda-a uma sombra espessa.
Vinculada à colônia "Nosso Lar", ela fora fundada havia mais de três
séculos e se dedica a receber Espíritos infelizes ou enfermos, decididos a
trabalhar pela própria regeneração, elevando-se uns a colônias de aprimoramento
na Vida Superior, e retornando outros à esfera dos homens para a reencarnação
retificadora. (Obra citada, cap. 1, pp. 13 e 14.)
C. Como
ressarcir os débitos da consciência?
Não basta a
romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares de treva e
padecimento, para que os débitos da consciência sejam ressarcidos. O desespero
vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de incontinência e
revolta, mas não serve como pagamento nos tribunais divinos. Druso explicou:
"Cessada a febre de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao
remorso e à penitência. Acalma-se como a terra que torna à serenidade e à
paciência, depois de insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e
ferida. Então, como o solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa,
submete-se de novo à sementeira renovadora dos seus destinos". (Obra
citada, cap. 1, pp. 16 a
18.)
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