JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Mui cara leitora e
estimado leitor, vocês não têm ideia de onde estive, após ter despertado do
ilusório "sono eterno" há algumas décadas. Pois não se espantem,
passei, certa noite, pelo lar de Chico Xavier, em Uberaba, MG.
E o que vi ali que tanto me impressionou? Havia
uma sala simples, com cerca de trinta cadeiras e, ao redor de uma mesa
retangular, de cerca de quatro metros de comprimento por um metro de largura,
estavam treze pessoas reunidas. Uma delas era Chico, que se sentara à cabeceira
da mesa, à frente duma parede branca, com uma estreita porta, à sua esquerda, a
qual dava para um quartinho, nos fundos. Sobre uma mesinha desse quarto, além
de moringa com água e de copos plásticos, estava um caderno para anotações de
pedidos de preces em benefício de encarnados e desencarnados...
Para minha felicidade, eu adentrara, pela vez
primeira, a casa do médium mineiro em pleno culto do evangelho. Eram exatamente
20 horas do dia 21 de junho de... Presente de aniversário que ganhei de Carola.
Após a prece inicial do Chico, seu filho
adotivo, Eurípedes, abriu uma página do Evangelho segundo o Espiritismo e pediu
às demais pessoas sentadas à mesa para comentar cada parágrafo dessa obra
magistral. Nesse mesmo instante, vi um senhor alto, vestido à la romana, toga branca
dos senadores da época de Nero, que após cumprimentar-me gentilmente e se
apresentar como Emmanuel, dirigiu-se ao médium Xavier, o qual, munido de várias
folhas em branco e não menos de vários lápis, passou a escrever, celeremente,
sob a influência daquele Espírito de altíssima elevação.
A luz irradiada por Emmanuel era tão intensa
que, embora a sala estivesse, até então, em penumbra, foi tomada de tal
claridade que cheguei a imaginar a plena noite de Lua cheia tornar-se Sol do
meio dia.
Ao final dos comentários dos integrantes da
mesa, Chico já havia psicografado belíssima mensagem para nossa reflexão
intitulada "Tolerância e perdão". O mais surpreendente é que tudo que
fora escrito pelo médium representava fielmente as palavras de Emmanuel
dirigidas a mim, que lhe fazia algumas perguntas a respeito do tema lido e
comentado pelos doze participantes da mesa: Amai os vossos inimigos, cap. XII
do citado Evangelho.
Embora alguma implicância do crítico literário
Sílvio Romero, que tomou uma crítica nossa às suas primeiras produções
literárias, como ataque pessoal, nunca tive inimigos em minha última
reencarnação. Tanto é assim que a mim não me importaram muito seus comentários
irônicos sobre minha literatura de "estilo gago", no seu entendimento
venenoso.
À época, não faltou quem me defendesse dos
apodos gratuitos do doutor Romero.
Então, pedi orientação a Emmanuel sobre como
reparar as nossas ofensas, muitas vezes irrefletidas, às pessoas. E ele
respondeu-me que devemos emitir vibrações mentais equilibradas em benefício de
tais pessoas, buscando lembrar os favores, as gentilezas que elas porventura
hajam nos proporcionado. Acrescentou, também, que devemos nos abster de
qualquer referência negativa sobre o ofendido e, para reconquistar sua
simpatia, ser amáveis com seus familiares e amigos.
– Mas isso não seria bajulação, meu caro
Emmanuel? – perguntei-lhe.
– Não, Machado, é preciso envolver a pessoa a
quem desejamos reconquistar ou cativar a simpatia com o nosso maior respeito.
Todavia, nossas palavras de paz devem emergir do nosso interior, reconhecendo
que a inimizade e o antagonismo, mesmo que pareçam justos, precisam ser
erradicados de nossas almas.
Então, perguntei-lhe:
– E se o erro ou a agressão foram dirigidos a
nós?
– É preciso consultar a própria consciência, sem
autocomiseração, para que descubramos ter sido os próprios causadores da
agressividade alheia. Somente assim estaremos libertos do mal.
Para finalizar, o elevado Espírito que já está
entre vós, com a idade atual de quatorze anos, e renasceu em São Paulo , brindou-nos à
época com esta lição magistral, registrada pelo lápis do médium mineiro e que
lhes passo em primeira mão, amados leitores:
Existem companheiros e companheiras que terão sofrido golpes
tão grandes que se acreditam incapazes de qualquer iniciativa para a
pacificação com as criaturas que se fizeram instrumentos da amargura que lhes
marcam os dias. Entretanto, lembremo-nos de que o brilhante atirado à lama, não
deixará de ser brilhante, porque esteja nessa penosa e transitória condição. E,
pensando nisso, entenderemos que Deus tem recursos para retirar essa
preciosidade do lixo humano, fazendo-a brilhar de novo ao domínio da luz.
Agradeci a Emmanuel tão belos ensinamentos,
abracei-o, junto com Chico Xavier, inspirei uma prece a Eurípedes, em benefício
de todos os encarnados e desencarnados, presentes e necessitados, e saí dali
volitando, direto para a nave espacial que me aguardava. Entrei na nave e parti
ao encontro de Carolina, que, sob um pseudônimo qualquer, retornava de um trabalho
mediúnico voltado à inspiração da mineira Carolina Maria de Jesus, futuramente
famosa por sua obra literária produzida enquanto catava lixo próximo à favela
onde morava: Quarto de despejo.
Leitora amiga, amigo leitor, o certo é que, ya
lo creo.
Ai nostri monti ritorneremo (De volta às nossas
montanhas. AS).
Acesse
o blog www.jojorgeleite.blogspot.com
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