Demos
continuidade ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar aos estudos do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957
pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro
e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões para debate
A. Quanto
tempo seria necessário à preparação de Clarindo e Leonel para seu retorno à
vida corpórea?
B. Como,
nesse retorno à vida corpórea, seria a situação de Antônio Olímpio?
C. A música
erudita faz bem aos desencarnados?
Texto para leitura
66. O tempo é a nossa bênção –
Reparando que Clarindo e Leonel haviam sido tocados por suas revelações, Silas
passou a dar-lhes mais atenção, o que suscitou em ambos o desejo de abrir-se
aos novos amigos. Clarindo falou então de seus sonhos na existência bruscamente
interrompida pelo crime do irmão Antônio Olímpio, quando anelava organizar um
reduto agrícola em que lhe fosse possível consagrar-se a nobilitantes
experiências. Leonel referiu-se à sua inclinação para a música e aos seus
planos com relação à carreira de pianista. A amargura de suas palavras não
apresentava, porém, o rancor de antes. Leonel disse mesmo compreender que, se
suas existências foram ceifadas em plena juventude, é que deveriam possuir
débitos que justificassem tal provação, embora o fato não eximisse Olímpio da
culpa que carregava pelo crime cometido. Silas o apoiou, dizendo que tal
pensamento da parte deles denunciava grande renovação, mas não pôde continuar,
porque Leonel, mergulhando a cabeça nas mãos, clamou em lágrimas: "... ó
Deus, por que só conhecemos a alta virtude do perdão, quando já nos enodoamos
no crime? por que só tão tarde o desejo de restaurar o campo de nossas aspirações,
quando a vingança já nos crestou a vida no incêndio do mal?!..." Clarindo
acompanhou a explosão de dor e remorso do irmão, com sinais de aprovação, e
Silas, generoso, o acolheu de encontro ao peito, porque era evidente que Leonel
se reportava, com aquele desabafo, à morte de Alzira. "Chora, meu amigo!
Chora, que as lágrimas purificam o coração!...", disse-lhe Silas,
aduzindo: "Ainda assim, não permitas que o pranto te esmague a lavoura de
esperança... Quem de nós, aqui, jaz sem culpa? Todos temos compromissos a
resgatar e o Tesouro do Senhor jamais se empobrece de compaixão. O tempo é a
nossa bênção..." André percebeu que Leonel propunha-se a falar, desabafar,
confessar-se, mas Silas, restituindo-os à meditação, convidou os amigos ao
regresso, prometendo voltar na noite seguinte. (Ação e Reação, capítulo 10, pp. 140 a 142.)
67. O trabalho no bem facilita a nossa
marcha – Leonel e Clarindo, completamente modificados, reinstalaram-se
no lar de Luís. O processo Antônio Olímpio atingia bom termo, pois a renovação
dos obsessores coroara-se de êxito. Alzira os veria na noite imediata, dando
início ao entendimento para a reencarnação de ambos como filhos dela, após a
necessária preparação, que Silas estimou durar cerca de vinte e cinco anos. Por
que tanto tempo? Silas explicou: "Precisarão reconstituir as ideias, no
campo do bem, plasmando-as de modo indelével na mente, a fim de que se
consagrem à efetivação dos novos planos. Refugiar-se-ão no serviço ativo,
ajudando aos outros e criando, assim, preciosas sementeiras de simpatia, que
lhes facilitarão as lutas na Terra, amanhã... No trabalho e no estudo, tanto
quanto nos empreendimentos da pura fraternidade, amealharão incorruptíveis
valores morais, e a reeducação, dessa forma, aperfeiçoar-lhes-á as tendências,
predispondo-os à vitória de que necessitam nas provações remissoras". Já
Antônio Olímpio voltaria mais cedo, cerca de dois a três anos após a
reconciliação com os manos. A enorme diferença entre um caso e o outro foi
elucidada por Silas: "Não podemos esquecer que foi ele quem cometeu a
criminosa trama sob nosso estudo. Por isso, do grupo de reencarnantes, será o
companheiro menos favorecido na Lei, durante a viagem prevista à esfera humana,
pelas agravantes que lhe marcam o problema individual. Com o espírito ainda
sombreado de angústia e arrependimento, ressurgirá no berço da família que ele
prejudicou, pela prática da usura, movimentando-se num horizonte mental muito
restrito, uma vez que, instintivamente, a sua maior preocupação será devolver
aos irmãos espoliados a existência física, o dinheiro e as terras que deles
furtou... Em razão disso, apenas disporá de facilidades íntimas para a cultura
e o aprimoramento de si mesmo, na idade madura do corpo, quando houver
encaminhado os filhos para o triunfo que a eles compete alcançar". Se
Clarindo e Leonel haviam matado Alzira, não se podia negar-lhes atenuante no
lamentável delito... (Obra citada, capítulo
10, pp. 142 e 143.)
68. Aquele que ama governa a vida –
Silas lembrou então que Antônio Olímpio planejou o crime, friamente, para tirar
vantagens materiais de seu ato, enquanto Clarindo e Leonel agiram sob o
pesadelo do ódio e traumatizados pela dor. Evidentemente, os dois irmãos
deveriam sofrer doloroso resgate, em ocasião oportuna, mas naquele momento eram
credores daquele que lhes retardou os passos. O caso de Alzira era bem
diferente. Tendo conseguido entesourar bastante amor para entender, perdoar e
auxiliar, dispunha do poder de ajudar, não só ao ex-esposo, como aos cunhados e
ao filho Luís, visto que quanto mais amor puro exista no Espírito, mais amplos
recursos possui a alma perante Deus. "Aqueles que amam realmente – acentuou
Silas – governam a vida." No dia seguinte, Silas, após entender-se com
Alzira, pediu-lhe que se encontrasse com o grupo, a determinada hora, no mesmo
lago em que ocorrera a sua desencarnação. Depois, junto com André e Hilário, o
Assistente se reuniu com os dois irmãos em casa de Luís, de onde foram até o
hospital visitado na véspera, onde Silas administrou novamente passes magnéticos
em Laudemira e no filhinho recém-nascido. Findo o atendimento, o Assistente
transportou os amigos para vasto domicílio, em cujo umbral um velhinho
desencarnado, de fisionomia simpática, os recebeu amavelmente. Era o irmão
Paulino, que vinha amparando as obras do filho, dedicado à engenharia na
Crosta. No interior da casa, um homem maduro jazia debruçado sobre um livro.
Paulino o apresentou como sendo o filho encarnado. Silas rogou-lhe então os
bons ofícios, junto ao filho, para que lhes fosse propiciado, ali, o prazer de
alguns momentos de música, solicitando-lhe, se possível, alguma página especial
de Beethoven. (Obra citada, capítulo 10,
pp. 144 e 145.)
69. O efeito notável da música – Com
surpresa, André viu o ancião abeirar-se do filho, segredando-lhe algo aos
ouvidos. O cavalheiro interrompeu então a leitura, dirigiu-se à eletrola e
consultou pequena discoteca, de onde retirou a Pastoral do referido compositor.
Em breves momentos, o recinto povoou-se de encantamento e alegria, sonoridade e
beleza. Aqueles minutos valeram para todos eles como abençoada oração, visto
que os lances da magnífica sinfonia como que os elevavam a círculos harmoniosos
de ignota beleza e possuíam a faculdade de lavar-lhes, miraculosamente, os
refolhos do ser. Findas as notas derradeiras, Silas e seus amigos
despediram-se, maravilhados. Seus pensamentos vibravam em sintonia mais pura e
seus corações pareciam mais fraternos. Dirigiram-se então, a pedido de Leonel,
até o lago. A noite ia alta e o luar coroava o campo de prateadas fulgurações.
Leonel passou, então, a relatar o que André e seus amigos já sabiam, detendo-se
em copioso pranto, ao referir-se à morte da cunhada, sobre quem atirara as
farpas da sua ira... Silas a tudo ouvia, pacientemente. Mais tarde, a sós com
André e Hilário, explicou que não interrompeu a narrativa de Leonel, porque
este tinha necessidade de expungir do coração ferido as suas dores e não seria
conveniente cercear-lhe a confissão, mas recolhê-la fraternalmente,
partilhando-lhe a carga de aflição, para que se lhe aliviassem as chagas do
pensamento. Após o desabafo de Leonel, Silas envolveu a ambos os irmãos numa
interessante palestra, propondo-lhes o reajustamento por meio de luta
reparadora. Por que não abraçarem trabalho novo, buscando o renascimento na
mesma família de que provinham? Não seria mais agradável e mais fácil
conquistar a reconciliação e, assim, reentrar na posse das antigas aspirações,
marchando com elas, no plano físico, para a Vida Superior? Os irmãos de Olímpio
diziam-se, no entanto, amargurados por haverem cedido às sugestões do ódio e da
loucura e nada lhes doía tanto como a violência praticada contra Alzira que,
horrorizada ante a perseguição deles, se havia arrojado naquelas águas de
terríveis recordações... (Obra citada, capítulo
10, pp. 146 e 147.)
Respostas às questões propostas
A. Quanto tempo seria necessário à
preparação de Clarindo e Leonel para seu retorno à vida corpórea?
Segundo
Silas, essa preparação duraria cerca de vinte e cinco anos, pois eles
precisariam reconstituir as ideias no campo do bem, plasmando-as de modo
indelével na mente, a fim de se consagrarem à efetivação dos novos planos. No
decurso desse prazo, se engajariam no serviço ativo, ajudando aos outros e
criando, assim, preciosas sementeiras de simpatia, que lhes facilitariam as
lutas na Terra. (Ação e Reação, cap. 10,
pp. 142 e 143.)
B. Como, nesse retorno à vida corpórea,
seria a situação de Antônio Olímpio?
Sendo ele o
autor da criminosa trama que vitimou os dois irmãos, do grupo de reencarnantes
seria o companheiro menos favorecido na Lei, pelas agravantes que lhe marcavam
o problema individual. Com o Espírito ainda sombreado de angústia e
arrependimento, ressurgirá no berço da família que ele prejudicou,
movimentando-se num horizonte mental muito restrito, uma vez que,
instintivamente, a sua maior preocupação será devolver aos irmãos espoliados a
existência física, o dinheiro e as terras que deles furtou. (Obra citada, cap. 10, pp. 142 e 143.)
C. A música erudita faz bem aos
desencarnados?
Sim. A Pastoral
de Beethoven, que Silas e seus amigos ouviram na casa do filho do irmão
Paulino, valeu para eles como abençoada oração, visto que os lances da
magnífica sinfonia como que os elevaram a círculos harmoniosos de ignota beleza
e possuíam a faculdade de lavar-lhes, miraculosamente, os refolhos do ser. Seus
pensamentos vibravam em sintonia mais pura e seus corações pareciam mais
fraternos. Dirigiram-se então, a pedido de Leonel, até o lago. A noite ia alta
e o luar coroava o campo de prateadas fulgurações. Leonel passou, então, a
relatar o que André e seus amigos já sabiam, detendo-se em copioso pranto, ao
referir-se à morte da cunhada, sobre quem atirara as farpas da sua ira. (Obra citada, cap. 10, pp. 144 a 147.)
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