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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sexo é força de amor nas bases da vida



Prosseguimos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Se Ildeu não amava Marcela, por que a desposou?
B. Quando a vítima evolui e nada reclama do seu algoz, a quem este deverá pagar a dívida contraída?
C. Como entender e definir o sexo? 

Texto para leitura 

95. A razão dos matrimônios difíceis – Hilário indagou: por que Ildeu desposara Marcela outra vez, se não a amava? a afetividade juve­nil não constitui sinal de confiança e ternura?  "Sim – respondeu Si­las –, é preciso considerar que nos achamos ainda longe de adquirir o verdadeiro amor, puro e sublime. Nosso amor é, por enquanto, uma aspi­ração de eternidade encravada no egoísmo e na ilusão, na fome de pra­zer e na egolatria sistemática, que fantasiamos como sendo a celeste virtude. Por isso mesmo, a nossa afetividade terrestre, quando na pri­mavera dos primeiros sonhos da experiência física, pode ser um con­junto de estados mentais, consubstanciando simplesmente os nossos de­sejos. E nossos desejos se alteram todos os dias... Em razão disso, recordemos o imperativo da recapitulação. Nessa ou naquela idade fí­sica, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por deter­minadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendi­zado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutua­mente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção. Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida eterna. Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela feli­cidade dos corações que o Senhor nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino." André concluiu, assim, que Ildeu estava inter­rompendo o pagamento da dívida em que se empenhou. E Marcela? garanti­ria ela, sozinha, a sustentação do lar? "É o que esperamos – asseve­rou Silas – e tudo faremos para auxiliá-la, já que o esposo, mais uma vez, faliu nos contratos assumidos." (Ação e Reação, capítulo 14, pp. 197 e 198.) 

96. As dificuldades de quem se retarda – Marcela era, assim, cha­mada a encargos duplos. "Desejamos sinceramente que ela seja forte e se sobreponha às vicissitudes da existência – asseverou Silas –, mas se resvalar para delituosos desequilíbrios, que lhe comprometam a es­tabilidade doméstica, na qual os filhos devem crescer para o bem, mais complicado e mais extenso se fará o débito de Ildeu, porquanto as fa­lhas que ela venha a cometer serão atenuadas pelo injustificável aban­dono em que a lançou o marido. Quem se faz responsável por nossas que­das, experimenta em si mesmo a ampliação dos próprios crimes." Hilário meditou bastante e disse, em seguida: "Imaginemos, porém, que Marcela e os filhinhos consigam vencer a crise, esmagando com o tempo as ne­cessidades de que são agora vítimas... Figuremo-los terminando a atual reencarnação, com plena vitória moral em confronto com Ildeu, retar­dado, impenitente, devedor... Se a esposa e os filhos, então definiti­vamente guindados à luz, dispensarem qualquer contacto com a sombra, em franca ascensão às linhas superiores da vida, a quem pagará Ildeu o montante das dívidas em que se agrava?" Silas informou que, embora es­tejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador, em ver­dade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências. "Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos", acres­centou. Se Ildeu, mais tarde, desejar reunir-se a Marcela e aos fi­lhos, na hipótese de que estes estejam redimidos nas Esferas Superio­res, deverá possuir uma consciência tão dignificada e sublime quanto a deles, de modo a não se envergonhar de si mesmo. As dificuldades se­riam, pois, imensas, mas quem se retarda por gosto não pode queixar-se de quem avança. "A cada um segundo as suas obras", ensinou Jesus, e ninguém no Universo conseguirá fugir à Lei. (Obra citada, cap. 14, pp. 199 e 200.) 

97. O complexo de Édipo e a reencarnação – A afeição de Roberto a Mar­cela, sua mãe, lembrava muito a teoria exposta por Freud acerca do chamado complexo de Édipo, que a psicanálise freudiana pretende encon­trar na psicologia infantil. A essa observação de Hilário, Silas co­mentou: "O grande médico austríaco poderia ter atingido respeitáveis culminâncias do espírito, se houvesse descerrado uma porta aos estudos da lei de reencarnação. Infelizmente, porém, atento à pragmática cien­tífica, não teve bastante coragem para ultrapassar a observação do campo fisiológico, rigidamente considerado, imobilizando-se, por isso, nas zonas obscuras da inconsciência, em que o eu enclausura as expe­riências que realiza, automatizando os próprios impulsos. Marcela e Roberto não poderiam trair, na condição de mãe e filho, as simpatias carreadas do pretérito ao presente, tanto quanto Ildeu, Sônia e Márcia não conseguiriam fugir à predileção que os ligava desde o passado. O problema é de afinidade em sua estrutura essencial. Afinidade com dí­vidas, exigindo resgate". Como André Luiz se reportou, em seguida, ao tema "amnésia infantil", a que Freud empresta a maior importância para explicar as operações do inconsciente, Silas aduziu: "Bastaria compre­ender na encarnação terrestre um Espírito usando um corpo para enten­der que as amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre a alma e o instrumento de que se utiliza. Na infância, o ego, em processo de materialização, externará reminiscências e opiniões, sim­patias e desafetos, através de manifestações instintivas, a lhe entre­mostrarem o passado, do qual mal se lembrará no futuro próximo, uma vez que estará movimentando a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo, tão só por algum tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na idade provecta, quando as pala­vras como que se desprendem dos quadros da memória, traduzindo alte­rações do órgão do pensamento, modificado por desgaste". (Obra citada, cap. 15, pp. 201 e 202.) 

98. Sexo é uma energia da alma – A mesma restrição pode ser feita a Freud no tocante à tese da libido. Silas asseverou que Freud "não pode ser rigorosamente apro­vado, quando pretendeu, de certo modo, explicar o campo emotivo das criatu­ras pela medida absoluta das sensações eróticas". E acrescentou: "Criação, vida e sexo são temas que se identificam essencialmente en­tre si, perdendo-se em suas origens no seio da Sabedoria Divina. Por isso, estamos longe de padronizá-los em definições técnicas, inamoví­veis. Não podemos, dessa forma, limitar às loucuras humanas a função do sexo..." O Assistente informou, então, que o sexo, como força atuante da vida, palpita em tudo, desde a comunhão dos princípios su­batômicos à atração dos astros e aos ajustes dos elementos, no plano químico. Desse modo, o sexo não poderia ausentar-se do reino espiri­tual, por ser de substância mental, determinando mentalmente as formas em que se expressa. "Representa, desse modo – afirmou Silas –, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que evolve, apri­morando a si mesma. Apreciemo-la, assim, como sendo uma força do Cria­dor na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os destinos." Silas passava de forma clara a ideia de que sexo é força de amor nas bases da vida, totalizando a glória da Cria­ção. É preciso, pois, dilatar sua conceituação, para arredá-la do campo erótico em que foi circunscrita. "Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfei­çoando, busca sempre os prazeres mais nobres", e não apenas os praze­res eróticos, explicou ele. "Temos, assim, o prazer de ajudar, de des­cobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de apren­der, de elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres, condi­zentes com os mais santificantes estágios do Espírito." Há almas que se amam profundamente, sem jamais se tocarem umas nas outras, do ponto de vista fisiológico, embora permutem os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam. (Obra citada, cap. 15, pp. 202 a 204.)

Respostas às questões propostas


A. Se Ildeu não amava Marcela, por que a desposou?
Nossa afetividade terrestre, quando na pri­mavera dos primeiros sonhos da experiência física, pode ser um conjunto de estados mentais, consubstanciando simplesmente os nossos desejos, mas nossos desejos se alteram todos os dias. Nas uniões matrimoniais o que ocorre muitas vezes é o imperativo da recapitulação. Em determinada idade fí­sica, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por deter­minadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendi­zado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutua­mente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção.  (Ação e Reação, cap. 14, pp. 197 e 198.) 

B. Quando a vítima evolui e nada reclama do seu algoz, a quem este deverá pagar a dívida contraída?
Embora es­tejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador, em ver­dade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências. "Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos", explicou Silas. "A cada um segundo as suas obras", ensinou Jesus. Ninguém no Universo conseguirá fugir à Lei. (Obra citada, cap. 14, pp. 199 e 200.)

C. Como entender e definir o sexo? 
Segundo Silas, o sexo representa, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que evolve, apri­morando a si mesma. Apreciemos essa energia como sendo uma força do Cria­dor na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os destinos. Sexo é força de amor nas bases da vida. É preciso, pois, dilatar sua conceituação, para arredá-lo do campo erótico em que foi circunscrito. Pela energia criadora do amor que assegura a estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfei­çoando, busca sempre os prazeres mais nobres, e não apenas os praze­res eróticos. Há almas que se amam profundamente, sem jamais se tocarem umas nas outras do ponto de vista fisiológico, embora permutem os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam. (Obra citada, cap. 15, pp. 202 a 204.) 

N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/pagamos-caro-nossa-desercao-ao-dever.html



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