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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O caso Leo ilustra bem como funciona a justiça divina



Continuamos a publicar o roteiro e o texto que serviram de base aos estudos que fazemos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), relativamente ao livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, o texto desta semana:

Questões para debate

A. Que características comuns apresentavam os desencarnados asilados na Mansão Paz?
B. Por que motivo eram tão dolorosas as vicissitudes enfrentadas por Leo?
C. Leo se arrependera das maldades cometidas no passado?

Texto para leitura

112. A Mansão acolhe comumente criminosos e viciados – Em seu relato, Leo disse haver buscado, então, outros climas, tentando o trabalho digno, mas obtivera apenas a profissão de vigia noturno, passando a rondar vasto edifício comercial, amparado por um homem caridoso, condoído de sua fome... "O frio da noite, porém – relatou ele –, encontrava-me ao desabrigo e, a breve tempo, adquiri uma febre insidiosa que passou a devorar-me devagarinho... Não sei quanto tempo estive, assim, chumbado a indefinível desânimo... Certa feita, caí fatigado sobre a poça de sangue que se me derramava da boca e criaturas piedosas me angariaram o leito em que me refugio..." André indagou-lhe sobre o irmão Henrique. Lágrimas se lhe entornaram então dos olhos e ele monologou, por dentro: "Pobre Henrique!... Não deverei, antes, lastimá-lo? Acaso, não deverá ele igualmente morrer? de que lhe terá valido a apropriação indébita se será também um dia alijado do corpo? por que me reportaria a perdão, se ele é mais infeliz que eu mesmo?" E, lembrando Jesus, disse que o Mestre "não clamou contra os amigos que o haviam lançado à humilhação e ao sofrimento". "Com que direito julgarei, assim, meu próprio irmão, se eu, alma necessitada de luz, não posso penetrar os Divinos Juízos da Providência?" A humildade do enfermo era comovente. André e Hilário estavam comovidos até às lágrimas, e Silas explicou que Leo renascera tutelado pela Mansão, a que algumas centenas de criaturas reencarnadas permaneciam ligadas pelas raízes dos débitos a que se prendiam... O Assistente lembrou que, via de regra, os desencarnados asilados na Mansão constituíam grande ajuntamento de criminosos e viciados... como ele mesmo o foi, um dia. "Ali – informou Silas – recebemos atenção e carinho, assistência e bondade, reeducando-nos, às vezes, por muitos anos... Contudo, é imperioso observar que, recolhendo a generosidade dos benfeitores e instrutores que nos garantem aquele pouso de amor, apenas acumulamos débitos com a proteção imerecida, compromissos esses que precisamos resgatar, igualmente em serviço ao próximo." Para habilitar-se, contudo, às tarefas do bem genuíno, é preciso purgar a condição inferior, agravada na culpa, visto que o conhecimento elevado, adquirido na Mansão, vale mais como teoria nobilitante, que cabe a cada um substancializar na prática correspondente, para que se incorpore, em definitivo, ao patrimônio moral do servidor. É por isso que, depois do aprendizado, são eles novamente internados na esfera carnal, onde sofrem a aproximação dos antigos comparsas, para demonstrarem aproveitamento e assimilação do amparo recebido. (Ação e Reação, cap. 17, pp. 232 a 234.)

113. Um caso de débito expirante – Hilário, que ardia de curiosidade, perguntou a Silas: "Em que ponto será lícito considerar a presente desencarnação de Leo como débito expirante?" Para responder à questão, Silas recapitulou, em ligeiras palavras, as peripécias que motivaram o sofrimento de Leo na presente existência: "Em princípios do século passado, era ele filho de abastados fidalgos citadinos que, desencarnados muito cedo, lhe confiaram o próprio irmão doente, o jovem Fernando, cuja existência fora marcada por incurável idiotia. Ernesto, no entanto – pois era esse o nome de nosso Leo, na existência última –, tão logo se viu sem a presença dos genitores, deu-se pressa em alijar o irmão do seu convívio, cioso do governo total sobre a avantajada fortuna de que ambos se faziam herdeiros. Além disso, moço habituado aos saraus do seu tempo, estimava as recepções esmeradas, nas quais o palacete da família descerrava as portas brasonadas às relações elegantes, e, orgulhoso da paisagem doméstica, envergonhava-se de ombrear com o irmão, por ele proibido de comparecer aos seus ágapes sociais". Tendo em vista que Fernando não lhe atendia às ordens, por ser incapaz de compreendê-las, Ernesto o aprisionou em uma prisão gradeada, ao fundo da casa, onde Fernando passou a viver engaiolado, qual se fora um animal. (Obra citada, cap. 17, pp. 234 a 236.)

114. O passado de Leo – Enquanto Fernando vivia engaiolado em sua própria casa, Ernesto – o mesmo Leo de agora –, já casado, dava largas aos caprichos da mulher, em extensas viagens de recreio, nas quais desperdiçava seus bens em jogatinas e extravagâncias. Após algum tempo, esgotado nas finanças de que podia dispor, apenas conseguiria reequilibrar-se com a morte do irmão retardado, que dava, porém, mostras de grande fortaleza física, não obstante certa bronquite crônica que muito o incomodava. Observando-lhe o desequilíbrio respiratório, Ernesto planejou levá-lo a moléstia mais grave, no intuito de remetê-lo mais cedo à sepultura. Para isso, recomendou aos servos que libertassem o irmão, todas as noites, num grande pátio, de modo que Fernando repousasse ao relento. Este denotou, contudo, grande resistência e, embora sofresse consecutivas crises, exposto à intempérie, superou durante quase dois anos a provação a que fora submetido. Nesse tempo, a situação financeira de Ernesto tornou-se insustentável e somente o quinhão pertencente a Fernando – entregue aos cuidados de velhos amigos, conforme vontade paterna – podia remediá-la. Ernesto não teve dúvidas: certa noite liberou dois escravos delinquentes, algemados em sua casa, sob a condição de se exilarem em terras distantes e, após vê-los partir, buscou o leito do irmão, enterrando-lhe um punhal no peito inerme... Na manhã seguinte, ante o choro dos servos que lhe mostravam o cadáver, fê-los admitir que os fujões teriam sido os autores do crime e entrou na posse dos bens do irmão, com plena aprovação da justiça terrena. Foi assim que, apesar de regalada existência na carne, ao aportar no além-túmulo, atravessou extensa faixa de expiações, embora Fernando houvesse esquecido suas ofensas. Vergastado pelos remorsos, Ernesto entrou em comunhão com impassíveis agentes da sombra, que o fizeram presa de inomináveis torturas, por se recusar a segui-los nas práticas infernais. Conservando no imo d'alma a lembrança da vítima, através da percussão mental do arrependimento sobre os centros perispiríticos, enlouqueceu de dor e vagueou por vários lustros, em tenebrosas paisagens, até que, recolhido à Mansão Paz, foi convenientemente tratado para o reajuste preciso. Recuperado, as reminiscências do crime absorviam-lhe o espírito de tal sorte que, para o retorno à marcha evolutiva normal, implorou o regresso à carne, a fim de experimentar a mesma vergonha, a mesma penúria e as mesmas provas por ele infligidas ao irmão indefeso, pacificando, assim, a consciência intranquila. (Obra citada, cap. 17, pp. 236 e 237.)

Respostas às questões propostas

A. Que características comuns apresentavam os desencarnados asilados na Mansão Paz?
Segundo Silas, os desencarnados asilados na Mansão constituíam grande ajuntamento de criminosos e viciados, como ele mesmo o fora um dia. "Ali recebemos atenção e carinho, assistência e bondade, reeducando-nos, às vezes, por muitos anos”, explicou Silas. Para habilitar-se, porém, às tarefas do bem genuíno, é preciso purgar a condição inferior, agravada na culpa, visto que o conhecimento elevado, adquirido na Mansão, vale mais como teoria nobilitante, que cabe a cada um substancializar na prática correspondente, para que se incorpore, em definitivo, ao patrimônio moral do servidor. É por isso que, depois do aprendizado, são tais Espíritos novamente internados na esfera carnal, onde sofrem a aproximação dos antigos comparsas, para demonstrarem aproveitamento e assimilação do amparo recebido. (Ação e Reação, cap. 17, pp. 232 a 234.)

B. Por que motivo eram tão dolorosas as vicissitudes enfrentadas por Leo?
O motivo estava numa anterior existência, em que Leo, também movido pela ganância, fez a um irmão algo bem parecido com o que lhe ocorreu na existência atual. (Obra citada, cap. 17, pp. 234 a 236.)

C. Leo se arrependera das maldades cometidas no passado?
Sim. Conservando no imo d'alma a lembrança da vítima, através da percussão mental do arrependimento sobre os centros perispiríticos, enlouqueceu de dor e vagueou por vários lustros, em tenebrosas paisagens, até que, recolhido à Mansão Paz, foi convenientemente tratado para o reajuste preciso. Recuperado, as reminiscências do crime absorviam-lhe o espírito de tal sorte que, para o retorno à marcha evolutiva normal, implorou o regresso à carne, a fim de experimentar a mesma vergonha, a mesma penúria e as mesmas provas por ele infligidas ao irmão indefeso, pacificando, assim, a consciência intranquila. (Obra citada, cap. 17, pp. 236 e 237.)

N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/12/o-amor-cobre-sem-duvida-multidao-dos.html



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