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sábado, 24 de janeiro de 2015

Para fazer bonito


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Acabamos de ler, no facebook, que "A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que escuta bonito". Discordo, pois tenho um amigo que não ouve bem e, em consequência... Trocaria, de início, o final da frase por: "é a pessoa que faz bonito".
Veja, leitor, se não fica melhor assim: "A gente ama não é a pessoa que fala bonito, é a pessoa que faz bonito".
Escutar bonito é entender o que ouve até o fim da emissão sonora. Imagine, leitora, como seu interlocutor não ficará feliz se estiver falando, falando e você só ouvindo, escutando...
Fazer bonito, entretanto, é pôr em prática o que se lê, se vê, se escuta e se fala de bom e de útil.
É cumprir bem todos os nossos deveres e, em vez de estar sempre apenas visando direitos, realizar, antes, nossas obrigações de cidadão e cidadã com responsabilidade.
Fazer bonito é não mentir em discursos de bela aparência, mas que são como sepulcros caiados por fora e cheios de ossos podres por dentro, como já dizia o Mestre.
É ser tolerante com os erros alheios, mas não conivente com eles. É feio dizer, sem palavras: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". O honesto é dizer: "faça o que eu digo, mas principalmente o que eu faço" e, em seguida, só fazer bonito.
Fazer bonito é amar a todas as criaturas de Deus, seres humanos e animais, sem lhes exigir o que estes não nos podem dar, mas procurando auxiliá-los em sua evolução espiritual. Ninguém mais do que o Cristo exemplificou o bem como Ele. Isso está na questão número 625 d'O Livro dos Espíritos, escrito por Allan Kardec, que sempre se esforçou em escutar, ler, escrever e fazer bonito.
Fazer bonito é ter atitude e não se calar ante as injustiças sociais e abusos de autoridades, combatendo o nepotismo e o despotismo cínicos, hipocrisia de quem deseja o poder principalmente para si e benesses espúrias para seus familiares.
É se preparar para uma competição em nosso país, ainda que não a conquistemos, mas não correr o risco de ser desmoralizado por não se concentrar no principal: a competição... Esse é o fazer bonito politicamente correto. De que nos adianta arrumar nossa casa para os outros apenas se divertirem? Divirtamo-nos juntos.
Há muita gente que fala bonito e escuta bonito, mas faz muito feio, pois só faz isso por cálculo em benefício próprio. Parece político, antes das eleições, aperta a mão de todo o mundo. Eleito, porém, não está nem aí para o povo e suas necessidades.
Não devemos impor nossa ideologia a outrem e, sim, respeitar as convicções religiosas, políticas e sociais alheias sem abrir mão de nossas crenças sinceras. Por isso, fazer bonito é tratar com urbanidade e respeito a todas as pessoas, ainda que discordemos de suas ideias e independentemente de serem ou não religiosas.
Conclusão: fazer bonito é cultivar as duas principais virtudes humanas: o amor e a humildade. Amor ao bem, à verdade, a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Humildade para reconhecer que não somos melhores do que alguém, ainda que não tenha as mesmas crenças que nós, ainda que seja ateu, pois conforme diz Jesus: "Deus criou o Sol e a chuva para todos, justos e injustos" (Mateus, 5:45).
É, enfim, ser úteis à sociedade sem discriminação nenhuma. O que as pessoas fazem no cotidiano repercute mais do que suas crenças e promessas vãs.
Desse modo, retificamos nossa frase inicial, substituindo-a por esta: "a gente deve amar as pessoas incondicionalmente, mas admirar e se emocionar é para as que não somente escrevem, dizem e escutam bem, como igualmente fazem o bem desinteressado".
Isso, sim, é fazer bonito!  




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