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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Que dor é mais sofrida?


Que a dor, a dificuldade, as vicissitudes são ocorrências comuns na vida das pessoas, eis um fato que ninguém ignora, embora poucos encontrem na crença que professam uma explicação adequada, racional, lógica, que satisfaça o indivíduo mais exigente.
Certa vez um jornalista perguntou à conhecida confreira Guiomar de Oliveira Albanesi, fundadora do Centro Espírita Perseverança, de São Paulo (SP), qual seria, na opinião dela, a dor maior, a dor mais profunda, a dor mais sentida pelas criaturas humanas. O jornalista justificou-se, ao lhe fazer essa pergunta, lembrando que D. Guiomar era conhecida por sua longa dedicação à causa espírita e ao atendimento das mais diferentes pessoas que batiam às portas da casa espírita por ela fundada.
A resposta dada por nossa irmã foi surpreendente, porque, segundo ela explicou, não existe uma dor maior, uma dor mais profunda, uma dor mais sofrida. Para quem está sofrendo, toda dor é relevante e é profunda. O que mais incomoda a criatura humana não seria, então, a dor em si, mas suas causas. Por que sofremos? Por que a vicissitude se abateu sobre o nosso lar? Por que enfrentamos tantas dificuldades? – eis o que importa saber e é o que as pessoas procuram compreender quando passam por situações assim.
A doutrina espírita é muito clara quando trata do tema.
“De duas espécies são as vicissitudes da vida”, esclarece Allan Kardec. “Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.”
No desdobramento do assunto – que o leitor pode ler na íntegra no capítulo V d´O Evangelho segundo o Espiritismo – Kardec enumera várias situações em que não é difícil a ninguém perceber que nossa vida é regida por leis a que não podemos fugir e cuja característica é serem absolutamente justas e sábias.
Um amigo nosso fumava demais, a ponto de pouco utilizar o fósforo ou o isqueiro; a ponta em brasa de um cigarro já acendia o cigarro seguinte.
Quem o conhecia advertia: “Amigo, fumando assim você estará reduzindo paulatinamente os dias de sua existência. Fume menos, ou largue de vez o cigarro, se deseja que sua existência não se interrompa mais cedo”.
É claro que a advertência nenhum significado tinha para ele. Era como palavras soltas ao vento...
Os anos passaram e em dado momento o amigo baixou a um hospital. O diagnóstico: enfisema pulmonar, uma doença crônica na qual os tecidos dos pulmões são gradualmente destruídos, tornando-se hiperinsuflados, isto é, muito distendidos. Como resultado, a pessoa passa a sentir falta de ar para realizar tarefas simples ou exercitar-se.
A falta de ar no início só é notada para os grandes e médios esforços. Mantendo-se o hábito do fumo, pode ocorrer uma fase mais avançada da doença, em que a falta de ar ocorre com tarefas singelas como, por exemplo, tomar banho, vestir-se ou pentear-se. A essa altura, muitos tornam-se incapacitados para o trabalho e passam a maior parte do tempo na cama ou sentados, para não sentirem falta de ar.
A quem atribuir a enfermidade do nosso amigo?
Pois aí está um exemplo de vicissitude cuja causa está toda na existência atual, tanto quanto suas consequências, por culpa exclusiva da pessoa que as sofre. E, de igual modo, há inúmeras situações em que uma simples reflexão pode indicar por que essa ou aquela dificuldade surgiram em nossa vida.


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