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terça-feira, 10 de março de 2015

Uma garotinha em busca de um mundo feliz


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Era hora de Abele ir para cama, estava com sono. Fora mais um dia repleto das atividades rotineiras: ballet, aula de inglês, escola.
Mesmo com nove anos, era bastante independente e cumpridora de seus deveres. Escovava os dentes sem a mãe pedir... incrível; preparava a cama para dormir; tomava água antes de se deitar, pois aprendera na aula de Ciências que esse hábito era benéfico para o corpo; dava boa noite para os pais e para o irmão Enrico, quatro anos mais velho.
Estava de pijama de flanela e meias; a neve suave era intermitente. Já no quarto, viu Klaus que a esperava, seu grande companheiro.
Deitou-se e, olhando pela janela a descida suave dos floquinhos, fez sua oração sem muita demora, mas suficiente para agradecer o proveitoso dia.
Suspirou e falou:
– Oi, Klaus. Desejo que o seu dia tenha sido muito bom... para mim, foi um ótimo dia.
Seu amigo a olhava com ternura e sorria. Aproximou-se um pouquinho mais da menina. A amizade começou há quatro anos quando se encontraram pela primeira vez; essa era a contagem de Abele. Klaus foi quem viera ao encontro da garotinha.
O jovem contou-lhe o que fizera durante o dia e sempre relatava os acontecimentos importando-se mais com o aprendizado a passar adiante.
– Em todos os lugares pelos quais passei, procurei deixar mais amor para aliviar a tristeza. Um momento chegará no qual o carinho e a paz serão comuns para todos nós, querida Abele.
Os olhinhos da menina brilhavam ouvindo o amigo.
– Klaus, às vezes, fico pensando por quanto sofrimento algumas pessoas passam... umas vivem mais tranquilamente, mas outras... nem dá para entender ‒ a garotinha lamentou.
O amigo a ouviu com afeto e logo falou:
– Sim, Abele. Há ainda muita dor... tanto física quanto moral... espiritual. Mas, em meio ao desequilíbrio, pode não parecer, porém, muitas coisas estão melhorando.
 – Hoje, na escola, a professora nos perguntou como poderíamos viver uma vida feliz... Eu não soube responder direito, só falei que para uma vida feliz penso que é bom ter paz e não xingar e nem brigar... porque quando brigo com alguém, Klaus, fico com minha cabeça pesada, dor na barriga e sentindo um vazio, mas não é vazio de fome. Quando estou bem com meus amigos e minha família... fico leve e feliz – Abele explicou.
– Isso mesmo, a harmonia entre as criaturas surge quando o respeito está presente e essas duas são características do amor. Quanto mais carinho você doar ao mundo, mais carinhoso ele ficará... assim ocorre com qualquer sentimento... o que doamos, também receberemos – Klaus começou a falar.
– A professora pediu para perguntarmos à nossa família, como poderemos viver uma vida mais feliz. Mamãe e papai já responderam, e gostaria que você me respondesse... você tem um jeito de falar que me dá bem-estar e paz. Você pode responder? – a menina pediu.
Klaus sorriu com doçura para a garotinha. Ele estava sentado bem pertinho de Abele.
– Posso responder, sim. Todos somos filhos de Deus, então, somos irmãos. O que nos desejamos de bom também o nosso irmão gostaria de receber. É muito agradável ser tratado com amor, respeito, carinho, honestidade e ternura. Algo também muito importante é cuidar do nosso sentimento, nossa atitude e nossa palavra. Se plantamos uma florzinha de qualquer jeito, sem cuidado, dificilmente, ela nascerá, e se nascer será fraquinha e logo morrerá, mas se dela cuidarmos com muita consideração e compromisso, será uma forte e bonita flor – deu uma pausa. ‒ Se você pegar uma bolinha e jogá-la contra a parede ela voltará com a mesma força que foi jogada. Tudo funciona a partir de uma lei chamada ação e reação. Então, para viver feliz, querida Abele, deve-se pôr em prática o que deseja receber – o jovem amigo começou a explicar.
A garotinha, deitada de lado, escutava com tanta atenção as palavras do jovem rapaz.
Ele continuou:
– Por isso há tantas coisas simples que muito nos ajudam e podemos realizar, como a oração diária, o respeito à vida, o cultivo dos bons pensamentos e boas palavras, a realização ao outro do que desejamos a nós, a preservação da natureza, a proteção dos animais, a paciência com quem mais precisa e menos conhece e a consideração com quem pensa de forma diferente. Todos conquistaremos o progresso, mas cada um em seu tempo determinado. E tão precioso é lembrar, que Deus, nosso Pai, sempre sabe tudo sobre seus filhos e sempre os amará com o mesmo amor... e, minha querida Abele, amar mais é sempre a receita para a felicidade. Se colocamos em prática as boas ações e palavras e os bons sentimentos, tudo ao nosso redor será abençoado com benéfica energia e, assim, seremos felizes e contribuiremos para a realização de um mundo melhor – o jovem amigo pareceu concluir.
– Quantos ensinamentos, Klaus... e sem nos esquecermos de que Jesus é o nosso bondoso amigo e irmão – a menina falou.
– Sim, Abele, Jesus é a nossa linda luz na vida.
Os olhinhos da garotinha começaram a se fechar, o sono estava chegando e o ambiente, naquele lar, tão amistoso, pois aquela família muito já fazia por um mundo melhor.
– Boa noite, Klaus. Até amanhã. Que você tenha lindos sonhos – Abele, quase dormindo, falou.
– Boa noite, minha querida. Sejam lindos e protegidos o seu soninho e seus sonhos. Que possa assimilar todo o ensinamento e ser cada vez mais essa estrelinha brilhosa da manhã – o jovem amigo desejou.
Klaus passou, carinhosamente, a mão na cabeça de Abele e, com suavidade, foi se afastando até que desapareceu para logo, em outro lar, amparar outros irmãozinhos para se transformarem também em estrelinhas que irão contribuir para a ascensão do Planeta.
Por muitos, esses amigos são chamados de anjos da guarda, outros mais os chamam de espíritos protetores, ainda são denominados imaginários, mas de fato existem e podem ser melhor entendidos como irmãos emancipados pelo amor e grandes trabalhadores da seara de Jesus.

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