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domingo, 31 de maio de 2015

Mais do que nunca, o mundo necessita de Jesus


É senso comum que para resolver determinado problema é necessário primeiro que reconheçamos que o problema existe. Esse princípio é aplicável a todas as situações ou, pelo menos, a grande parte delas. De fato, se ignoramos a existência de determinado problema, como poderemos equacioná-lo e, desse modo, resolvê-lo?
Nos comentários que se leem no meio espírita a respeito do advento do Mundo de Regeneração, parece que se ignora que existem fatores e dificuldades que é preciso remover, para que o planeta passe a experimentar tempos mais felizes.
Em recente reunião do Conselho Federativo Nacional, em Brasília (DF), Dr. Bezerra de Menezes, em mensagem psicofônica transmitida por Divaldo Franco, alertou para esse fato:

“Nosso amado planeta, ainda envolto em sombras, permanece na sua categoria de inferioridade, porque nós, aqueles que a ele nos vinculamos, ainda somos inferiores, e à medida que se opera nossa transformação moral para melhor, sob a égide de Jesus, nosso modelo e guia, as sombras densas vão sendo desbastadas para que as alvíssaras de luz e de paz atinjam o clímax em período não muito distante.”

O problema foi claramente posto pelo conhecido Benfeitor Espiritual: nosso planeta ainda se encontra “envolto em sombras” porque nós que o habitamos “ainda somos inferiores”.
Perfeita a análise!
Em consequência do diagnóstico, podemos então deduzir que a Terra viverá dias melhores e mais felizes quando nós, as criaturas que nela vivemos, galgarmos um grau mais avançado no caminho da evolução.
A solução do problema requer, portanto, progresso moral, evolução espiritual, transformação do “homem velho” que ainda habita em nós.
Como parte importante da receita para alcançar tal objetivo, Dr. Bezerra propôs na mensagem a que nos reportamos:

“Abençoados servidores! Abençoadas servidoras da Causa! Amai! Amai com abnegação e espírito de serviço a Doutrina de santificação, para que os vossos nomes sejam escritos no livro do Reino dos Céus e possais fruir de alegrias, concluindo a etapa como o Apóstolo das Gentes, após haverdes lutado no bom combate. [...] O mundo necessita de Jesus, hoje mais do que ontem, muito mais do que no passado, porque estamos a caminho da intuição, após a conquista da razão, para mantermos sintonia plena com Aquele que é o nosso guia de todos os dias e de todas as horas.”

Conseguiremos desse modo dar um basta às guerras, à criminalidade, à violência, à corrupção, às desigualdades e aos preconceitos?
Esperamos que sim, ou, pelo menos, que tenhamos dado um largo passo nesse sentido.


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sábado, 30 de maio de 2015

De Porto Seguro para o Brasil



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Nem imaginam vocês onde estamos. Isso mesmo, estamos em terras baianas. O caramujo saiu de sua concha e acompanha seu fiel "escudeiro" nas andanças que ele faz pela rota do descobrimento do Brasil. Desse modo, mudando meus hábitos de cidadão carioca avesso a viagens, vim parar em Porto Seguro, na Bahia.
Foi exatamente aqui que Cabral aportou com suas treze caravelas após se desviar da rota marítima que o levaria às Índias para comercializar finas especiarias.
Viu a distância um monte e, por estarem na semana da Páscoa, chamou-o de Pascoal. Era o dia 22 de abril de 1500.
Ao chegarem a estas terras de Porto Seguro, avistou dezenas de homens e mulheres nus e pediu ao poliglota Gaspar Gama para conversar com eles e traduzir-lhes a fala. O tradutor aproveitou para pegar umas receitas culinárias com as belas índias, assim chamadas em homenagem à nação parceira comercial dos portugueses. Descobriu-se, então, o gosto refinado dos nativos locais que, além do vatapá, faziam um delicioso caruru.
Uma cozinheira local também colheu na horta um feijão especial, o fradinho, moeu-o, fez uma pasta com ele, pegou uns quiabos e camarões, acrescentou-lhes dendê, pimenta e fez o primeiro acarajé de que se tem notícia no mundo, salvo engano da lenda.
Como os portugueses eram muito católicos, no dia 26 de abril, Cabral pediu a Frei Henrique de Coimbra que celebrasse a primeira missa, em Santa Cruz Cabrália, de Porto Seguro.
Alguns dias depois, em 1º de maio de 1500, o comandante pediu novamente a Frei Henrique de Coimbra que rezasse nova missa, diante do brasão real que inaugurava sua chegada e a posse da nova terra pelos lusitanos.
Em seguida, o comandante partiu para as Índias, onde comercializaria cravo, mostarda, pimenta do reino, etc. Não sem antes encaminhar Gaspar Lemos com a carta de Pero
Vaz de Caminha a Dom Manuel sobre o achado feliz.
O nome das terras descobertas passou por diversos enganos. Inicialmente, pensou-se estar numa ilha. Daí chamou-a Cabral de Ilha de Vera Cruz.
Em seguida, percebeu-se que daqui se estenderiam  os espaços por terras imensas. Então o comandante optou por Terra de Santa Cruz, pois afinal de contas ele era um homem muito piedoso.
Após algumas décadas em que uma graciosa árvore produtora da madeira chamada pau brasil se tornou fonte de ricos comércios entre Portugal e o resto do mundo, chegou-se ao nome atual de Brasil. Afinal, aquele era um "negócio da China" que muitas riquezas proporcionara a Portugal até a devastação dessa árvore na nova colônia.
Com o passar dos séculos, outros produtos agrícolas foram sendo produzidos aqui e comercializados, no mundo, com grandes lucros para a metrópole portuguesa: açúcar, café, petróleo...
- Petróleo? Como assim, Machado? o "ouro negro" só se tornou fonte de grande riqueza, em nosso país, nas últimas décadas do século XX, quando já somos uma nação independente...
- É verdade, amigo, mas foi tanto dinheiro desviado para o exterior, que agora nossa presidenta fez um acordo com a China e esta, só para começar, vai injetar 10 bilhões de dólares em nossa economia.
Além disso, bancos suíços envergonhados, estão mandando de volta centenas de milhões de dólares desviados de nossa economia e depositados lá. A intenção é repatriar o que nos tem sido roubado e transferir para a Ásia o sangue das nossas entranhas, também chamado pré-sal.
Depois disso, quem sabe o nome Brasil não fique obsoleto e resolvam renomear o país, de uma vez por todas, para... "Porto Seguro"? 
- Acho que não... Já existe o Porto Rico, e seu povo pode se sentir ofendido com a concorrência... Afinal, já basta o fracasso do nome "pátria educadora".
- É verdade, esquecemo-nos de que a Bahia é um dos estados líderes no ranking do analfabetismo brasileiro.



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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Pérolas literárias (100)


O Remorso

Antero de Quental


Quando fugi da dor, fugindo ao mundo,
Divisei aos meus pés, de mim diante,
A medonha figura de gigante
Do Remorso, de olhar grave e profundo.

Era de ouvir-lhe o grito gemebundo,
Sua voz cavernosa e soluçante!...
Aproximei-me dele, suplicante,
Dizendo-lhe, cansado e moribundo:

— “Que fazes ao meu lado, corvo horrendo,
Se enlouqueci no meu degredo estranho,
Acordando-me em lágrimas, gemendo?”

Ele riu-se e clamou para meus ais:
“Companheiro na dor, eu te acompanho,
Nunca mais te abandono! Nunca mais!”




Nascido na ilha de São Miguel, nos Açores, em 1842, Antero de Quental desencarnou por meio do suicídio, em 1891. Foi um vulto eminente e destacado nas letras portuguesas, caracterizando-se por seu espírito filosófico. O soneto acima integra o livro Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier.



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quinta-feira, 28 de maio de 2015

A reencarnação é uma bênção de Deus, não um castigo


Um leitor nos pergunta:
– Quando o homem reencarna? E por que reencarna?
O Espírito reencarna quando chega o momento de vivenciar novas provas e expiações. O tempo entre uma encarnação e outra varia de alguns anos a muitas décadas, dependendo sempre do merecimento e da necessidade do Espírito.
Os homens reencarnam porque é da Lei de Progresso que exista o aperfeiçoamento constante. Mas chega um dia em que não mais é preciso reencarnar – é quando o Espírito atingiu o cume da evolução, quando não precisa mais da matéria para evoluir. Ele chegou então à condição de Espírito puro, ou seja, depurado das imperfeições que nos caracterizam enquanto não atingimos esse nível evolutivo. Mas, até que se torne Espírito puro, a criatura humana precisa da matéria para aprender e adquirir os valores intelectuais e morais que se incorporarão ao ser imortal.
A passagem pela experiência na matéria constitui, assim, uma necessidade para a evolução – o que explica o processo reencarnatório. Como o Espírito não consegue aprender tudo o que é necessário para tornar-se um Espírito puro em uma única existência, ele recebe de Deus a graça de continuar em outras existências o que apenas começou na anterior. Daí serem necessárias muitas e muitas encarnações para terminar o aprendizado que o corpo carnal possibilita.
A reencarnação não é, pois, um castigo, mas uma bênção de Deus, que não quer a morte de pecador, mas sim que ele se converta e viva (Ezequiel, capítulo 33, versículo 11).


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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pílulas gramaticais (154)



Pergunta-nos um leitor:
– Que diferença há entre as palavras onde e aonde?
Na condição de advérbio, onde significa “em que lugar” e deve ser usado sempre que a referência for a um lugar físico: casa, rua, cidade, bairro.
Exemplos:
Eu sei onde você estuda.
Gosto da casa onde moro.
Ele foi encontrado onde o mataram.
Vejam onde ele desenha seus quadros.
Aqui está o lugar onde ele foi sepultado.
Rio de Janeiro foi a cidade onde executaram Tiradentes.
Se a referência não for um lugar físico, recomenda-se usar a locução “em que”, em lugar de “onde”:
Exemplos:
O século em que ele nasceu.
O soneto em que homenageou a filha.
A tese em que expôs suas ideias libertárias.
A novela em que ele estreou...

*

A palavra aonde, na condição de advérbio, significa “a que lugar”, devendo ser usada com verbos que indicam movimento.
Exemplos:
Aonde iremos nas férias?
Eu irei aonde você for.
Vamos todos aonde eles foram.
Aonde ele foi, nós também iremos.
Apesar de ser essa a regra gramatical, sobre a qual se bateram e ainda se batem muitos gramáticos, há autores respeitados que não fazem distinção entre onde e aonde.


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terça-feira, 26 de maio de 2015

O mesmo coração em distintas situações


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Os bons valores nunca devem ser trocados por outros de menos valor. É muito possível vivenciar situações cujos valores do momento ainda cedem à conduta incauta propensa a deslizes e à proximidade natural de uma vibração mais perturbadora. Tudo na vida deve ser aprendizado e tudo na vida possui sua consequência.
Para o progresso, torna-se necessária a manutenção dos bons sentimentos e a persistência no caminho reto para a sua perpetuação, pois não há mais pretexto para tantas futuras reincidências em conteúdo já aprendido.
As mudanças estão presentes e as novas pessoas também, isso faz com que haja crescimento, porém, sem abrir mão dos bons valores conquistados. Viver intensamente é sentir a vida com maior possibilidade de acontecimentos, mas procurando não se equivocar. Os olhos buscam sempre o horizonte, pois se localizam à frente da face; pode-se demorar para chegar ao destino, mas, graças a Deus, isso é fato.
No entanto, todo esse processo de caminhada, desenvolvimento e experiência pode ser tão mais aprazível, basta pôr em prática o aprendizado sem nenhuma troca de postura de mais valor por outra de valor inferior.
No lugar e no tempo, a boa conduta, já conquistada, deve ser mantida. Não se deve alterá-la de acordo com companhia e situação. No palácio ou no casebre; perante um doutor ou tão humilde pessoa; ajudando o filho ou alguém desconhecido; contemplando o maior jardim de flores ou canteiro de casa; olhando com idêntica ternura para os animaizinhos de variada espécie; cumprimentando pessoas conhecidas e as nunca vistas. O que importará é a forma nobre com que se deve viver, independente do tempo, lugar ou companhia; o que contará é a boa conduta amparada pelos valores adquiridos. A pessoa e o seu tudo ou a pessoa e o seu nada.
E como é maravilhoso conviver com pessoas nobres e, o melhor, poder ser uma delas. Depende de cada atitude, de cada um, da vontade consolidada e da necessidade compreendida.
A flor é um grande exemplo da permanência de seus valores, pois sempre mantém a ternura, a leveza, a suavidade, o perfume, a beleza encantadora nos lindos jardins floridos, nos campos, nos inóspitos lugares e também nos solitários e tristes pântanos. Ela é sempre uma flor.
A mudança é necessária para a semente amadurecer, mas com a segurança de que fruto e sementinha são a mesma espécie e não se tornarão espécies diferentes; por todos, serão reconhecidos pela mesma característica.
A natureza é grande professora.
E com infinita oportunidade de melhora, a vida segue, ensina e reforça nitidamente que a sinceridade e a boa conduta são brilhantes valores no garimpo do progresso e tão preciosas ações que, depois de conquistadas, devem ser frequentes e estáveis em todo tempo, lugar e interação.
Inspirar-se na linda flor que, diante de qualquer cenário apresentado, possui a constância valiosa. Perante a vida e frente ao desenvolvimento, a inconstância dos valores só se dará pelo coração que ainda não compreendeu e por isso ainda não fortaleceu a nobre postura e vivência dos valores insubstituíveis.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


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segunda-feira, 25 de maio de 2015

As mais lindas canções que ouvi (140)



Quanto tempo

Osni Renato de Melo


Senhor,
Quanto tempo terei que esperar
Para ver tua face de amor?
Pra sentir de onde vem teu amor,
Pra entender que tu és o amor?
Quanto tempo, Senhor, quanto tempo?

Senhor,
Quantos corpos terei que vestir?
Quantos nomes terei que assinar?
Quantas vezes me farás criança,
Pra entender que tu és o amor?

Quanto tempo eu não posso dizer,
Pois que vai depender de você.
O caminho eu te dei pra seguir,
Mas você só se faz repetir...
Quanto tempo, quanto tempo?

Já te dei o meu sopro de luz,
Já te dei o amor de Jesus.
Só te falta tomar tua cruz,
Só assim vais dizer quanto tempo,
Quanto tempo, quanto tempo...

Deixa, Senhor, eu beber
Da tua fonte de amor
E aprender renascer
Sem perguntar quanto tempo.

Deixa, Senhor, eu beber
Da tua fonte de amor
E aprender a amar,
Pois sei que sou teu rebento.

Senhor,
Quanto tempo terei que esperar
Para ver tua face de amor?
Pra sentir de onde vem teu amor,
Pra entender que tu és o amor?
Quanto tempo, Senhor, quanto tempo?



Você pode ouvir a canção acima na voz de Ana Lívia e Éwerton, clicando neste link:
Outra opção, com os mesmos intérpretes, é clicar em https://www.youtube.com/watch?v=zLwGQpurfj0&index=8&list=RDPtHBjZhk354



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domingo, 24 de maio de 2015

O que é relevante na busca da perfeição



É algo sabido no meio espírita que três são os fatores que determinam o avanço de uma pessoa em seu processo evolutivo, rumo à meta que Deus assinalou às suas criaturas, que é a perfeição: bons atos, bons pensamentos, bons sentimentos.
Quando alguém se inicia no Espiritismo e toma conhecimento dessa informação, surge uma dúvida mais ou menos comum:
– Qual, dos fatores citados, é o mais relevante? Os sentimentos, os pensamentos ou os atos?
Em termos práticos, parece-nos que, como ocorre com certas operações objeto de estudo da Matemática, a ordem dos fatores não altera o resultado. Contudo, pelo menos um autor afirma a prevalência dos atos, da conduta, do comportamento, assegurando que é a conduta reta que sustenta o pensamento reto.
Quem o diz é André Luiz, que no cap. XXV de seu livro Mecanismos da Mediunidade, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, acentua a importância da vigilância sobre o que fazemos e o cuidado que devemos ter em manter a conduta reta, para que reto também seja o nosso pensamento. De posse disso – tendo o pensamento devidamente equilibrado – a oração, qualquer que seja nosso grau de cultura intelectual, constituirá o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos em regime de comunhão com as Esferas Superiores.
É provável que esteja nesse fato a explicação da dificuldade que algumas pessoas, quando mentalmente perturbadas, têm no tocante à prece.
Em muitos casos, dizem elas que nem mesmo orar conseguem, o que talvez seja a consequência de uma conduta indevida, a gerar um pensamento desequilibrado e, como resultado, a dificuldade de se concentrar e orar.
Se, porém, a criatura conseguir manter um padrão elevado em sua conduta, seu pensamento será igualmente elevado e, por conseguinte, a prece fluirá naturalmente, estabelecendo a comunhão com as Potências Invisíveis que tanto bem nos faz.
Comentando o assunto, André Luiz afirma: 
“A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz. Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação”. (Mecanismos da Mediunidade, cap. XXV, pp. 163 e 164.)



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sábado, 23 de maio de 2015

A gênese e o futuro do ser



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora, que lindo dia! Agora emoldurado por enormes construções de pedra e de aço: edifícios, monumentos, pontes em quase todo o orbe terreno.
Mas nem sempre foi assim. Houve época, há bilhões de anos, em que a Terra estava em convulsões diversas. As placas tectônicas formadoras de terremotos se aproximavam, provocando abalos imensos. A incandescência interna provocava tão grande calor que o solo se arrebentava e se elevava, formando os conhecidos vulcões. Os mares e os continentes disputavam espaços, com imensa vantagem para os primeiros, cuja extensão de três quartas partes dominava o planeta azul.
Da imensidão telúrica, a vida orgânica começou a brotar e seres diferenciados foram surgindo, junto às algas marinhas, organismos hermafroditas, outros em transição e espécies diferenciadas de minerais, vegetais e animais, todos formados de um elemento primitivo, o hidrogênio.
Alguns bilhões de anos após, surgiria o ser humano, sob a direção suprema do Cristo, que por sua vez agia e age em nome do Arquiteto maior do universo, a quem chama de Pai. Com o desenvolvimento da inteligência, o homem começa a se questionar: Quem sou eu? O que faço na Terra? Quem me criou? Para que fui criado? Por que sou diferente dos outros animais?
E as respostas vão surgindo, gradativamente, mas sem violência, pois o destino do homem é estagiar na matéria, mas tornar-se luz, vez que o universo é formado de fótons, antes que do elemento material grosseiro, agregado pela ação da Vontade Divina e de seus prepostos iluminados, como o Cristo e seus auxiliares.
Assim, o livre-arbítrio vai se desenvolvendo paulatinamente no animal-homem, até que este se torne espírito iluminado. Enquanto animalizado, as respostas lhe parecem estar na própria natureza e na organização diferenciada da matéria que compõe organismos “vivos e não vivos”, ou seja, biológicos e mineralógicos, que ele confunde com os que têm e os que não têm vida. Isso decorre do seu desconhecimento da evolução que tem início no minério, prossegue no vegetal, continua no animal e, na Terra, se completa no hominal.
Mas a vida não se limita a essa condição. Transcende-a, e isso é o que assusta muitos cientistas e filósofos que ainda não conseguiram perceber o elo entre o espírito e a matéria, que se dá em outra dimensão da vida. Daí suas teorias se limitarem aos cinco sentidos físicos: tato, olfato, visão, audição e paladar.
Desse modo, o homem se vê como um animal pouco diferenciado dos demais, que evoluiu ao longo de milhões de anos, e pensa com isso responder à pergunta sobre quem é. Vê-se sujeito às mesmas necessidades orgânicas dos seres inferiores intelectualmente e julga encontrar nas próprias satisfações dos sentidos físicos a resposta sobre sua finalidade no mundo. Observa os fenômenos naturais e sua evolução material progressiva e imagina-se criado por uma simples disposição molecular da Natureza ocorrida nos bilhões de anos precedentes. Não vislumbra uma finalidade pós-existência física, devido ao seu apego às paixões, até certo ponto necessárias à sua evolução, e acredita-se criado para a satisfação de seus instintos materiais. Estuda as leis mecânicas e a evolução biológica ao longo dos milênios e se julga diferente dos demais animais exclusivamente pela própria evolução natural das espécies.
Como a inteligência precede a moral. Alguns pesquisadores, observando o próprio corpo, assim como os dos demais seres vivos e estudando as leis biológicas e mecânicas criam determinadas hipóteses e teorias para justificar sua existência na Terra e a dos demais seres animados e inanimados. Todas essas teorias são muito respeitáveis, mas são logo superadas por outras ao longo do tempo, pois somente quando o homem perder o receio e o preconceito de abordar o transcendente poderá encontrar as respostas reais para todos os seus questionamentos a respeito do porquê da vida.
Penalizado da situação desse “caniço pensante”, o Cristo nasceu entre nós e disse:
— Vim para lhes mostrar que a vida transcende a temporalidade da existência física e vou provar-lhes que somos imortais. Após realizar verdadeiros prodígios para a sua compreensão limitada das leis naturais, deixarei que matem meu corpo físico e, três dias após isso, reaparecerei para os meus apóstolos e, dias depois, para 500 pessoas na Galileia. Em seguida, tornarei ao mundo espiritual de onde vim e de onde vocês vieram, para aonde vou e para aonde vocês irão. Mas não os deixarei sós, estarei com vocês até o fim dos tempos, pois todos os seres humanos, mesmo os mais ignorantes, são feitos de uma natureza imortal: a do espírito, cuja evolução se deu com a da matéria, pois tudo tem uma finalidade no Universo.
Para o entendimento completo de minhas palavras, pela humanidade, no século XIX, permitirei uma manifestação organizada do mundo espiritual, que revelará à Terra a verdade sobre a imortalidade da alma e sobre a destinação real de todos os seres vivos: a felicidade eterna.
E foi assim que, a 18 de abril de 1857, Allan Kardec publicou as 1019 questões respondidas por espíritos de alta elevação. Entre outros, Sócrates, Platão, São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, Swedenborg, Franklin, Fénelon, São Paulo, São Luís e o Espírito da Verdade, que, em nome do Cristo, coordenou todo o trabalho de trazer, das regiões sidéreas, não mais uma teoria, mas a verdade a se expandir para todo o sempre e nos consolar das dores ainda existentes no Mundo.
Essas questões estão em O livro dos espíritos, e todas elas foram desenvolvidas em outras quatro obras: O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese. Leia-as, estude-as, pratique sua moral, que é a mesma do Cristo, e sua vida mudará para melhor.




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sexta-feira, 22 de maio de 2015

No Invisível (7)


Estamos estudando semanalmente – na terça e na quinta-feira – no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. É possível a um médium atrair Espíritos de grande elevação para que participem de sua missão na mediunidade?  
Sim, mas para isso é necessário oferecer-lhes aptidões e notáveis qualidades. Aliás, o ardente desejo que tais Espíritos têm com respeito à regeneração do gênero humano torna essa intervenção muito menos rara do que se poderia imaginar. Centenas de Espíritos superiores pairam acima de nós e dirigem o movimento espiritualista, inspirando os médiuns, projetando sobre os homens de ação as vibrações de sua vontade, a fulguração do seu próprio gênio. Vários grupos possuem uma assistência dessa ordem. (No Invisível - O Espiritismo experimental: V - Educação e função dos médiuns.)

B. A prece é importante na aquisição de faculdades superiores?  
Evidentemente. Descerrando nossa alma, pela vontade e pela prece, às influências do Alto, podemos franquear aos eflúvios celestes o nosso ego interior. Pela prece humilde, breve, fervorosa, a alma se dilata e dá acesso às irradiações do divino foco. Mas, para ser eficaz, não pode a prece ser uma recitação banal, uma fórmula decorada, e sim uma solicitação do coração, um ato da vontade, que atrai o fluido universal, as vibrações do dinamismo divino. (Obra citada - O Espiritismo experimental: V - Educação e função dos médiuns.)

C. Que é necessário à educação e adestramento dos médiuns?  
A mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de acuradas precauções e assíduos cuidados. Exige, portanto, método, paciência, altas aspirações, sentimentos nobres e, sobretudo, a terna solicitude dos bons Espíritos que a possam envolver em seu amor, em seus fluidos vivificantes. (Obra citada - O Espiritismo experimental: V - Educação e função dos médiuns.)

Texto para leitura

187. O Espiritismo experimental: V - Educação e função dos médiuns – Nada verdadeiramente importante se adquire sem trabalho. Uma lenta e laboriosa iniciação se impõe aos que buscam os bens superiores. Como todas as coisas, a formação e o exercício da mediunidade encontram dificuldades, bastantes vezes já assinaladas; convém insistirmos nisso, a fim de prevenir os médiuns contra as falsas interpretações, contra as causas de erro e de desânimo.
188. Desde que, por um trabalho preparatório, as faculdades do médium adquirem certa flexibilidade, os resultados que se começam a obter são quase sempre devidos às relações estabelecidas com os elementos inferiores do mundo invisível.
189. Uma multidão de Espíritos nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os homens. Essa multidão é sobretudo composta de almas pouco adiantadas, de Espíritos levianos, algumas vezes maus, que a densidade de seus próprios fluidos conserva presos à Terra. As inteligências elevadas, animadas de nobres aspirações, revestidas de fluidos sutis, não permanecem escravizadas à nossa atmosfera depois da separação carnal: remontam mais alto, a regiões que o seu grau de adiantamento lhes indica. Daí baixam muitas vezes – é certo – para velar pelos seres que lhes são caros; imiscuem-se conosco, mas unicamente para um fim útil e em casos importantes. Donde resulta que os principiantes quase nunca obtêm senão comunicações sem valor, respostas chocarreiras, triviais, às vezes inconvenientes, que os impacientam e desanimam.
190. Noutros casos o médium inexperto recebe, pela mesinha ou pelo lápis,  ditados subscritos por nomes célebres, contendo revelações apócrifas que lhe captam a confiança e o enchem de entusiasmo. O inspirador invisível, conhecendo-lhe os lados vulneráveis, lisonjeia-lhe o amor-próprio e as opiniões, superexcita-lhe a vaidade, cumulando-o de elogios e prometendo-lhe maravilhas. Pouco a pouco o vai desviando de qualquer outra influência, de todo exame esclarecido, e o leva a se insular em seus trabalhos. É o começo de uma obsessão, de um domínio exclusivista, que pode conduzir o médium a deploráveis resultados.
191. Esses perigos foram, desde os primórdios do Espiritismo, assinalados por Allan Kardec; todos os dias, estamos ainda vendo médiuns deixarem-se levar pelas sugestões de Espíritos embusteiros e serem vítimas de mistificações que os tornam ridículos e vêm a recair sobre a causa que eles julgam servir.
192. Muitas decepções e dissabores seriam evitados se compreendesse que a mediunidade percorre fases sucessivas, e que, no período inicial de desenvolvimento, o médium é sobretudo assistido por Espíritos de ordem inferior, cujos fluidos, ainda impregnados de matéria, se adaptam melhor aos seus e são apropriados a esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolongado, a que toda faculdade está sujeita.
193. Só mais tarde, quando a faculdade mediúnica, suficientemente desenvolvida, adquiriu a necessária maleabilidade e se tornou dúctil o instrumento, é que os Espíritos elevados podem intervir e utilizá-la para um fim moral e intelectual. O período de exercício, de trabalho preparatório, tão fértil muitas vezes em manifestações grosseiras e mistificações, é, pois, uma fase normal de desenvolvimento da mediunidade; é uma escola em que a nossa paciência e discernimento se exercitam, em que aprendemos a nos familiarizar com o modo de agir dos habitantes do Além.
194. Nessa fase de prova e de estudo elementar, deve sempre o médium estar de sobreaviso e nunca se afastar de uma prudente reserva. Cumpre-lhe evitar cuidadosamente as questões ociosas ou interesseiras, os gracejos, tudo, em suma, que reveste caráter frívolo e atrai os Espíritos levianos.
195. É preciso não se deixar esmorecer pela mediocridade dos primeiros resultados, pela abstenção e aparente indiferença dos nossos amigos do Espaço. Médiuns principiantes, ficai certos de que alguém vela por vós e de que a vossa perseverança é posta à prova. Quando houverdes chegado ao ponto requerido, influências mais altas baixarão a vós e hão de continuar a vossa educação psíquica.
196. Não procureis na mediunidade um objetivo de mera curiosidade ou de simples diversão; considerai-a de preferência um dom do Céu, uma coisa sagrada, que deveis utilizar com respeito, para o bem de vossos semelhantes. Elevai o pensamento às almas generosas que trabalham no progresso da Humanidade; elas virão a vós e vos hão de amparar e proteger. Graças a elas, as dificuldades do começo, as inevitáveis decepções que experimentareis não terão desagradáveis consequências; servirão para vos esclarecer a razão e vos desenvolver as forças fluídicas.
197. A boa mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso, recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões. Depois de um período de preparação e expectativa, o médium colhe o fruto de seus perseverantes esforços; recebe dos Espíritos elevados a consagração de suas faculdades, amadurecidas no santuário de sua alma, ao abrigo das sugestões do orgulho. Se guarda em seu coração a pureza de ato e de intenção, virá, com a assistência de seus guias, a se tornar cooperador utilíssimo na obra de regeneração que eles vêm realizando.
198. Terminada a primeira fase de desenvolvimento de suas faculdades, o importante para o médium é obter a proteção de um Espírito bom, adiantado, que o guie, inspire e preserve de qualquer perigo. Na maior parte das vezes é um parente, um amigo desaparecido que desempenha ao pé dele essas funções. Um pai, uma mãe, uma esposa, um filho, se adquiriram a experiência e o adiantamento necessários, podem-nos dirigir no delicado exercício da mediunidade. Mas o seu poder é proporcional ao grau de elevação a que chegaram, e nem sempre a sua ternura e solicitude bastam para nos defender das investidas dos Espíritos inferiores.
199. Dignos de louvor são os médiuns que, por seu desinteresse e fé profunda, têm sabido atrair, como uma espécie de aliados, os Espíritos de escol, e participar de sua missão. Para fazer baixar das excelsas regiões esses Espíritos, para os decidir a mergulhar em nossa espessa atmosfera, é preciso oferecer-lhes aptidões, notáveis qualidades. Seu ardente desejo de trabalhar na regeneração do gênero humano torna, entretanto, essa intervenção muito menos rara do que se poderia imaginar. Centenas de Espíritos superiores pairam acima de nós e dirigem o movimento espiritualista, inspirando os médiuns, projetando sobre os homens de ação as vibrações de sua vontade, a fulguração do seu próprio gênio.
200. Conheço vários grupos que possuem uma assistência dessa ordem. Pela pena, pelos lábios dos médiuns, os Espíritos-guia ditam instruções, fazem ouvir exortações; e não obstante as imperfeições do meio e as obscuridades que lhes amortecem e velam as irradiações do pensamento, é sempre um penetrante enlevo, um gozo da alma, um gratíssimo conforto saborear a beleza de seus pensamentos escritos, escutar as inflexões de sua palavra, que nos vem como longínquo e mavioso eco das regiões celestes.
201. A descida ao nosso mundo terrestre é um ato de abnegação e um motivo de sofrimento para o Espírito elevado. Nunca seriam demasiados a nossa admiração e reconhecimento à generosidade dessas almas, que não recuam diante do contacto dos fluidos grosseiros, à semelhança dessas nobres damas, delicadas, sensitivas, que, ao impulso da caridade, penetram em lugares repugnantes, para levar socorros e consolações. Quantas vezes, em sessões de estudo, temos ouvido dizerem os nossos guias: “Quando, do seio dos Espaços, vimos até vós, tudo se restringe, se amesquinha e se vai pouco a pouco retraindo. Lá, nas alturas, possuímos meios de ação que nem podeis compreender; esses meios se enfraquecem logo que entramos em relação com o ambiente humano.”
202. Assim que um desses grandes Espíritos baixa ao nosso nível e se demora em nossas obscuras regiões, logo o invade uma impressão de tristeza; ele sente como que uma depressão, uma diminuição de seus poderes e percepções. Só por um constante exercício da vontade, com o auxílio das forças magnéticas hauridas no Espaço, é que se habitua ao nosso mundo e nele cumpre as missões de que é encarregado.
203. Na obra providencial, tudo se acha regulado para o ensino gradual e o progresso da Humanidade. Os Espíritos missionários e instrutores vêm revelar, por meio das faculdades mediúnicas, as verdades que o nosso grau de evolução nos permite apreender e compreender. Desenvolvem, na esfera humana, as elevadas e puras concepções da divindade e nos vão, passo a passo, conduzindo a uma compreensão mais vasta do objetivo da existência e dos humanos destinos. Não se deve esperar de tais Espíritos as provas banais, os testemunhos de identidade que tantos experimentadores exigem; mas de nossos colóquios com eles se exala uma impressão de grandeza, de elevação moral, uma irradiação de pureza, de caridade, que sobre-excederá todas as provas materiais e constituirá a melhor das demonstrações morais.
204. Os Espíritos superiores leem o que em nosso íntimo se passa, conhecem as nossas intenções e dão muito pouco apreço às nossas fantasias e caprichos. Para atender aos nossos chamados e prestar-nos assistência, exigem de nossa parte uma vontade firme e perseverante, uma fé elevada, um veemente desejo de nos tornarmos úteis. Reunidas essas condições, aproximam-se de nós; começa então, muitas vezes sem o sabermos, um demorado trabalho de adaptação dos seus fluidos aos nossos. São as preliminares forças de toda relação consciente. À medida que se estabelece a harmonia das vibrações, a comunicação se acentua sob formas apropriadas às aptidões do sensitivo: audição, visão, escrita, incorporação.
205. Os Espíritos superiores, indiferentes às satisfações de opiniões materiais e interesseiras, comprazem-se ao pé dos homens que procuram no estudo um meio de aperfeiçoamento. A pureza de nossos sentimentos lhes facilita a ação e aumenta a influência.
206. Outros Espíritos de menor categoria, por um impulso de dedicação, ligam-se a nós e nos acompanham até ao termo de nossa peregrinação terrestre. São os gênios familiares ou Espíritos protetores. Cada pessoa tem o seu. Eles nos guiam, em meio das provações, com uma paciência e uma bondade admiráveis, sem jamais se cansarem.
207. Os médiuns devem recorrer à proteção desses amigos invisíveis, quase sempre membros adiantados de nossa família espiritual, com quem outrora vivemos neste mundo. Aceitaram a missão, tantas vezes ingrata, de velar por nós; através de nossas alegrias e aflições, de nossas quedas e reabilitações, nos encaminham para uma vida melhor, em que nos acharemos de novo reunidos para uma mesma tarefa, identificados em um mesmo amor.
208. Em todo ser humano existem rudimentos de mediunidade, faculdades em gérmen, que se podem desenvolver pelo exercício. Para o maior número, um longo trabalho perseverante é necessário. Em alguns, essas faculdades se revelam desde a infância, e sem esforço vêm a atingir, com os anos, um alto grau de perfeição. Representam, em tal caso, o resultado das aquisições anteriores, o fruto dos labores efetuados na Terra ou no Espaço, fruto que conosco, ao renascer, trazemos.
209. Entre os sensitivos, muitos têm a intuição de um mundo superior, extraterrestre, em que existem, como em reserva, poderes que lhes é possível adquirir mediante íntima comunhão e elevadas aspirações, para em seguida os manifestarem sob diversas formas, apropriadas à sua natureza: adivinhação, ensinamentos, ação curativa etc. Aplicada em tal sentido, a mediunidade torna-se uma faculdade preciosa, por meio da qual podem ser liberalizados imensos benefícios e realizadas grandes obras.
210. À Humanidade seria facultado um poderoso elemento de renovação, se todos compreendessem que há, acima de nós, um inesgotável manancial de energia, de vida espiritual, que se pode atingir por gradativo adestramento, por constante orientação do pensamento e da vontade no sentido de assimilar as suas ondas e radiações, e com o seu auxílio desenvolver as faculdades que em nós jazem latentes.
211. A aquisição dessas forças nos bloqueia contra o mal, nos coloca acima dos conflitos materiais e nos torna mais firmes no cumprimento do dever. Nenhum dentre os bens terrenos é comparável à posse desses dons. Sublimados a seu mais alto grau, fazem os grandes missionários, os renovadores, os grandes inspirados.
212. Como podemos adquirir esses poderes, essas faculdades superiores? Descerrando nossa alma, pela vontade e pela prece, às influências do Alto. Do mesmo modo que abrimos as portas da nossa casa, para que nela penetrem os raios do Sol, assim também por nossos impulsos e aspirações podemos franquear aos eflúvios celestes o nosso ego interior.
213. É aí que se manifesta a ação benéfica e salutar da prece. Pela prece humilde, breve, fervorosa, a alma se dilata e dá acesso às irradiações do divino foco. A prece, para ser eficaz, não deve ser uma recitação banal, uma fórmula decorada, senão antes uma solicitação do coração, um ato da vontade, que atrai o fluido universal, as vibrações do dinamismo divino. Ou deve ainda a alma projetar-se, exteriorizar-se por um vigoroso surto e, consoante o impulso adquirido, entrar em comunicação com os mundos etéreos.
214. Assim, a prece rasga uma vereda fluídica pela qual sobem as almas humanas e baixam as almas superiores, de tal modo que uma íntima comunhão se estabeleça entre umas e outras, e o espírito do homem seja iluminado e fortalecido pelas centelhas e energias despedidas das celestiais esferas.
215. Em Espiritismo, a questão de educação e adestramento dos médiuns é capital; os bons médiuns são raros – diz-se muitas vezes – e a ciência do invisível, privada de meios de ação, só com muita lentidão vem a progredir. Quantas faculdades preciosas, todavia, não se perdem, à míngua de atenção e de cultura! Quantas mediunidades malbaratadas em frívolas experiências, ou que, utilizadas ao sabor do capricho, não atraem mais que perniciosas influências e só maus frutos produzem! Quantos médiuns, inconscientes de seu ministério e do valor do dom que lhes é outorgado, deixam inutilizadas forças capazes de contribuir para a obra de renovação!
216. A mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de acuradas precauções e assíduos cuidados. Exige o método, a paciência, as altas aspirações, os sentimentos nobres e, sobretudo, a terna solicitude do bom Espírito que a envolve em seu amor, em seus fluidos vivificantes. Quase sempre, porém, querem fazê-la produzir frutos prematuros, e desde logo ela se estiola e fana ao contacto dos Espíritos atrasados.
217. Na antiguidade, os jovens sensitivos que revelavam aptidões especiais eram retirados do mundo, segregados de toda influência degradante, em lugares consagrados ao culto, rodeados de tudo o que lhes pudesse elevar o sentido do belo. Tais eram as vestais, as druidesas, as sibilas etc. O mesmo acontecia nas escolas de profetas e videntes da Judeia, situadas longe do ruído das cidades. No silêncio do deserto, na paz dos alterosos cimos, melhor podiam os iniciados atrair as influências superiores e interrogar o invisível. Graças a essa educação, obtinham-se resultados que a nós nos surpreendem.
218. Tais processos são hoje inaplicados. As exigências sociais nem sempre permitem ao médium dedicar-se, como conviria, ao cultivo de suas faculdades. Sua atenção é distraída pelas mil necessidades da vida de família, suas aspirações estorvadas pelo contacto da sociedade mais ou menos corrompida ou frívola. Muitas vezes é ele chamado a exercer suas aptidões em círculos impregnados de fluidos impuros, de inarmônicas vibrações, que reagem sobre o seu organismo tão impressionável e lhe produzem desordens e perturbações.
219. É preciso que, ao menos, o médium, compenetrado da utilidade e grandeza de sua função, se aplique a aumentar seus conhecimentos e procure espiritualizar-se o mais possível, que se reserve horas de recolhimento e tente então, pela visão interior, alçar-se até às coisas divinas, à eterna e perfeita beleza. Quanto mais desenvolvidos forem nele o saber, a inteligência, a moralidade, mais apto se tornará para servir de intermediário às grandes almas do Espaço.


Nota:

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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pérolas literárias (99)



Nós...

Raul de Leoni


Nós todos vamos pela vida em fora
Deixando no caminho os mesmos traços,
Em Deus buscando a Perfeição que mora
No cume inatingível dos Espaços!...

Cada instante de dor nos aprimora,
Desatando os grilhões, rompendo os laços
Dessa animalidade atrasadora,
Que procura tolher os nossos passos.

Heróis de novas lendas carlovíngias(1),
O Sonho imanta as nossas almas, cinge-as,
Na Luz Ideal — o nosso excelso escudo;

Buscando o Indefinível, o Insondado,
Deus, que é o Amor eterno e ilimitado
E a gloriosa síntese de tudo.


(1) Carlovíngia ou carolíngia é o nome da dinastia franca que sucedeu aos merovíngios, com Pepino, o Breve, e restabeleceu o Império Romano do Ocidente de 800 a 887. Seus últimos representantes reinaram na Alemanha até 911 e na França até 987.


O poeta Raul de Leoni nasceu em Petrópolis em 1895 e desencarnou em Itaipava (RJ), com apenas 31 anos de idade. Bacharel em Direito, foi deputado estadual e posteriormente Secretário de Legação. O soneto acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Chico Xavier.

   

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