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terça-feira, 30 de junho de 2015

O colibri em visita aos lares


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Ele era diferente. O colibri azulado gostava de ver como as famílias viviam, como eram os seus lares. Sua liberdade podia levá-lo aonde quisesse, principalmente, seu livre sentimento. Talvez chegasse às casas, não como forma aleatória, mas como uma sábia escolha necessária.
E aparecia com toda delicadeza, observava, às vezes, pela porta ou pelas janelas. Constatava tanta diversidade entre os lares. Ele observou famílias que se amavam e se respeitavam; famílias que não se davam respeito nenhum; outras que se sentiam enclausuradas; muitas delas não se importavam com nada; em algumas famílias, ele verificou a união por meio da prece consoladora e que também várias delas nunca experimentaram a paz de uma oração; em muitas outras havia a indiferença quanto a um membro do lar – esquecendo-se de que todo grupo familiar é o adequado para o próprio progresso ‒; ele viu mães chorosas e filhos acuados, maridos estagnados no caminho e no tempo.
O colibri azulado se sente bem quando em visita a um lar, percebe a busca pela harmonia e, logo, segue viagem com seu olhar mais feliz. E tanto se entristece com gritos e ofensas, ou violência variada que, infelizmente, em muitos casos são comuns; ainda esses lugares não podem ser chamados de lares.
Em suas viagens, ele presenciou muitas situações inimagináveis. No entanto, um único valor é decisivo em todas elas: o amor. Quando há essa presença, o brilho benéfico invade os seres e o local; a compreensão, a paciência, a tranquilidade, a tolerância e a gentileza se tornam baluartes para vidas em paz para a evolução.
Porém, quando essa maior energia está ausente, o choro, a dor, a inquietação e a infelicidade são assíduos visitantes desses corações que, incessantemente, buscam, com desespero, algo externo para amenizar o infortúnio, e ainda mais se afundam na areia do sofrimento.
Esses corações se esquecem de que a bonança segue o caminho de dentro para fora e não o inverso, dado que cada um possui a centelha e se pode conectar imediatamente ou perder a comunicação com a real essência da soberania divina, de acordo com a vibração dos sentimentos.
E esses lares podem ser tão melhores e mais felizes e com atitudes menos dispendiosas que as ações contrárias ainda tanto realizadas, pois amar é bem mais calmo e nobre que odiar; respeitar é mais sábio que o desrespeito; tolerar é mais compreensivo que a intolerância; ouvir é mais justo que o julgamento.
O colibri azulado se rejubila com as bondosas conquistas porque essas encaminham os corações para o progresso. E ele continua sua jornada de observações com o desejo de, um dia, todos os lares serem envolvidos com a energia do maior mandamento: o amor, como a força motriz para todas as realizações.
Às vezes, denominam-se anjos, protetores, colibris, porém, é da mesma luz que brilham e estão bem pertinho para ajudar e proteger os familiares, grupos que, por um determinado motivo, se reúnem para a realização do propósito antes definido.
Que a compreensão possa se dar entre esses pequenos núcleos, pois, a partir disso, a grande família humana será mais respeitosa e amorosa com si própria.

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segunda-feira, 29 de junho de 2015

As mais lindas canções que ouvi (145)


Sonho lindo

Maurício Duboc e Carlos Colla


Sonho lindo que se foi,
Esperança que esqueci,
Foi por medo de perder
Que eu perdi...

Tanto eu tinha pra dizer,
Tanta coisa eu calei,
Foi por medo de sofrer
Que eu sofri...

Foi pensando em me guardar
E querendo não querer,
Me dizendo pra esquecer,
Foi pensando só em mim
Que eu pensei só em você...

Foi tentando me afastar,
Foi negando o meu amor,
Foi por não querer amar
Que eu amei
Você...



Você poderá ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando no respectivo link:



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domingo, 28 de junho de 2015

Mediunidade, a luz que seria derramada sobre toda carne...


Tema dos mais frequentes na correspondência enviada por alguns leitores, o desenvolvimento da mediunidade ainda suscita muitas dúvidas, mesmo no meio espírita.
Diz-nos Emmanuel que a mediunidade “é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador”, mas não deve ser fruto de precipitação, visto que a espontaneidade em tal assunto é indispensável.
De acordo com as recomendações constantes do opúsculo “Orientação ao Centro Espírita”, publicado pelo Conselho Federativo Nacional, o candidato ao desenvolvimento mediúnico deve frequentar inicialmente, por certo tempo, as reuniões de estudo doutrinário e as de assistência espiritual promovidas pela Casa Espírita. Se portador de processo obsessivo, deve, além da frequência às reuniões citadas, inscrever-se para o atendimento programado pelo Centro Espírita para os casos de obsessão.
Recomenda a mencionada obra que o candidato ao serviço mediúnico seja orientado para que controle as manifestações mediúnicas que veicula, reprimindo quanto possível a respiração ofegante, os gemidos, os gritos e as contorções, tanto quanto os batimentos de mãos e pés e quaisquer gestos violentos. E sugere, por fim, que ninguém deve participar de trabalhos mediúnicos antes de se educar satisfatoriamente, esquivando-se, assim, à ideia de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência, mas, antes, reconhecendo-se portador de tarefas comuns.
O conhecimento evangélico-doutrinário é fundamental nesse processo, porque os centros cerebrais do médium representam bases de operação do pensamento e da vontade que influem em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura até a materialização objetiva.
Léon Denis examinou o assunto em uma de suas obras. Segundo ele, para desenvolver o dom da mediunidade, o homem tem de se submeter a uma complexa preparação e observar certas regras de conduta, sendo preciso, simultaneamente, para isso, a cultura da inteligência, a meditação, o recolhimento e o desprendimento das coisas humanas.
Divaldo Franco entende, de igual modo, que a educação mediúnica exige, preliminarmente, o conhecimento que advém do estudo da mediunidade. Em seguida, a educação moral e, por fim, o exercício e a vivência da conduta cristã.
Através dos hábitos salutares do estudo e do exercício do amor, diz Divaldo, o médium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se ponte entre ele e o Criador, sob a inspiração dos Espíritos Superiores.
Chico Xavier, o saudoso médium que todos admiramos, tinha relativamente ao assunto pensamento semelhante. O desenvolvimento da mediunidade, dizia ele, deve ser o burilamento da criatura em si, porque o aperfeiçoamento do instrumento naturalmente permitirá ao Espírito comunicante manifestar-se em melhores condições e seu aprimoramento moral lhe facultará sintonia com as entidades desencarnadas mais elevadas.


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sábado, 27 de junho de 2015

Felicidade real



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

“Estejamos, assim, procurando incessantemente o bem, ajudando, aprendendo, servindo, desculpando e amando, porque nessa atitude refletiremos os cultivadores da luz, resolvendo, com segurança, o nosso problema de companhia.”

Amigo leitor, você já deve ter lido ou ouvido falar que a criança, em seus primeiros anos de vida, exige todos os cuidados de seus responsáveis. Como não sabe falar, quando sente frio, tem fome ou sofre dor, chora de partir nossos corações. Todas as atenções, então, são voltadas para ela, que só fica satisfeita quando é atendida em sua necessidade fisiológica.
Mas o tempo passa, o tempo voa, só a poupança de um certo banco já falido é que não está mais numa boa. A criança torna-se pré-adolescente e já não inspira tantos cuidados, embora a educação deva ser permanente. O que acontece, então? O jovenzinho bonitinho, agora, aprende que seu coleguinha também tem seus direitos, tanto quanto ele. A menininha bonitinha da mamãe e do papai percebe que sua coleguinha também é os afetos e as graças de sua família.
— E daí?
— Daí que, desde os primeiros anos, a criança precisa ser educada, com muito amor e permanente atenção, para que não seja influenciada negativamente por terceiros: I-pad, I-fone, tabletes etc. etc. etc.
— E as outras crianças e adultos, Machado, não exercem sua influência também?
— Certamente, mas esses também são influenciados pelos meios eletrônicos citados...
É verdade que, possuindo livre-arbítrio, em essência, somos os principais responsáveis por nossas decisões, escolhas e atos quando já temos discernimento. Em sua sabedoria, Deus ocupou um lugar em nossa alma, não importa se você acredita nesta ou não, que, mais cedo ou mais tarde, nos martela de modo inclemente, como o fez com Caim, conforme lemos no Antigo Testamento: “Caim, Caim que fizeste do teu irmão? ” É a nossa consciência...
Quando, após uma vida profana, sentimos as consequências de nossos atos e podemos manifestar, em prosa ou em versos, o mea culpa, se o não fazemos na vida física, fazemo-lo na vida espiritual como o fez o espírito Luiz Mendes, em soneto psicografado por Chico Xavier :

Lembro-te, Mãe... A noite avança...
E saindo apressado, para a orgia,
Disseste-me, escorada numa tia,
“Fica hoje... Atende-nos... Descansa...”

Voltei para encontrar-te em agonia!...
A Morte angelizou-te a face mansa...
Chorei qual se voltasse a ser criança!...
Eras o meu tesouro e eu não sabia...

De prazer em prazer, matei-te aos poucos...
Veio a Morte e cortou-me os sonhos loucos,
Lamentando-me a vida gasta em vão!...

Estou perdido, entre imensos espaços...
Vem guardar-me, de novo, nos teus braços,
Mãe sempre amada do meu coração!...

— Você não está sendo muito piegas, Machado? Então devemos viver como santos, sem desfrutar das alegrias da vida proporcionadas pelas festas com amigos e os prazeres que o mundo nos proporciona? Quem vê pecado em tudo precisa da orientação de um psicólogo ou do tratamento de um psiquiatra...
— Não, Azambuja, não se trata de ver pecado em tudo. A sabedoria está no equilíbrio. O que se condena aqui são os excessos. É a falta de zelo e de respeito para com as pessoas que nos amam e que dizemos amar. É o abuso das práticas nefandas, que denigrem nosso corpo e nossa alma...
A proposta dos espíritos iluminados, citada no início desta crônica, reflete a sabedoria da lei de Deus, quer acreditemos nele ou não, para a nossa felicidade: a vivência do amor autêntico, que não se confunde com as paixões mundanas fugazes, insaciáveis e amaras!
Foi por isso que o apóstolo Paulo disse, em sua primeira carta aos Coríntios: “Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança, pensava como criança, mas logo que cresci, acabei com as coisas de criança.” (I Coríntios, 13:11).
Quem, já não sendo criança, age sem discernimento demonstra completa ignorância sobre o objetivo e finalidade da vida: aperfeiçoar-se sempre para alcançar a felicidade real, a que decorre da vivência do amor sem máculas.
Para finalizar, deixo à reflexão do leitor estas sábias palavras de Paulo de Tarso: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convém; todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (I Coríntios, 6:12).




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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Filhos adotivos: quem são eles?


Uma leitora pergunta-nos se a criança adotada faz parte de nossa família espiritual.
É difícil generalizar e, por conseguinte, dizer que sim, que uma criança que adotamos faz parte de nossa família espiritual. Podemos, contudo, afirmar que existem vínculos muito fortes entre o casal que adota e o filho adotado. A adoção dessa ou daquela criança não ocorreria, portanto, por mero acaso, mas seria algo perfeitamente previsível nas inúmeras possibilidades de nossa passagem pela experiência reencarnatória.
Não há na literatura espírita muitas informações a respeito do assunto, que, no entanto, não passou despercebido na obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier, como o leitor pode conferir lendo o livro Astronautas do Além, obra escrita em parceria por Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires, com a participação de Emmanuel e inúmeros outros Espíritos.
No capítulo 5 da obra citada, Chico Xavier divulgou a seguinte informação:

“Nossa reunião pública foi precedida de muitos comentários, por parte de vários amigos que nos visitavam a instituição, procedentes de cidades diversas. Parecia-nos, porém, que estavam com encontro marcado para estudar a questão dos filhos adotivos. As perguntas e opiniões eram de variado aspecto. ‘Devemos dar conhecimento aos filhos adotivos da condição em que se encontram conosco?’ – indagavam alguns casais.
As respostas variavam. Muitos companheiros se manifestavam a favor da realidade clara, enquanto outros se expressavam de maneira contrária, acreditando que a verdade devia permanecer sempre velada para eles, de modo a que não fossem chocados negativamente.
Atingido o horário para a reunião e iniciadas as nossas tarefas, O Evangelho segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 8 do capítulo XIV, em conexão com o assunto em debate. ‘Filhos Adotivos’ foi a mensagem que nosso benfeitor Emmanuel nos trouxe no encerramento dos trabalhos.” (Astronautas do Além, cap. 5.)

Na mensagem de Emmanuel, a que Chico Xavier se referiu, o conhecido autor escreveu o seguinte:

“Filhos existem no mundo que reclamam compreensão mais profunda para que a existência se lhes torne psicologicamente menos difícil.
Reportamo-nos aos filhos adotivos que abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem de ser criaturas que amamos enternecidamente.
Coloquemo-nos na situação deles para mais claro entendimento do assunto.
Muitos de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias, quase sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios incessantes até que lhes ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.
Um dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e, de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.
Corre o tempo e, quando aqueles mesmos Espíritos queridos que nos serviram de pais retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas, nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade.
Reflitamos nisso. E se tens na Terra filhos por adoção, habitua-te a dialogar com eles, tão cedo quanto possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade. Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração, buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na idade adulta por revelações à base de violência, em que frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.
Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a conduta em outro tempo.
Para isso, recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus.” (Obra citada, cap. 5.)

Comentando, no mesmo capítulo, as informações de Emmanuel, Herculano Pires lembrou que não é o sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são ilusórios e efêmeros. Filhos de outros pais, procedentes de outro sangue, podem, pois, ser muito mais ligados aos pais adotivos que os filhos consanguíneos. “Os filhos que voltam ao lar por vias indiretas – afirma Herculano – são Espíritos em prova e, portanto, em fase de correção moral. Precisam conhecer a sua verdadeira situação para que a medida corretiva atinja a sua eficiência. E se quisermos burlar a lei só poderemos acarretar-lhes maiores sofrimentos.”
Sobre o assunto sugerimos à leitora que leia também o editorial “A primeira regra ética nos casos de adoção”, publicado na edição 14 da revista “O Consolador”. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/14/editorial.html



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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Pérolas literárias (104)



Redivivo

Alphonsus de Guimaraens

Sou o cantor das místicas baladas
Que, em volutas(1) de flores e de incenso,
Achou, no Espaço luminoso e imenso,
O perfume das hóstias consagradas.

Almas que andais gemendo nas estradas
Da amargura e da dor, eu vos pertenço,
Atravessai o nevoeiro denso
Em que viveis no mundo, amortalhadas.

Almas tristes de freiras e sorores(2),
Sobre quem a saudade despetala
Os seus lírios de pálidos fulgores;

Eu ressurjo nos místicos prazeres,
De vos cantar, na sombra onde se exala
Um perfume de altar e misereres(3)...


(1) Voluta: espiral; parte de objeto ou ornato, em forma de espiral.
(2) Sorores: plural de soror ou sóror; feminino de frei; tratamento dado às freiras.
(3) Misereres: plural de miserere, que significa em latim 'tem piedade (de mim, meu Deus)'; trata-se da primeira palavra do Salmo 51 e, por extensão, refere-se a esse salmo.


Afonso Henrique da Costa Guimarães, poeta mineiro, natural de Ouro Preto, nasceu em 24 de julho de 1870 e desencarnou em 15 de julho de 1921. Foi magistrado, jornalista e poeta. O soneto acima integra a obra Parnaso de Além-Túmulo, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

  

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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Pílulas gramaticais (158)


Nestes dias de mudança brusca das condições climáticas, pergunta-se se é correto dizer tempo frio. Ou o certo é temperatura fria?
O correto é, sim, dizer tempo frio, tempo quente. Quanto à palavra temperatura, digamos que ela esteja baixa ou alta, jamais fria ou quente, porque temperatura designa o nível de calor existente num corpo ou no ambiente, nível esse que pode estar baixo, normal ou elevado.
Derivada do latim, a palavra temperatura é um substantivo que tem estes significados: nível de calor que existe no ambiente, resultante da ação dos raios solares;  nível de calor existente num corpo; temperatura alta; estado febril; (fig.) situação ou estado moral; atividade, ação; (Física) grandeza termodinâmica intensiva comum a todos os corpos que estão em equilíbrio térmico.
Exemplos:

·  A temperatura neste verão está muito alta.
· O tempo em Londrina está quente, mas em Londres esfriou bastante.
·  O doente está sem temperatura.
·  Elevou-se muito a temperatura nesta semana.
·  A temperatura do doente do quarto 12 está normal.

*

Xifópago é assim mesmo que se escreve. Não é xipófago.
A palavra xifópago é usada para designar a ligação de dois indivíduos na altura do tórax ou da área do apêndice xifoide.
Popularmente costuma-se chamar de irmãos siameses os que apresentam essa ligação. Essa denominação – irmãos siameses – surgiu por alusão aos irmãos gêmeos Chang e Eng, nascidos em 1811 na Tailândia e mortos em Nova York em 1874, os quais eram ligados entre si por uma membrana situada à altura do peito. Tailândia é o nome atual do antigo Sião, país situado na Ásia. Siameses é o nome que se dá aos que nasceram em Sião.


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terça-feira, 23 de junho de 2015

Espíritos rumo à evolução


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Os bons sentimentos, os bons pensamentos, as boas atitudes não só são protetores como colaboradores para a desejada evolução. Tudo o que se faz é favorável ou não para o crescimento. E sabendo que a regra universal é a da ação e reação, basta, apenas, avaliar a escolha, pois dela sempre haverá o seu resultado. Ainda, a lei universal não possui exceções.
Quando se menciona “evolução”, às vezes, esse nome soa distante demais para o estágio atual. No entanto, para qualquer posto conquistado ou situação contemplada, existiu o início, o meio, todo o desenvolvimento para o objetivo. Preocupar-se com o imensurável que ainda falta não é nenhum pouco incentivador para o progresso, mas habilitar-se para o melhoramento diário, sem dúvida, isso, sim, estimula, anima e cria reais situações para a evolução.
Se houvesse consciência de que cada um tem determinado trabalho a desenvolver e uma responsabilidade, antes de tudo, consigo, não haveria tempo, muito menos ocasião para querer realizar qualquer ato negativo e inapropriado. Na verdade, a preocupação seria com o que se pode fazer de bom e produtivo. Mas há de se chegar o momento. Os grandes espíritos de hoje também trilharam, com esforço e dedicação, cada passo de sua caminhada e eles são grandes exemplos; Jesus, a nossa grande inspiração.
Ninguém conquistará estrelas brilhantes se não for pelo merecimento. Essas estrelinhas virão para a nossa vida por meio da felicidade em constatar o bem alheio e o individual. Cada palavra amorosa, cada pensamento solícito, cada atitude benevolente, sim, isso trará a luz das estrelas, ou seja, isso será o encaminhamento para a evolução.
Se em cada dia da semana, houver, pelo menos, um pequeno gesto de bondade, durante uma semana já serão sete gestos bondosos, quem dera em um mês, um ano, durante o tempo restante de uma existência? Então, que haja uma proposta a partir de agora. Portanto, se ainda não houve tantos créditos que, desde já, possam ser diários.
Gestos bondosos não têm tamanho, ou são ou não são. Se um cumprimento carinhoso gerou ternura no coração, pronto, a bondade já foi registrada. Se se recusou a julgar alguém em pensamento, já é avanço.
Todo ato bondoso é o amor aflorando. E essas atitudes não são maiores só quando alguém as presencia. Esses gestos são luzes em todo lugar e também na solidão de nossa vida, pois o tempo todo somos observados e tudo é registrado; a consciência existe.       
Que o início do bem seja exatamente agora, pois somos espíritos rumo à evolução. Também não apenas esporadicamente, mas regularmente, que o pensamento, o sentimento e a atitude sejam bondosos e edificantes. O coração realizando a bondade, sente e compreende melhor a vida, pois se desprende de ranços, conseguindo, então, apreciar as estrelas, o seu brilho e ainda tornar-se capaz de aceitar, mesmo que, por enquanto, superficialmente, a universalidade.
Ninguém se aprimora de um dia para o outro, mas é necessária a compreensão de que em nossa vida seremos sempre o timoneiro e as estrelas serão nossa conquista e nossa direção.

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

As mais lindas canções que ouvi (144)


Acontece

Cartola

Esquece o nosso amor,
Vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece.
E acontece que já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer
E você não merece,
Mas isso acontece.

Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse...
Mas não quero,
Não devo fazê-lo,
Isso não acontece.


Você poderá ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando no respectivo link:



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domingo, 21 de junho de 2015

De que vale ganhar o mundo e perder a alma?


Não é somente a inflação que prejudica com maior intensidade as pessoas de baixa renda ou que auferem salários irrisórios. Como não dispõem de nenhuma reserva e, muitas vezes, nem contas bancárias possuem, a alta dos preços corrói de forma sistemática seus parcos rendimentos, fato que se dá igualmente com todas as pessoas, embora as de maior poder aquisitivo consigam formas de se proteger e sintam menos o que significa a alta do alimento, do remédio, da conta de água, da energia, da gasolina e dos combustíveis em geral.
Da gasolina e dos combustíveis?
Sim. Por que não?
As pessoas de baixa renda não possuem carro. Elas utilizam, como sabemos, o transporte público, mas a tarifa cobrada pelas empresas de transporte é igualmente majorada em face do aumento dos custos, dentre os quais o peso dos combustíveis é preponderante.
Não é, porém, de inflação que queremos falar, mas sim de outro fato que, tal qual ela, prejudica com maior intensidade as pessoas a que nos referimos. Esse fato, presente em todos os cantos deste país, chama-se corrupção.
Quando os recursos de uma Prefeitura ou de um órgão público qualquer são desviados, os maiores prejudicados são exatamente as pessoas de baixa renda.
Imaginemos que determinada obra fosse custar 400 mil reais e, por causa de pessoas inescrupulosas, ela fique em 900 mil reais.
Isso significa que haverá menos 500 mil reais que poderiam ser aplicados na educação, na saúde ou no saneamento básico.
A pessoa ou as pessoas que se locupletarem com esses recursos estarão prejudicando exatamente aqueles que dependem da escola pública e do sistema único de saúde. A má qualidade da merenda escolar, a falta de material didático, a insuficiência de médicos e a inexistência de remédios nos postos de saúde, eis algumas das consequências dessa mazela que insiste em se infiltrar em todos os níveis de governo, não poupando até mesmo empresas cujo controle acionário pertence ao poder público.
O exemplo que citamos é algo modesto em face dos milhões e talvez bilhões que vêm sendo surrupiados há algum tempo, prejudicando de forma mais intensa – repetimos mais uma vez – exatamente a população que não tem condições de matricular o filho na escola particular ou manter um plano de saúde qualquer.
Por que indivíduos que já recebem altos salários ou têm uma vida econômica invejável investem sobre os cofres públicos?
A resposta é dada por uma palavra singela: cupidez, sinônimo de cobiça, que a Igreja relacionou entre os que ela chama de “os sete pecados capitais”.
O indivíduo vem a este mundo para realizar uma programação específica, cuja meta é o aprimoramento espiritual dele e da comunidade onde vive, mas se esquece disso e tudo faz para ter, juntar, acumular bens.
Como vivemos em um país cuja população, em sua esmagadora maioria, se diz cristã, não achamos inadequado lembrar aqui uma frase dita por Jesus que se aplica, à perfeição, a todo aquele que, para ganhar o mundo, não se importa com os meios que utiliza: “... que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Marcos, 8:36).
Um dia essas pessoas regressarão ao lugar de onde vieram – a pátria espiritual – e, evidentemente, terão de enfrentar as consequências dos seus desmandos e de todo sofrimento que geraram, como Jesus igualmente lembrou ao dizer estas palavras: “E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mateus, 8:12).
Quem semeia ventos, colhe o quê?
O povo sabe muito bem qual é a resposta.
Parece-nos, porém, que os corruptos a ignoram.


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sábado, 20 de junho de 2015

O Decálogo Divino na Atualidade


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF  

Aproveitando o ensejo em que Joteli escreveu belo artigo sobre os Dez Mandamentos, também vou comentar o Decálogo Divino em nossos dias:

1º Mandamento: não cultueis outros deuses. Eu sou o Senhor.
Eu Sou é o Deus legítimo, é o Senhor, a quem devemos amar acima de tudo; a quem devemos louvar, pedir e agradecer por tudo o que Ele nos dá. Está nas Escrituras Sagradas.  E, se em relação ao que desejamos, Ele não quiser nos atender, agradeçamos também, pois afinal Ele é quem sabe das necessidades de cada um. Então, “Seja feita a Sua Vontade”, já nos orientava Jesus a dizer no Pai Nosso.

2º Mandamento: não falar o nome de Deus em vão.
Há poucos anos, um deputado foi filmado recebendo uma propina vultosa, para aprovar um projeto que beneficiaria determinada empreiteira. Sua confiança na proteção divina era tão grande que, após receber o dinheiro sujo, reuniu-se, como de hábito, com seus funcionários e fez uma prece de agradecimento a Deus. Tudo filmado e documentado!

3º Mandamento: santificar o dia de sábado.
Rezam as más línguas que a semana, no Congresso Nacional brasileiro, tem início na terça-feira e término na quinta. Afinal, os parlamentares precisam viajar, visitar suas bases de apoio eleitoral e descansar um pouco em praias ermas, a fim de santificar mais dias do que apenas o sábado. Diga-me, leitora, quem é de ferro nesta “pátria educadora”?
Certa vez, ouvi uma história contada por um baiano amigo, já falecido, em sua residência, na Ilha de Itaparica, na Bahia, onde nos hospedamos por uns dias. Disse à família de Joteli que precisava fazer uma churrasqueira no quintal de sua casa, para, nos fins de semana, comer uma carninha, uma linguicinha, uns coraçõezinhos de frango, etc. com os amigos.
Contratou um local para fazer o serviço, mas não deu muito certo, pois o baiano da ilha tem o hábito semelhante ao dos parlamentares. Sexta-feira não trabalha por ser véspera de fim de semana. A segunda-feira é ali chamada “dominguinho” e, portanto, a semana ainda não tem início nesse dia.
Na terça-feira, já à tarde, após espera inútil, Arlindo, nosso amigo, resolveu ir à casa do contratado, cuja esposa, ainda da porta, informou-o de que o marido estava acamado. Penalizado, Arlindo entrou no quarto do “acamado” e observou-o em sono profundo, resultado de uma noitada de “birinaites”.
Foi assim que Arlindo resolveu, ele mesmo, fazer a churrasqueira. Mas jurou-me (não precisava) que na sexta-feira o serviço ficara pronto.

4º Mandamento: honrar pai e mãe.
Houve tempo, em que pai e mãe pegavam da vara e lascavam as pernas dos filhos desobedientes. Em geral, a marca sumia após alguns dias de lembranças austeras, tais como: “Isto é para que você nunca mais desobedeça seu pai ou sua mãe”.
Atualmente, as crianças ainda nem aprenderam a falar e já sabem digitar, no i-fone, o número do posto policial mais próximo de sua residência. Quando o agente ouve o choro infantil fica tão penalizado que dá, no mínimo, uma bronca no responsável. Isso sem falar nas denúncias de vizinhos, das câmaras ocultas e das próprias crianças. É justo.

5º Mandamento: não matar.
Esse mandamento, modernamente, vem sendo seguido com tanto rigor por nossos legisladores que, por vezes, quem matar um animal incorre em crime inafiançável; mas se matar um cidadão qualquer dá para negociar uma pena alternativa. Basta contratar um bom advogado. Ah, você não tem dinheiro! A defensoria pública resolve...

6º Mandamento: não adulterar.
Senhor, explica melhor esse mandamento... Estou tão confuso...

7º Mandamento: não roubar.
Cuidado! Se você não faz parte de nenhum movimento de reivindicação social e se não é vândalo, você pode ser preso até mesmo por abuso do direito de greve, quando então o cassetete policial não respeita professores ou mesmo doutores. Quem manda estudar?

8º Mandamento: não prestar testemunho falso contra o próximo.
Essa lei só não se aplica a políticos em debates públicos para eleição ou reeleição. Quando se trata de discurso político, “faz-se o diabo” para desacreditar seu concorrente. Nesse caso, Maquiavel é estudado à exaustão, pois o importante é mentir tanto que a verdade acaba fugindo do debate, corada de vergonha. O certo, porém, é que muitos eleitores aplaudem a mentira, para não perderem os beneplácitos governamentais do político corrupto. Afinal, cada povo tem o governo que merece...

9º Mandamento: não desejar a mulher do próximo.
Esse mandamento, nos dias atuais, tem sido muito discutido e, mesmo, contestado, Senhor. Precisamos de melhores esclarecimentos...

10º Mandamento: não cobiçar coisa alguma de outrem.
O pior, nesse mandamento, é a cobiça e mesmo o assédio de quem, por estar corrompido corporal e espiritualmente, insiste em investir contra os que não aceitam seu modo de agir. A falta de escrúpulos de algumas pessoas, não somente em cobiçar o alheio, como também em tentar se aproveitar do esforço de outrem é lamentável.
Desse modo, faço aqui um apelo ao Senhor, mas vou falar baixinho para que apenas nós dois e as pessoas de bem possam ouvir:
— Será que o Senhor não poderia cumprir logo sua promessa e retornar à Terra para esclarecer melhor esses mandamentos nos dias atuais?




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sexta-feira, 19 de junho de 2015

No Invisível (8)



Estamos estudando semanalmente – na terça e na quinta-feira – no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. Qual é, segundo Léon Denis, o papel da alta mediunidade?   Não há mais nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a inspiração das potências invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens o atenuado eco dos divinos convites, incitando-os à luz e à perfeição. Tal é o papel da alta mediunidade. Para isso é importante que haja responsabilidade, porque muitos médiuns procuram, no exercício de suas faculdades, satisfações de amor-próprio ou de interesse. Descuram de fazer intervir em sua obra esse sentimento grave, refletido, quase religioso, que é uma das condições de êxito. Esquecem muitas vezes que a mediunidade é um dos meios de ação pelos quais se executa o plano divino, e que ele não tem o direito de utilizá-la ao sabor de sua fantasia. (No Invisível - O Espiritismo experimental: V - Educação e função dos médiuns.)

B. A mediunidade é um fenômeno peculiar aos nossos tempos?  
Não. A mediunidade é de todos os séculos e de todos os países. Desde as idades mais remotas existiram relações entre a Humanidade terrestre e o mundo dos Espíritos. Se interrogarmos os Vedas da Índia, os templos do Egito, os mistérios da Grécia, os recintos de pedra da Gália, os livros sagrados de todos os povos, por toda parte, nos documentos escritos, nos monumentos e tradições, encontraremos a afirmação de um fato que tem permanecido através das vicissitudes dos tempos. Esse fato é a crença universal nas manifestações das almas libertas de seus corpos terrestres. (Obra citada - O Espiritismo experimental: VI – Comunhão dos vivos e dos mortos.)

C. É certo afirmar que o Cristianismo também se baseia nas manifestações de além-túmulo?  
Sim. Também ele se baseia nas manifestações de além-túmulo. O Cristo atravessou a existência rodeado de uma multidão invisível, cuja presença se revelava em todos os seus atos. Ele mesmo apareceu, depois da morte, aos discípulos consternados, e sua presença lhes fortaleceu o ânimo. Durante dois séculos, comunicaram abertamente os primeiros cristãos com os Espíritos, deles recebendo instruções. Inquieta, porém, com as ingerências ocultas, muitas vezes em oposição com seus intuitos, a Igreja logo procurou impedi-las, interditando aos fiéis todas as relações com os Espíritos e reservando-se o direito exclusivo de provocar e interpretar os fenômenos. (Obra citada - O Espiritismo experimental: VI – Comunhão dos vivos e dos mortos.)

Texto para leitura

220. Uma organização prática do Espiritismo comportará, no futuro, a criação de asilos especiais, onde os médiuns encontrarão reunidas, com os meios materiais de existência, as satisfações do coração e do espírito, as inspirações da Arte e da Natureza, tudo o que às suas faculdades pode imprimir um caráter de pureza e elevação, fazendo em torno deles reinar uma atmosfera de paz e confiança.
221. Em tais meios, poderiam os estudos experimentais produzir muito melhores resultados que os que até agora se têm muitas vezes obtido em condições defeituosas. A intrusão dos Espíritos levianos, as tendências à fraude, os pensamentos egoísticos e os malévolos sentimentos se atenuariam pouco a pouco e terminariam por desaparecer. A mediunidade se tornaria mais regular, mais segura em suas aplicações. Não mais se havia de, com tanta frequência, observar esse mal-estar que experimenta o sensitivo, nem ocorreriam esses períodos de suspensão das faculdades psíquicas, culminando mesmo em seu completo desaparecimento em seguida ao mau uso delas feito.
222. Os espiritualistas de além-mar cogitam de fundar, em muitos dos grandes centros americanos, “homes” ou edifícios dotados de certo número de salas apropriadas aos diferentes gêneros de manifestações e munidas de aparelhos de experimentação e fiscalização. Cada sala, vindo, com o uso, a impregnar-se do magnetismo particular que convém a tais experiências, seria destinada a uma ordem especial de fenômenos: materializações, incorporações, escrita, tiptologia, etc. Um órgão, colocado no centro do edifício, propagaria a todas as suas partes, nas horas de sessão, enérgicas vibrações, a fim de estabelecer nos fluidos circulantes e no pensamento dos assistentes a unidade e harmonia tão necessárias. A música exerce, com efeito, uma soberana influência nas manifestações, facilitando-as e tornando-as mais intensas, como inúmeros experimentadores o têm reconhecido.
223. Merecem inteira aprovação esses projetos e devemos fazer votos pela sua realização em todos os países, porque viriam, por sua natureza, uma vez realizados, a dar vigoroso impulso aos estudos psíquicos e facilitar em larga escala essa comunhão dos vivos e dos mortos, mediante a qual se afirmam tantas verdades de valor incalculável, capazes de, em sua propagação pelo mundo, renovar a Fé e a Ciência.
224. O importante para o médium, dissemos mais acima, é assegurar-se uma proteção eficaz. O auxílio do Alto é sempre proporcionado para o fim a que nos propomos, aos esforços que empregamos para o merecer. Somos auxiliados, amparados, conforme a importância das missões que nos incumbem, tendo-se em vista o interesse geral. Essas missões são acompanhadas de provas, de dificuldades inevitáveis, mas sempre reguladas conforme as nossas forças e aptidões.
225. Desempenhadas com dedicação, com abnegação, as nossas tarefas nos elevam na hierarquia das almas. Negligenciadas, esquecidas, não realizadas, nos fazem retrotrair a escala de progresso. Todas acarretam responsabilidades. Desde o pai de família que incute em seus filhinhos as noções elementares do bem, o preceptor da mocidade, o escritor moralista, até o orador que procura arrebatar as multidões às culminâncias do pensamento, cada um tem sua missão a preencher.
226. Não há mais nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a inspiração das potências invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens o atenuado eco dos divinos convites, incitando-os à luz e à perfeição. Tal é o papel da alta mediunidade.
227. Falamos de responsabilidade. É necessário insistir sobre esse ponto. Muitos médiuns procuram, no exercício de suas faculdades, satisfações de amor-próprio ou de interesse. Descuram de fazer intervir em sua obra esse sentimento grave, refletido, quase religioso, que é uma das condições de êxito. Esquecem muitas vezes que a mediunidade é um dos meios de ação pelos quais se executa o plano divino, e que ele não tem o direito de utilizá-la ao sabor de sua fantasia.
228. Enquanto se não tiverem compenetrado os médiuns da importância de sua função e da extensão de seus deveres, haverá no exercício de suas faculdades uma fonte de abusos e de males. Os dons psíquicos, desviados de seu eminente objetivo, utilizados para fins de interesses medíocres, pessoais e fúteis, revertem contra os seus possuidores, atraindo-lhes, em lugar dos gênios tutelares, as potências malfazejas do Além.
229. Fora das condições de elevação de pensamento, de moralidade e desinteresse, pode a mediunidade constituir-se um perigo; ao passo que tendo por fim firme propósito no bem, por suas aspirações ao ideal divino, o médium se impregna de fluidos purificados; uma atmosfera protetora se forma em torno dele, o envolve, o preserva dos erros e das ciladas do invisível.
230. E se, por sua fé e comprovado zelo, pela pureza da alma em que nenhum cálculo interesseiro se insinue, obtém ele a assistência de um desses Espíritos de luz, depositários dos segredos do Espaço, que pairam acima de nós e projetam sobre a nossa fraqueza as suas irradiações; se esse Espírito se constitui seu protetor, seu guia, seu amigo, graças a ele sentirá o médium uma força desconhecida penetrar-lhe todo o ser, uma chama lhe iluminar a fronte. Todos quantos tomarem parte em seus trabalhos e colherem os seus resultados sentirão reanimar-se-lhes o coração e a inteligência às fulgurações dessa alma superior; um sopro de vida lhes transportará o pensamento às regiões sublimes do Infinito.
231. VI – Comunhão dos vivos e dos mortos - Certas pessoas consideram, sem razão, a mediunidade um fenômeno peculiar aos nossos tempos. A mediunidade, realmente, é de todos os séculos e de todos os países. Desde as idades mais remotas existiram relações entre a Humanidade terrestre e o mundo dos Espíritos.
232. Se interrogarmos os Vedas da Índia, os templos do Egito, os mistérios da Grécia, os recintos de pedra da Gália, os livros sagrados de todos os povos, por toda parte, nos documentos escritos, nos monumentos e tradições, encontraremos a afirmação de um fato que tem permanecido através das vicissitudes dos tempos; e esse fato é a crença universal nas manifestações das almas libertas de seus corpos terrestres. Veremos essas manifestações associadas de um modo íntimo e constante à evolução das raças humanas, a tal ponto que são inseparáveis da história da Humanidade.
233. É, no começo, o culto dos antepassados, a homenagem prestada aos manes dos heróis e aos lares gênios tutelares da família. Erigem-lhes altares; dirigem-lhes invocações; depois o culto se estende a todas as almas amadas; ao esposo, ao filho, ao amigo falecido. Segundo Lucano, as sombras dos mortos se misturam com os vivos; deslizam pelas ruas e se introduzem nas habitações; aparecem, falam, na vigília como no sonho, e revelam o futuro. A telepatia, a premonição, a psicografia, as materializações de fantasmas são abundantes por toda parte e sempre.
234. Em Delfos, em Elêusis, o Espírito inspira a pítia convulsa e lhe dita seus oráculos. Nas praias da Jônia, sob a brancura dos mármores, ao murmúrio das vagas azuis, Pitágoras ensina aos iniciados os divinos mistérios e, pelos lábios de Teocleia adormecida, conversa com os gênios invisíveis. Em Endor, a sombra de Samuel responde às invocações de Saul. Um gênio previne a César, na véspera de sua morte, que não vá ao Senado, e mais tarde, quando Domiciano cai sob o ferro dos conjurados, da extremidade da Europa, Apolônio de Tiana assiste, em visão, a esse drama sangrento.
235. Nos círculos de pedra da Gália, sob a fronde sombria dos carvalhos ou nas linhas sagradas em torno das quais ruge espumante o oceano, e até nos templos da América Central, a comunhão das almas se efetua. Por toda parte a vida interroga a morte e esta responde.
236. Sem dúvida, os abusos, as superstições pueris, os sacrifícios supérfluos se misturam com o culto dos invisíveis; mas nesse íntimo comércio haurem os homens novas forças. Sabem que podem contar com a presença e o amparo dos que amavam e esta certeza os torna mais firmes em suas provações. Aprendem a não mais temer a morte. Os laços de família se fortalecem com isso, intimamente. Na China, como na Índia, como no território céltico, havia reuniões em dia fixo, na “câmara dos antepassados”. São numerosos então os médiuns; ardente é sua fé, poderosas e variadas são as suas faculdades e os fenômenos obtidos ultrapassam em intensidade tudo o que observamos em nossos dias.
237. Em Roma eram instituídas cerimônias públicas em honra dos mortos. A multidão se aglomerava à entrada das criptas. As sibilas praticavam as encantações, e dos lugares obscuros, dizem os escritores da época,  tal como atualmente dos gabinetes de materialização, via-se emergirem sombras e se apresentarem em plena luz. Às vezes mesmo os camaradas, os amigos de outrora retomavam por momentos seu lugar à mesa e no lar comuns.
238. Nos mistérios órficos, dizem Porfiro e Próluz, as almas dos defuntos apareciam sob a forma humana e conversavam com os assistentes. Ensinavam-lhes a sucessão das existências e a ascensão final do Espírito à luz divina, mediante vidas puras e laboriosas. Essas práticas comunicavam aos iniciados uma fé profunda no futuro, incutiam-lhes uma força moral, uma serenidade incomparáveis; transportavam seus pensamentos às regiões sublimes em que tanto se comprouve o gênio grego.
239. Eis que chega, porém, a época de decadência e aí temos a depressão dos estudos, as intrigas sacerdotais, as rivalidades dos potentados e, finalmente, as grandes invasões, a ruína e a morte dos deuses. Um vento de barbaria sopra sobre os mistérios sagrados. Os Espíritos, os gênios tutelares desertaram. A divina Psique, banida dos altares, remontou às celestes regiões. Uma a uma, se vão extinguindo as luzes do templo. A grande noite, uma noite de dez séculos, se estende sobre o pensamento humano.
240. Surge, entretanto, o Cristianismo. Também ele se baseia nas manifestações de além-túmulo. O Cristo atravessa a existência, rodeado de uma multidão invisível, cuja presença se revela em todos os seus atos. Ele mesmo aparecerá, depois da morte, aos discípulos consternados, e sua presença lhes fortalecerá o ânimo. Durante dois séculos, comunicaram abertamente os primeiros cristãos com os Espíritos, deles recebendo instruções.  Cedo, porém, a Igreja, inquieta com as ingerências ocultas, muitas vezes em oposição com seus intuitos, procurará impedi-las. Interditará aos fiéis todas as relações com os Espíritos, reservando-se direito exclusivo de provocar e interpretar os fenômenos.
241. A religião do Cristo é, todavia, portadora de uma noção inteiramente nova: a utilidade da dor, benéfica e purificadora divindade, cuja ação não foi pelo mundo pagão compreendida em toda a sua amplitude. Graças a essa noção, a alma lutará mais vantajosamente contra a matéria e suplantará a sensualidade.
242. É de toda a vida essa luta, cujo objetivo é o triunfo alcançado pelo espírito sobre o corpo e a posse da virtude. Alguns clérigos ou leigos chegarão a adquirir o poder da fé que domina os sentidos e transporta a alma para além das regiões terrestres, às esferas em que se dilata e exalta o pensamento.
243. É esse ainda um meio de penetração no invisível. A alma, desprendida das coisas humanas, na contemplação e no êxtase, comunica-se com as potências superiores e lhes atribui as formas angélicas ou divinas, familiares à sua própria crença. Nesses fenômenos – simples lei da Natureza – verá milagres a Igreja e deles se apropriará. As outras manifestações dos mortos serão consideradas diabólicas e conduzirão os videntes ao suplício. Sob a cinza das fogueiras se há de procurar extinguir a ideia renascente. Mas “o espírito sopra onde quer”. Fora da Igreja, entre os heréticos, prosseguem as manifestações. Com Joana d'Arc vêm revestir um caráter de grandeza tal que, diante delas, a crítica mais virulenta hesita, depõe as armas e emudece.
244. Mudaram-se os tempos. No passado, a comunhão das almas foi, sobretudo, o privilégio dos santuários, a preocupação de alguns limitados grupos de iniciados. Fora desses esclarecidos círculos – asilos da sabedoria antiga – as manifestações de além-túmulo eram muitas vezes consideradas sobrenaturais e associadas a práticas supersticiosas que lhes deturpavam o sentido. O homem, ignorante das leis da Natureza e da vida, não podia apreender o ensino que sob os fenômenos se ocultava.
245. Para preparar o atual movimento das ideias e a compreensão desses fatos, foram necessários o imenso trabalho dos séculos e as descobertas da Ciência. Esta realizou a sua tarefa. Posto que bem incompleta, ainda, pelo menos explorou o domínio material, desde as camadas profundas do solo aos abismos do espaço. Descreveu a história da Terra, sua gênese e evolução; enumerou os mundos que gravitavam no céu e lhes calculou o peso, as dimensões, a órbita. Ficou o homem conhecendo o mesquinho lugar que ocupa no Universo: se aprendeu a conhecer a grandeza de sua inteligência, pôde, em contraposição, medir a debilidade de seus sentidos.
246. A vida se patenteou por toda parte, no domínio dos seres microscópicos como na superfície dos globos que rolam na imensidade. O estudo do mundo invisível vem completar essa ascensão da Ciência; rasga ao pensamento novos horizontes, perspectivas infinitas. De ora em diante o conhecimento da alma e de seus destinos não será mais o privilégio dos iniciados e dos doutos. A Humanidade toda é chamada a participar dos benefícios espirituais que constituem seu patrimônio. Assim como o Sol se levanta visível para todos, a luz do Além deve irradiar sobre todas as inteligências, reanimando todos os corações.
247. VII – O Espiritismo e a mulher – Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas faculdades psíquicas. Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do novo Espiritualismo.
248. Mau grado às imperfeições inerentes a toda criatura humana, não pode a mulher, para quem a estuda imparcialmente, deixar de ser objeto de surpresa e algumas vezes de admiração. Não é unicamente em seus traços pessoais que se realizam, em a Natureza e na Arte, os tipos da beleza, da piedade e caridade; no que se refere aos poderes íntimos, à intuição e adivinhação, sempre foi ela superior ao homem.
249. Entre as filhas de Eva é que obteve a antiguidade as suas célebres videntes e sibilas. Esses maravilhosos poderes, esses dons do Alto, a Igreja entendeu, na Idade Média, aviltar e suprimir, mediante os processos instaurados por feitiçaria. Hoje encontram eles sua aplicação, porque é sobretudo por intermédio da mulher que se afirma a comunhão com a vida invisível.
250. Mais uma vez se revela à mulher em sua sublime função de mediadora, que o é em toda a Natureza. Dela provém a vida; é ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos cuidados. E essa função preponderante que desempenha no domínio da vida, ainda a vem preencher no domínio da morte. Mas nós sabemos que a morte e a vida são uma, ou antes, são as duas formas alternadas, os dois aspectos contínuos da existência.
251. Mediadora também é a mulher no domínio das crenças. Sempre serviu de intermediária entre a nova fé que surge e a fé antiga que definha e vai desaparecendo. Foi o seu papel no passado, nos primeiros tempos do Cristianismo, e ainda o é na época presente.
252. O Catolicismo não compreendeu a mulher, a quem tanto devia. Seus monges e padres, vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam, antes, um perigo.
253. A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de conhecer e cultivar a alma feminina. Suas faculdades se expandiam livremente nos mistérios. Sacerdotisa nos tempos védicos, ao altar doméstico, intimamente associada, no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto, por toda a parte era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida.


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