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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Filhos adotivos: quem são eles?


Uma leitora pergunta-nos se a criança adotada faz parte de nossa família espiritual.
É difícil generalizar e, por conseguinte, dizer que sim, que uma criança que adotamos faz parte de nossa família espiritual. Podemos, contudo, afirmar que existem vínculos muito fortes entre o casal que adota e o filho adotado. A adoção dessa ou daquela criança não ocorreria, portanto, por mero acaso, mas seria algo perfeitamente previsível nas inúmeras possibilidades de nossa passagem pela experiência reencarnatória.
Não há na literatura espírita muitas informações a respeito do assunto, que, no entanto, não passou despercebido na obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier, como o leitor pode conferir lendo o livro Astronautas do Além, obra escrita em parceria por Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires, com a participação de Emmanuel e inúmeros outros Espíritos.
No capítulo 5 da obra citada, Chico Xavier divulgou a seguinte informação:

“Nossa reunião pública foi precedida de muitos comentários, por parte de vários amigos que nos visitavam a instituição, procedentes de cidades diversas. Parecia-nos, porém, que estavam com encontro marcado para estudar a questão dos filhos adotivos. As perguntas e opiniões eram de variado aspecto. ‘Devemos dar conhecimento aos filhos adotivos da condição em que se encontram conosco?’ – indagavam alguns casais.
As respostas variavam. Muitos companheiros se manifestavam a favor da realidade clara, enquanto outros se expressavam de maneira contrária, acreditando que a verdade devia permanecer sempre velada para eles, de modo a que não fossem chocados negativamente.
Atingido o horário para a reunião e iniciadas as nossas tarefas, O Evangelho segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 8 do capítulo XIV, em conexão com o assunto em debate. ‘Filhos Adotivos’ foi a mensagem que nosso benfeitor Emmanuel nos trouxe no encerramento dos trabalhos.” (Astronautas do Além, cap. 5.)

Na mensagem de Emmanuel, a que Chico Xavier se referiu, o conhecido autor escreveu o seguinte:

“Filhos existem no mundo que reclamam compreensão mais profunda para que a existência se lhes torne psicologicamente menos difícil.
Reportamo-nos aos filhos adotivos que abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem de ser criaturas que amamos enternecidamente.
Coloquemo-nos na situação deles para mais claro entendimento do assunto.
Muitos de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias, quase sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios incessantes até que lhes ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.
Um dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e, de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.
Corre o tempo e, quando aqueles mesmos Espíritos queridos que nos serviram de pais retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas, nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade.
Reflitamos nisso. E se tens na Terra filhos por adoção, habitua-te a dialogar com eles, tão cedo quanto possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade. Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração, buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na idade adulta por revelações à base de violência, em que frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.
Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a conduta em outro tempo.
Para isso, recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus.” (Obra citada, cap. 5.)

Comentando, no mesmo capítulo, as informações de Emmanuel, Herculano Pires lembrou que não é o sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são ilusórios e efêmeros. Filhos de outros pais, procedentes de outro sangue, podem, pois, ser muito mais ligados aos pais adotivos que os filhos consanguíneos. “Os filhos que voltam ao lar por vias indiretas – afirma Herculano – são Espíritos em prova e, portanto, em fase de correção moral. Precisam conhecer a sua verdadeira situação para que a medida corretiva atinja a sua eficiência. E se quisermos burlar a lei só poderemos acarretar-lhes maiores sofrimentos.”
Sobre o assunto sugerimos à leitora que leia também o editorial “A primeira regra ética nos casos de adoção”, publicado na edição 14 da revista “O Consolador”. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/14/editorial.html



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