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terça-feira, 9 de junho de 2015

A saudade


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Sentimento tão complexo e simples ao mesmo tempo. Saudade é sentir com amor, a ausência de alguém, de uma história, de algo que conheceu e não mais ou por enquanto se pode compartilhar... e vivenciar. É ver, na imagem gravada na memória, os olhos familiares que nos sorriem e tanto amamos. Os olhos são o reconhecimento de todos.
A saudade é tão múltipla, pode ser a da infância, de quando as brincadeiras eram a nossa maior preocupação; pode ser a de um tempo mais sereno ou mais agitado; de lugares; de sensações; de olhares que não estão mais neste plano ou de que ainda estão, mas o curso da vida os distanciou. A saudade é algo vivido. E se é, assim, quanta alegria por um tempo viver isso tudo e ficar marcado em nós... para sempre.
Ainda quanto às variadas saudades, há as que, mesmo sentindo, a nossa alma é reconfortada pelo melhor de ter feito; porém, há a saudade dolorosa de quando houve a situação ou o alguém e tanto foi deixado a desejar. Tanto se podia ter feito e simplesmente não foi.
No nosso interior, há um universo inteiro. Também há a saudade de algo, de um tempo, de um lugar, de alguém impossível de se identificar por ora, impressões dos demais personagens acumulados por nosso espírito ao longo das existências.
E como em determinados dias a saudade é assídua visitante! Mas logo me lembro de que tudo é real e os grandes sentimentos alcançam os corações amados e visitam os lugares queridos. Quantas vezes se deseja ouvir a voz da amada pessoa, porém ela não está por aqui, então, o mergulho na memória traz não só a voz, mas os gestos, o suave perfume, o jeito de ser, o olhar, o alguém inteirinho, pois tudo o que vivemos é parte nossa, mas com a compreensão de que ninguém pode ser prisioneiro de ninguém.
Em certos momentos, a saudade de nós mesmos é ainda maior que tudo. A saudade do encontro conosco, do silêncio da alma e, assim, poder ouvir o que o nosso coração realmente deseja e precisa. Saudade do recolhimento e da lembrança de que somos essência eterna e Deus é o Pai. Saudade de que devemos valorizar o real e não o que é supostamente viável para o plano material.
E os dias e as noites são ininterruptos, nada para, tudo continua. As oportunidades acontecem e a saudade está viva como tudo o que também já vivemos.
Não se sabe quando, mas os olhos dos quais tanto sentimos falta voltarão a nos olhar e a nos reconhecer. Idas e vindas. Nada se perde, tudo aguarda o momento ideal, não o momento que queremos, graças a Deus. A sabedoria está na paciência de viver um dia de cada vez e amar mais acima de tudo. Assim, a nossa saudade será calma e compreensiva e não triste e desesperada. A eternidade é o nosso curso.
E a vida é encantadora. Se hoje sentimos saudade é porque anteriormente já fomos felizes e, o melhor, já amamos. No presente, vivemos novos momentos com diferentes pessoas, então, o cuidado deve ser primoroso, pois tudo o que é vivência agora se tornará lembrança amanhã. E que a saudade futura seja a do sentimento simplesmente amoroso por ter feito tudo de bom para as pessoas companheiras do tempo em questão e também por nós mesmos.

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