Respeitar a fé do outro é próprio das pessoas de bem
- Não
creio em Deus.
- Não
acredito em Espíritos.
- Não
creio em mundo espiritual.
- Não
acredito em reencarnação.
As pessoas têm todo o direito de pensar assim, porque –
sabemos muito bem – a fé é algo individual que não se transmite nem se pode
impor a quem quer que seja.
O que não assiste a ninguém é o direito de recriminar a
crença ou a fé alheia, porque todas as pessoas são livres para aderir ou não a
essa ou àquela religião, por mais absurda que seja. A liberdade de culto é,
ademais, um direito consagrado na Constituição federal.
Vimos algum tempo atrás, em um mesmo dia, dentro do
capítulo da fé, dois fatos que nos chamaram a atenção. O primeiro foi a
manifestação de um leitor de um conhecido periódico que, declarando-se ateu,
valeu-se do ensejo para criticar de forma áspera as pessoas que acreditam em
Deus – para ele, um ser inexistente –, ao qual, segundo disse, elas se apegam à
menor dificuldade.
O outro fato, de natureza diametralmente oposta, foi-nos
mostrado pela TV, quando uma jovem, ao ver rompido em definitivo o sonho do
próprio casamento, conseguiu equilibrar-se e pôr fim à sua imensa dor
valendo-se de um dos salmos de Davi. Referimo-nos ao conhecido Salmo 23, assim
expresso:
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas
tranquilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça,
por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não
temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus
inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos
os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Salmos 23:1-6.)
Escrito numa época bem anterior ao advento de Jesus,
impressionam-nos a beleza e a profundidade desse salmo e o bem que ele
transmite quando pronunciado por uma alma fervorosa.
Esse singelo episódio comprova como é importante respeitar
as convicções alheias, sobretudo porque essa é uma das qualidades do Homem de
Bem, conforme Allan Kardec assinalou em um conhecido texto que integra o capítulo
XVII d´ O Evangelho segundo o Espiritismo,
adiante parcialmente reproduzido:
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos,
sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos
seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não
lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo
como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere
com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à
ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a
pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do
Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a
exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra,
por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que
também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo:
"Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado".
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem,
ainda, em
evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem
que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha
incessantemente em
combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no
dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XVII, item 3.)
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