Anjo de redenção
Jésus Gonçalves
Do Céu desceste resplendente e puro
E no santo mistério em que te apagas
Vestiste-me o burel de sânie(1) e
chagas
E algemaste-me a lenho estranho e duro.
Nume solar pairando no monturo,
Terno, escondendo as flores com que afagas,
Ouviste-me, em silêncio, o choro e as pragas,
Doce e invisível no caminho escuro!...
Mas, da cruz de feridas que me deste,
Libertaste meu ser à Luz Celeste,
Onde, sublime e fúlgido, flamejas!
E agora brado, enfim, de alma robusta:
– Deus te abençoe, ó Dor piedosa e justa,
Anjo da redenção! bendito sejas!...
(1) Burel: tecido grosseiro de lã. Sânie: pus ou
matéria purulenta gerada pelas úlceras e chagas não tratadas.
O autor, Jésus
Gonçalves, nasceu em 12 de julho de 1902 na cidade de Borebi, Estado de São
Paulo. Surgindo-lhe os sintomas do Mal de Hansen em 1930, internou-se num
hospital, daí se transferindo para o Asilo Colônia de Pirapitingui, onde
desencarnou em 16 de fevereiro de 1947. Na Colônia conheceu o Espiritismo e
fundou mais tarde um Centro Espírita. O soneto acima, psicografado por Chico
Xavier, integra o Parnaso de Além-Túmulo.
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