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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Um dia... poderá não chegar


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Um dia!
Talvez esse um dia não chegue para o pedido de desculpa; para o tempo agradável com quem se ama; para a admiração do pôr do sol; para um sorvete à tardezinha; para conversas mais despreocupadas e não só com definido objetivo, apenas para estar com quem se quer. Talvez esse dia nunca se aproxime para pensar mais em si próprio e menos na avaliação dos pensamentos alheios; talvez esse um dia para a felicidade esteja bem mais distante do que se imagina, pois é incerto demais para o tempo que se tem.
Essa oportunidade existirá quando o orgulho e o egoísmo forem mais sutis, parecidos com a brisa que sopra na manhã de primavera. Logo, se assim forem, haverá, sim, tempo para amar mais, viver melhor e valorizar a real essência que a vida possui.
E se esse um dia demorar a chegar, outros chegarão com certeza como o dia no qual o grande amor se cansou de esperar e se foi; a amizade que, sem atenção, se distanciou e se desfez; a chuva que não pôde ser apreciada, pois o trabalho compensava muito mais; um abraço demorado que não mais existiu; um sorriso que não quis mais sorrir; a vida, grandiosa, que perdeu o encanto para um coração.
O tempo mais verdadeiro e preciso é o de agora, pois neste exato momento posso dizer “te amo”, posso pedir desculpa, posso declarar “conte comigo”, posso compartilhar minha dor e minha alegria, posso fazer uma oração de profundo agradecimento ou rogar discernimento e sabedoria; neste exato segundo posso querer ser mais amor que qualquer outro tipo de razão... na verdade, posso ser neste exato momento somente amor.
Como não se sabe a hora do regresso, protelar as nobres ações é distanciar da alma o dia mais feliz e mais leve, ou então, pelo fato de se perder oportunidade, sofrer por não haver mais tempo para reparar ações infelizes e impensadas. E algo que insiste demais no sentimento é o que poderia ter feito de bom, mas que o orgulho e o egoísmo não permitiram. E como esse sentimento sobrevive no coração! E como nosso coração, com isso, padece!
Se agora é o presente, também é o tempo mais brilhante para ser melhor do que até este momento se pôde ser. É o tempo que se pode reparar ou compensar uma existência, que se pode amparar uma ou mais vidas.
“Um dia” é quase inexistência pura; é a dúvida; é a probabilidade desvalida; é o sofrimento continuado; é a falta da paz de espírito; é o nada ao invés do tudo; é a consciência do que se precisa realizar, mas não o faz; é a distância fria da felicidade; é a lamúria inconformada que se transforma em doença;é mais o não do que o sim; é o duro coração que não se quer converter em doçura amorosa.
Entretanto, que a reflexão possa ser feita agora, assim como as atitudes no bem, e que a expressão “dia nenhum” seja cada vez mais consolidada para os insensatos sentimentos e atitudes.
“Um dia”, para as ações necessárias e importantes, é quase sinônimo de não se realizar e, consequentemente, favorecer a continuação ou aquisição de um dispensável sofrimento.
Portanto, hoje é o mais precioso tempo, é a oportunidade para uma alma em sua jornada de renovação.

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