JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Hoje
estou muito triste. Quinze dias atrás, cento e trinta irmãos nossos, franceses,
foram cruel e covardemente assassinados sem qualquer chance de defesa. Seu
crime foi o de viver e tentar ser felizes.
Essas
pessoas tinham famílias e projetos de vida em um mundo pacífico, sem guerras,
sem violências, sem fanatismos que deturpam o verdadeiro sentido das religiões:
religar o ser criado ao seu Criador, cujo propósito jamais foi o de exterminar
suas criaturas, ou de lançá-las umas contra as outras, como feras a se
entredevorarem, mas sim o de lhes dar a vida em abundância para serem felizes.
Essas
pessoas eram filhas, eram filhos, eram mães, eram pais e tinham parentes que as
aguardavam em seu lar. Trabalhavam, estudavam, divertiam-se, amavam e eram
amadas. Em suas folgas, buscavam entreter-se sem causar mal algum a seu
próximo. Não tinham inimigos. Não tinham nada a ver com o extremismo religioso
de bárbaros assassinos, desequilibrados mentalmente, que deturpam os
ensinamentos dos verdadeiros profetas de Deus, os quais nos recomendam nos amar
como filhos que somos de um mesmo Pai espiritual, seres eternos que somos,
criados para a perfeição e não para a destruição. Talvez essas vítimas
indefesas nem mesmo tivessem religião, mas eram boas e não faziam mal a ninguém...
Esses
nossos irmãos franceses, assim como milhares de outros cidadãos que morrem
brutalmente assassinados, em especial nos países como o nosso, em que a maioria
da população não tem a mínima proteção do bem maior, a vida, precisam de nossas
orações... e ações. Ações que não sejam meramente retributivas do mal com o
mal, mas sim educativas.
Quem
agride, mesmo sabendo que, por sua vez, será agredido; quem mata, mesmo sabendo
que será morto; quem odeia, mesmo tendo consciência de que será odiado também se
odeia, está enfermo da alma e, portanto, precisa de tratamento psiquiátrico, de
estímulo à própria vida, de esclarecimentos sobre as leis imutáveis que regem
os nossos atos, neste mundo, e sobre as consequências para quem as viola,
quaisquer que sejam as suas justificativas.
Oremos,
portanto, amigos, não somente por essas tristes vítimas barbaramente mortas,
covardemente assassinadas, mas por toda a humanidade. Um dia todos entenderão
que somente a educação de qualidade, o amor, a honestidade e a ação no bem são
as forças indestrutíveis que nos farão felizes para sempre.
Mas
não nos olvidemos de vigiar nossos pensamentos, palavras e atos, além de
recordar sempre o aviso de um jovem galileu a seu discípulo que mais o amava e
que, desembainhando sua espada, cortou a orelha de um dos carrascos do seu
Mestre:
—
Pedro, embainha tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada
morrerão (Mateus, 26:51-52).
Em
outra passagem do seu Evangelho de Amor, lembrou-nos o Cristo que não devemos
temer os que matam o corpo, mas sim Aquele que tem poder para nos lançar no
fogo simbólico do inferno de nossas almas culpadas (Lucas, 12:4-5). Esses
nossos irmãos mal informados que julgam que estarão nos braços de Deus, ao se
destruírem, após fazerem o mesmo com seu próximo, na realidade estão cavando,
para si mesmos, um inferno que, se não é eterno, nem por isso mesmo é menos
terrível, o da consciência culpada.
Homem,
Deus está em tua consciência. Onde teu espírito estiver, ela, ferida por tua
ignorância, repetirá, milhões de vezes, até que o arrependimento do mal que
praticaste se desfaça pela reparação e pelo teu sincero desejo de praticar o
bem:
—
Caim, Caim, que fizeste do teu irmão?!
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